Sonda chinesa consegue pousar no lado oculto da Lua
3 de janeiro de 2019
Missão é a primeira a realizar a façanha de descer no hemisfério que não pode ser visto da Terra e revela ambições do programa espacial da China. Sonda realizará experimentos e explorará superfície do satélite.
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A sonda chinesa Chang'e 4 realizou nesta quinta-feira (03/01) o feito inédito de pousar no lado oculto da Lua, na bacia de Aitken, localizada no polo sul do satélite terrestre, informou a Administração Espacial Nacional da China.
A Chang'e 4, que leva o nome da deusa chinesa da Lua, pousou às 10h26 no horário chinês (00h26, horário de Brasília) após ter sido lançada no sábado (29/12) do Centro Espacial de Xichang, no sul do país.
A emissora estatal CCTV afirmou que a sonda já enviou os primeiros sinais através do satélite Queqiao, que incluíam uma imagem do lado escuro da Lua, a região da superfície lunar mais distante da Terra e que não pode ser vista do planeta. O Queqiao, lançado em maio, funciona como um "espelho" que repassa as informações entre a Chang'e 4 e os centros de controle na Terra.
A missão da agência espacial chinesa, considerada um grande marco na exploração espacial, é composta pela sonda e um veículo rover robotizado, com o objetivo de testar o crescimento de plantas e captar sinais de radiofrequência que são normalmente bloqueados pela atmosfera. A iniciativa revela as ambições do programa espacial chinês, que Pequim considera um símbolo do progresso do país.
A China planeja dar início ainda em 2019 à construção de uma estação espacial na Lua, que deverá ter presença permanente de astronautas, e planeja para 2020 o envio de um veículo de exploração a Marte. Também no próximo ano, os chineses deverão enviar a sonda Chang'e 5 que deverá colher amostras de matéria recolhida na Lua e regressar à Terra, algo que não ocorre desde 1976.
Os chineses realizaram até hoje cinco missões tripuladas; a primeira em 2003 e a última delas, em 2013, enviando ao todo dez astronautas (oito homens e duas mulheres). A China planeja ainda para 2030 o envio de seu primeiro astronauta a pisar na Lua.
Com a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) deixando de operar em 2020, a estação lunar chinesa poderá se tornar a única plataforma de exploração espacial em funcionamento. Para 2029, o país prepara o envio de uma missão de exploração para Júpiter.
A primeira tentativa da China de entrar na corrida espacial foi no final dos anos 1950, como resposta ao lançamento do satélite soviético Sputnik 1, o primeiro a entrar na órbita terrestre.
Na época, o líder Mao Tsé-tung encomendou a construção e envio do primeiro satélite chinês, que deveria ficar pronto antes de 1º de outubro de 1959, na ocasião do 10º aniversário da fundação da República Popular da China. A iniciativa acabaria fracassando em razão da falta de experiência do país em tecnologia aeroespacial.
Mais tarde, em abril de 1970, em plena Revolução Cultural, a China conseguiu lançar ao seu primeiro satélite, o Dong Fang Hong ("O leste é vermelho").
RC/efe/lusa/dpa
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Em 20 novembro de 1998 foi enviado ao espaço primeiro módulo para a construção da ISS, e três anos mais tarde a primeira tripulação a ocupava. Uma história de sucesso na cooperação e pesquisa internacionais.
Foto: NASA
"Pedra fundamental" de 19 toneladas
A primeira seção da Estação Espacial Internacional (ISS) a ganhar o espaço sideral, em 20 de novembro de 1998, foi o módulo russo de carga e controle Zarya. Ele pesava mais de 19 mil quilos e media 12 metros. Num exemplo precoce de cooperação internacional, foi encomendado e pago pelos Estados Unidos, mas desenvolvido e construído por uma companhia espacial russa.
Foto: NASA
República para seis
Seis astronautas vivem e trabalham simultaneamente na ISS, enquanto ela atravessa o cosmo a mais de 27 mil quilômetros por hora, completando uma órbita terrestre a cada 90 minutos. Depois da Lua, é o objeto mais luminoso no céu noturno, podendo ser vista a olho nu.
Foto: Reuters/NASA
Expedição número um
Esta foi a primeira tripulação da ISS: o astronauta americano William Shepherd (c) e os russos Yuri Gidzenko (e) e Serguei Krikalev chegaram à estação espacial em 2 de novembro de 2000, permanecendo nela por 136 dias.
Foto: NASA
Um longo ano
Em média, as tripulações permanecem cinco meses e meio na ISS. Dois que aguentaram bem mais tempo foram o astronauta Scott Kelly (foto), da Nasa, e o cosmonauta da Roscosmos Mikhail Kornienko, totalizando um ano inteiro na estação.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Tripulação multinacional
O astronauta canadense Chris Hadfield na ISS, no Natal de 2012. Nos últimos anos, cidadãos de 18 países estiveram a bordo da estação internacional. A maioria veio dos Estados Unidos, seguidos pelos da Rússia. Outros países de origem são Japão, Canadá, Itália, França, Alemanha, Brasil e Reino Unido.
Foto: Reuters/NASA
O único brasileiro
O primeiro – e único – astronauta brasileiro na ISS é Marcos Pontes, que partiu para a estação em 30 de março de 2006 numa nave russa Soyuz e retornou em 8 de abril, numa missão de dez dias no total, sendo oito na ISS. Em 2018, Pontes aceitou convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Ciência e Tecnologia.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/Y. Kochetkov
Ônibus na porta de casa
Tripulantes e suprimentos chegam em ônibus espaciais ou naves de carga. Na foto, acopla-se na ISS o Space Shuttle Atlantis, que esteve operante até 2011. Atualmente todos os astronautas chegam em cápsulas Soyuz, de fabricação russa.
Foto: Getty Images/NASA
Um pouco de ar fresco
Até 2018 realizaram-se 210 excursões ao espaço a partir da ISS. No jargão dos astronautas, esses passeios são chamados EVA, ou "extra-vehicular activity". Em 24 de dezembro de 2013 foi a vez de Mike Hopkins ver a ISS pelo lado de fora.
Foto: Reuters/NASA
Equipamento fora do comum
Diversos braços de robô adornam a ISS. O Canadarm2 mede quase 20 metros e ostenta sete articulações motorizadas. Ele é capaz de levantar até 100 toneladas – ou apenas um astronauta, como, na foto, Stephen Robinson.
Foto: Reuters/NASA
Comunidade de pesquisadores
Os membros da tripulação dedicam cerca de 35 horas por semana a suas pesquisas. O astronauta alemão Alexander Gerst, da Agência Espacial Europeia (ESA), esteve na ISS pela primeira vez em 2014, observando e analisando as alterações sofridas pelo corpo humano em gravidade zero. Sua segunda missão começou em junho de 2018, e desde outubro ele é o primeiro comandante alemão da estação.
Foto: Getty Images/ESA/A. Gerst
Retorno estressante
Quando sua temporada na Estação Espacial Internacional se esgota, os astronautas retornam à Terra em cápsulas Soyuz. O último, emocionante trecho é vencido de paraquedas. Bem-vindos à casa!