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China não é mais a parceira comercial número um da Alemanha

10 de maio de 2024

Transformações no comércio mundial afetam também a Alemanha: após oito anos seguidos como sua principal exportadora e importadora, China cedeu lugar no primeiro trimestre de 2024 a uma outra potência: os EUA.

Contêineres no porto de Hamburgo
Porto de Hamburgo: presença chinesa tende a diminuir nos terminais alemãesFoto: Lobeca/RH/IMAGO

A China deixou de ser a principal parceira comercial da Alemanha: os Estados Unidos a ultrapassaram no primeiro trimestre de 2024, segundo cálculos da agência de notícias Reuters, com base em dados oficiais do Departamento Federal de Estatísticas alemão (StBA).

No período de janeiro e março, a soma das importações e exportações dos e para os EUA somou mais de 63 bilhões de euros, enquanto os negócios com a China não chegaram a 60 bilhões de euros. Em 2023, ela tinha sido a número um pelo oitavo ano seguido: o volume sino-alemão acumulado no ano passado foi de 253 bilhões de euros. No entanto, a dianteira em relação aos americanos era de apenas algumas centenas de milhões de euros.

O Instituto da Economia Alemã (IW) registra também uma reorientação de caráter geopolítico por trás desse desdobramento: "distanciamento da rival sistêmica China, aproximação com o parceiro transatlântico", resume o especialista Jürgen Matthes. Outro fator é o fato de o desempenho da economia chinesa estar abaixo do que muitos desejavam, enquanto o dos EUA antes supera as expectativas.

"As exportações alemãs para os EUA cresceram ainda mais, graças à robustez da conjuntura americana, ao passo que caíram tanto as exportações para, quanto as importações da China", explicou à Reuters o economista Vincent Stamer, do Commerzbank.

Razões estruturais igualmente frearam o comércio sino-alemão: "A China subiu ao topo da cadeia de agregação de valor e fabrica, ela própria, produtos cada vez mais complexos, que antes importava da Alemanha. Além disso, as empresas alemãs cada vez mais produzem in loco, em vez de exportar as mercadorias para a China." Tensões geopolíticas, como as reivindicações territoriais de Pequim por Taiwan, podem reforçar ainda mais essa tendência, crê Stamer.

Incerteza em torno de eleições americanas

Também o presidente da Associação Federal do Varejo, Comércio Exterior e Serviços (BGA), Dirk Jandura, detecta um reordenamento do ranking dos mercados mais importantes, mas "está incerto até que ponto ele é duradouro".

"Pois, caso a administração da Casa Branca mude após as eleições presidenciais em novembro, indo mais na direção do isolamento do mercado, esse processo pode cair por terra." Ou seja: se o ex-mandatário Donald Trump conseguir se impor contra o presidente Joe Biden, poderá impor novas tarifas aduaneiras sobre os produtos europeus, como ocorreu no primeiro mandato do republicano.

Jandura completa que há anos cresce a atratividade do mercado americano para as firmas alemãs. A tendência se intensificou nos últimos tempos, sobretudo por o democrata Biden vir impulsionando uma política industrial forte, desde que assumiu o cargo.

A intenção dos EUA era melhorar a produção doméstica de tecnologias críticas, por exemplo de semicondutores ou de baterias para automóveis elétricos. "Isso atrai fortemente nossas empresas e suas cadeias de abastecimento e de agregação de valor, mesmo que siga fazendo enorme falta um acordo de livre comércio entre os EUA e a União Europeia", comentou Jandura.

av (Reuters,DW)

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