China condena terceiro canadense à morte por narcotráfico
6 de agosto de 2020
Nova sentença ocorre em meio à disputa diplomática entre Pequim e Ottawa. Relações entre Canadá e a China estão estremecidas desde a prisão de executiva da Huawei em Vancouver. China nega relação entre os casos.
O cidadão canadense, identificado em mandarim como Xu Weihong, foi condenado em primeira instância em GuangzhouFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
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Um terceiro cidadão canadense foi condenado à pena de morte na China por produção e tráfico de drogas, anunciou um tribunal chinês nesta quinta-feira (06/08). As relações entre a China e o Canadá estão estremecidas desde a detenção de uma executiva da Huawei em Vancouver, no final de 2018.
O cidadão canadense, identificado como Xu Weihong, foi julgado e condenado em primeira instância pelo Tribunal Intermediário Municipal de Cantão, no extremo sul da China. Ainda segundo comunicado do tribunal, um suposto cúmplice, Wen Guanxiong, foi condenado à prisão perpétua. As sentenças de morte são automaticamente encaminhadas ao mais alto tribunal da China para revisão.
A breve declaração do tribunal cantonês não deu detalhes, mas a mídia local de Guangzhou, o centro da indústria manufatureira da China, relatou que Xu e Wen reuniram ingredientes e ferramentas e começaram a fabricar a droga cetamina em outubro de 2016. O produto final foi armazenado na casa de Xu, no distrito de Haizhou, em Guanzhou.
A polícia confiscou mais de 120 quilos do entorpecente na casa de Xu e em outro endereço, segundo os relatos da imprensa local. A cetamina é um poderoso analgésico que se tornou popular entre os frequentadores de discotecas na China e mundo afora.
As relações entre a China e o Canadá estão estremecidas desde a detenção de Meng Wanzhou, executiva e filha do fundador da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, no aeroporto de Vancouver no final de 2018.
Os Estados Unidos querem a extradição de Meng – a Huawei teria burlado as sanções econômicas impostas ao Irã. Em fevereiro de 2020, Meng foi indiciada pelo Departamento de Justiça dos EUA com as acusações de fraude e roubo de segredos empresarias.
A detenção de Meng – que deixou a prisão após pagar fiança duas semanas após a detenção – enfureceu Pequim, que vê o caso como uma manobra política destinada a impedir a ascensão da China como potência global no setor da tecnologia.
Meng Wanzhou, executiva da Huawei, foi detida no aeroporto de Vancouver em 2018 e os EUA querem sua extradiçãoFoto: Getty Images/AFP/D. MacKinnon
Em aparente retaliação, a China deteve o ex-diplomata canadense Michael Kovrig e o empresário canadense Michael Spavor, acusando-os de vagos crimes contra a segurança nacional.
Logo em seguida, em janeiro de 2019, a China condenou à pena de morte o traficante de drogas canadense Robert Schellenberg em um novo julgamento repentino e, em abril de 2019, outro cidadão canadense identificado com Fan Wei também foi condenado à pena de morte por tráfico multinacional de drogas.
Pequim também impôs restrições a várias exportações canadenses à China, incluindo óleo de semente de canola, em uma aparente tentativa de pressionar Ottawa a liberar Meng.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou não haver conexão entre a sentença de Xu e as conturbadas relações entre Pequim e Ottawa.
"Gostaria de enfatizar que as autoridades judicias da China lidam com o caso relevante de forma independente, em estrita conformidade com a lei e os procedimentos legais chineses", disse Wang numa conferência de imprensa nesta quinta-feira.
Como muitas nações asiáticas, a China aplica penas severas em casos de fabricação e venda de drogas ilícitas, incluindo a pena de morte.
"As sentenças de morte para crimes relacionados com drogas que são extremamente perigosas ajudarão a deter e prevenir tais crimes", alegou Wang. "As autoridades judiciais chinesas tratam os casos envolvendo criminosos de diferentes nacionalidades de acordo com a lei."
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.