País ouviu apelo na COP29 para destinar mais dinheiro ao enfrentamento das mudanças climáticas. Dúvida é se gigante asiático poderia assumir liderança internacional diante do desinteresse pelo tema nos EUA de Trump.
Anúncio
Enquanto a Conferência do Clima da ONU em Baku (COP29) caminhava para um desfecho, as atenções se voltavam para a China. Há esperanças de que o país assuma o vácuo de liderança deixado pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. O americano já avisou que planeja abandonar o Acordo de Paris quando tomar posse do cargo, em janeiro.
Seria "uma grande oportunidade" para a China, dado seu progresso em termos de descarbonização e capacidade de expandir tecnologia em larga escala, avalia Yao Zhe, analista do Greenpeace East Asia.
Atualmente maior emissor de carbono e segunda maior economia do mundo, a China está sendo pressionada a enviar sinais positivos à comunidade internacional, estabelecendo metas de emissão mais ambiciosas e assumindo mais responsabilidade no financiamento climático global.
Economistas estimam que países em desenvolvimento precisarão de 1 trilhão de dólares por ano para reduzir suas emissões e enfrentar eventos climáticos extremos.
Espera-se que essa conta seja paga pelas nações industrializadas que mais contribuíram para o aquecimento global ao longo da história. Mas negociadores dos Estados Unidos, da União Europeia e de alguns países em desenvolvimento presentes na COP29 acham que a China também deveria assumir uma parte dessa responsabilidade.
Apesar de sua pujança econômica, a China ainda é classificada pelas Nações Unidas como país em desenvolvimento.
Anúncio
Por que a China está sendo cobrada a fazer mais pelo clima?
Países em desenvolvimento que têm altos níveis de emissões e podem se comprometer com o financiamento climático internacional deveriam fazê-lo, afirma Rizwana Hasan, conselheira do Ministério do Meio Ambiente do governo interino de Bangladesh. "A China pode contribuir, a Índia pode contribuir até certo ponto", exemplifica.
Mas membros da delegação chinesa na COP29 insistiram em manter contribuições voluntárias. O país, que não se comprometeu com a meta anterior acordada por países desenvolvidos de destinar 100 bilhões de dólares anuais ao financiamento climático, afirma que desde 2016 já gastou cerca de 24,5 bilhões com isso. Também investiu maciçamente em energia solar e eólica, e em carros elétricos.
Para Adonia Ayebare, representante do G77, grupo que inclui países em desenvolvimento e a China, Pequim já contribui com o financiamento climático internacional. "Eles têm os maiores painéis solares do mundo. Eles os produzem, e nós os compramos."
"Eles financiam um monte de projetos fora da China. Hoje, falamos de pelo menos 3 bilhões de dólares por ano", concorda Niklas Höhne, especialista em política climática no New Climate Institute, um think tank sem fins lucrativos.
Reconhecer contribuições já feitas por países como a China poderia ajudar a desbloquear negociações internacionais, avalia Celine Kauffmann, do IDDRI, um instituto que pesquisa políticas públicas para o desenvolvimento sustentável.
China tem peso no cenário global
A China também é pressionada a sinalizar liderança e propor metas climáticas mais ambiciosas por causa do peso de suas emissões de carbono no balanço global, segundo Höhne.
"A China é tão grande. Responde por um quarto das emissões globais de gases estufa. Então, se a China tiver um pico e cair, as emissões globais de gases estufa também terão um pico e cairão", afirma.
O país hoje gera mais ou menos o dobro de emissões dos Estados Unidos, que é o segundo maior poluidor global, e é responsável por 90% do crescimento das emissões de carbono desde 2015.
Países desenvolvidos são convocados pelo Acordo de Paris a assumirem a liderança da ação climática por causa de seu papel desproporcionalmente alto nas emissões históricas. Só que as próprias emissões históricas da China hoje já superaram as da UE, segundo uma análise da organização britânica Carbon Brief.
Por outro lado, a China também é um líder global quando o assunto é investimento e expansão de energia limpa. Em 2023, o país investiu 273 bilhões de dólares no setor – mais ou menos o dobro da Europa, que ficou em segundo lugar.
O país asiático respondeu em 2023 por um terço dos investimentos globais em energias renováveis, segundo a Agência Internacional de Energia, e encomendou no período a mesma quantidade de painéis solares que o mundo inteiro em 2022, além de ter expandido em 66% sua capacidade eólica e responder por quase 60% de todos os novos registros de carros elétricos.
