China fecha escola que ensinava mulheres a serem submissas
4 de dezembro de 2017
Em curso, alunas aprendiam trabalhos domésticos e eram instruídas a ser obedientes aos homens, não reagir se agredidas e aceitar papel secundário na sociedade. Vídeo de aula viraliza e chama a atenção das autoridades.
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Autoridades na China mandaram fechar uma instituição de ensino na cidade de Fushun, no nordeste do país, que gerou polêmica ao ensinar a mulheres que elas devem ser submissas aos homens e aceitar um papel secundário na sociedade, relatou nesta segunda-feira (04/12) a imprensa chinesa.
A escola, que alegava ensinar "virtudes tradicionais" às estudantes, foi fechada porque violou os "valores fundamentais socialistas", afirmaram as autoridades regionais de educação que tomaram a decisão. As aulas foram promovidas pela escola sem autorização, acrescentaram.
Segundo o jornal Liaoshen Evening News, a instituição oferecia cursos de "moralidade feminina" com duração de sete ou 20 dias. As participantes tinham de acordar às 4h30 todas as manhãs para realizar oito horas de trabalhos domésticos sob a supervisão de seus tutores, informou o veículo.
A reportagem ainda relatou que as alunas eram instruídas a "falar menos e trabalhar mais", além de serem punidas por usar maquiagem ou ter ambições profissionais. Muitas mulheres eram enviadas à escola por seus maridos ou empregadores, e as filhas delas também podiam participar.
O instituto, chamado Escola de Cultura Tradicional de Fushun (em tradução livre), chamou a atenção das autoridades após um vídeo das aulas ter viralizado na internet. Nele, os professores condenam a igualdade de gênero e dizem às alunas que elas devem ser obedientes aos pais e maridos.
Segundo a mídia chinesa, também é dito que "as mulheres não devem se esforçar para ter um papel superior na sociedade, mas sempre permanecer num nível inferior". "Se você pedir comida em vez de cozinhar sozinha, você está desobedecendo às regras femininas", diz um instrutor.
Outro "conselho" dado às estudantes é que elas não revidem caso sejam vítimas de violência, nunca argumentem ou discutam com seus maridos e nem se divorciem. "Não importa o que seu marido peça, sua resposta sempre deve ser: 'Sim, agora mesmo'", afirma um professor no vídeo.
Além dos valores machistas, os docentes ainda levavam à sala de aula teorias fantasiosas com intenção de pôr medo nas estudantes, conta a imprensa chinesa. Um deles aparece nas imagens afirmando que, se uma mulher fizer sexo com mais de três homens, o esperma se torna venenoso e pode matá-la.
Segundo o jornal Global Times, vários funcionários da escola protestaram contra seu fechamento, afirmando que o vídeo controverso, publicado no site Pear Video, não representa de forma correta o trabalho da instituição para promover a cultura tradicional.
As imagens logo geraram revolta e indignação na internet. "Isso é escravidão feminina, e não moralidade feminina", escreveu uma internauta na rede social chinesa Weibo, semelhante ao Twitter, em referência ao nome dos cursos.
A escola foi fundada em 2011 por Kang Jinsheng, que chegou a ser condenado por homicídio há quase 30 anos, antes de se dizer um aficionado pelos "valores tradicionais da cultura chinesa". Desde então, seu instituto já abriu filiais em mais três cidades da China. Autoridades afirmaram que outras escolas similares estão sendo investigadas no país.
EK/afp/ots
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Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.