Em setembro de 2020, o presidente chinês Xi Jinping disse que a meta do país era atingir o ápice de suas emissões antes de 2030 e a neutralidade de carbono em 2060.
Em termos de ação climática, a China está na 55ª posição dentre 67 países monitorados pelo Climate Change Performance Index, divulgado nesta semana. Isso porque, apesar de ser um gigante no setor de renováveis e estar prestes a atingir o ápice de suas emissões, o país não tem metas climáticas suficientes e segue muito dependente de combustíveis fósseis, segundo especialistas.
"É por isso que todo mundo está esperançoso que a China possa propor uma meta de redução significativa de emissões até 2030. E eles podem, porque as renováveis estão se expandindo realmente muito, muito rápido na China", afirma Höhne.
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Após tensas negociações, COP29 termina com promessa de US$ 300 bi por ano
Conferência do Clima da ONU em Baku, no Azerbaijão, terminou com promessa de US$ 300 bilhões por ano para países mais afetados por eventos climáticos extremos. Acordo tenso foi costurado na reta final do evento e sob protestos de alguns países (foto). Valor ficou abaixo dos US$ 1,3 trilhão pedidos. Reunião também aprovou regulamentação do mercado de carbono. (23/11)
Foto: Murad Sezer/REUTERS
Putin alerta para mais testes com mísseis
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu mais testes com o míssil hipersônico Oreshnik, disparado um dia antes na cidade de Dnipro, na Ucrânia. Por isso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, apelou para mais sistemas antiaéreos contra as ameaças, que levaram o parlamento da Ucrânia a fechar as portas. Putin também disse que a Rússia deve começar a produção em série da nova arma. (22/11)
Foto: Press Service of the State Emergency Service of Ukraine in Dnipr/picture alliance
PF indicia Bolsonaro e outros 36 por tentativa de golpe de Estado
A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os agentes apontam que Bolsonaro "analisou e alterou" uma minuta de decreto desenhada para não deixar o poder após derrota nas urnas em 2022 e que ele sabia da existência de um plano para executar Lula. (21/11)
Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images
Protesto de agricultores franceses contra acordo UE-Mercosul entra no 3º dia
Agricultores franceses fizeram barricadas, fecharam a fronteira entre a Espanha e a França e jogaram chorume em frente a prédios públicos em protesto contra um possível acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. O CEO do Grupo Carrefour na França, Alexandre Bompard, endossou a manifestação e interrompeu a compra de carne produzida pelos países do bloco sul-americano. (20/11)
Foto: Gaizka Iroz/AFP/Getty Images
PF desbarata complô de militares para matar Lula, Alckmin e Moraes
A Polícia Federal prendeu um membro da corporação e quatro militares ligados às forças especiais do Exército suspeitos de planejarem um golpe de Estado após as eleições de 2022 e de um complô para assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Inquérito envolve ainda o general Braga Netto, ex candidato a vice de Jair Bolsonaro. (19/11)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Líderes do G20 no Rio de Janeiro
Brasil recebe líderes das 20 principais economias do planeta no Rio de Janeiro. Declaração final do encontro defende combate à pobreza, desenvolvimento sustentável, taxação de super-ricos e pede soluções diplomáticas para conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. (18/11)
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
Biden visita a Floresta Amazônica
O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou neste domingo a Manaus na primeira visita à Amazônia de um presidente americano em exercício, antes de seguir para o Rio de Janeiro para a cúpula do G20. Ele visitou uma reserva florestal, encontrou-se com líderes locais e sobrevoou de helicóptero uma parte da floresta e o encontro dos rios Negro e Solimões. (17/11)
Foto: Manuel Balce Ceneta/AP/picture alliance
No G20 Social, Lula defende "jornadas mais equilibradas"
O presidente Lula recebeu neste sábado a declaração final do G20 Social – iniciativa da presidência brasileira do G20 para sistematizar e levar propostas da sociedade civil aos chefes de governo dos países do grupo. Ele aproveitou o evento para se entrar no debate sobre a jornada de trabalho, em evidência após proposição de PEC que acaba com a jornada 6x1. (16/11)
Foto: Daniel Ramalho/AFP
Scholz pede a Putin "paz justa e duradoura" na Ucrânia
Na primeira conversa em quase dois anos, chanceler federal alemão (foto) defendeu negociações para encerrar a guerra, enquanto líder russo insistiu em "novas realidades territoriais" em solo ucraniano. Em entrevista de TV exibida no mesmo dia, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse crer que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos apressará o fim do conflito. (15/11)
Moraes associa atentado suicida em Brasília a "gabinete do ódio" de Bolsonaro
Após Jair Bolsonaro chamar a ação de um homem-bomba em Brasília de "fato isolado", o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu dizendo que o episódio é fruto do clima extremismo que se instalou no país durante o mandato do ex-presidente. Moraes descartou anistia a golpistas: "Pacificação, só com responsabilização de criminosos." A PF apura o caso. (14/11)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Biden dá as boas-vindas a Trump para iniciar a transição
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o atual mandatário, Joe Biden, estiveram reunidos hoje no Salão Oval da Casa Branca inaugurando formalmente a transição para o governo do republicano, que toma posse em 20 de janeiro. Trump enfatizou que "política é difícil" em seu retorno, embora tenha agradecido a Biden por seus esforços para garantir uma transição pacífica. (13/11)
Foto: AP/dpa/picture alliance
Eleições antecipadas à vista
O partido SPD, do chanceler Olaf Scholz, e a sigla de oposição CDU chegaram a um acordo: as eleições antecipadas para o Bundestag (parlamento alemão) serão realizadas em 23 de fevereiro. A decisão veio uma semana depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do neoliberal FDP, que selou o fim da coalizão tripartidária à frente do país, que contava ainda com os verdes. (12/11)
Foto: Fabian Sommer/dpa/picture alliance
Holanda impõe controles de fronteira para barrar ilegais
O governo holandês anunciou a imposição de controles extras em suas fronteiras terrestres para combater a imigração ilegal. "É hora de enfrentar o tráfico de migrantes de maneira concreta", disse ministra holandesa da Migração, Marjolein Faber. Medida tem caráter temporário, de acordo com as normas da União Europeia. (11/11)
Foto: Marcel van Hoorn/ANP/AFP
Ucrânia lança ataque de drones contra Moscou
Bombardeada com um número recorde de 145 drones, a Ucrânia reagiu atacando Moscou com ao menos 34 drones, na mais pesada investida contra a capital russa desde o início da guerra, em 2022. O ataque ucraniano interrompeu o tráfego aéreo em três grandes aeroportos de Moscou e feriu ao menos uma pessoa em um vilarejo nos subúrbios da cidade. (10/11)
Foto: Tatyana Makeyeva/AFP/Getty Images
Ataque suicida deixa mais de 20 mortos no Paquistão
Um ataque suicida executado em uma estação ferroviária da cidade paquistanesa de Quetta, na conturbada província do Baluchistão, deixou pelo mais de 20 mortos e 40 feridosl. O grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) assumiu a responsabilidade em um comunicado divulgado nas redes sociais.(09/11)
Foto: Banaras Khan/AFP/Getty Images
Cúpula da UE termina sob espectro da reeleição de Trump
Líderes da UE prometeram dar novo impulso à economia do bloco europeu ao término da cúpula que reuniu chefes de governo dos 27 Estados-membros na Hungria. Resultado das eleições nos EUA motivou europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. (08/11)
Foto: Mehmet Ali Ozcan/AA/picture alliance
Biden pede união e promete transição pacífica nos EUA
“Você não pode amar seu país somente quando vence. Você não pode amar seu vizinho somente quando concorda. Algo que esperamos que possamos fazer, não importa em quem você votou, é nos vermos não como adversários, mas como concidadãos americanos. Reduzam a temperatura”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso na Casa Branca (07/11)
Foto: Ron Sachs/Pool/CNPZUMA Press Wire/IMAGO
Scholz demite ministro das Finanças e governo alemão fica por um fio
A tríplice coalizão partidária que governa a Alemanha desmoronou após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro. (06/11)
Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Trump derrota Kamala e retorna à Presidência dos EUA
Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, protagonizando um retorno dramático e triunfal à Casa Branca. O republicano derrotou de maneira decisiva sua rival democrata Kamala Harris ao superar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral dos EUA. E, em contraste com sua vitória anterior, em 2016, Trump ainda ficou à frente no voto popular. (06/11)
Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão. Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva e hostilizou as autoridades com gritos de "assassinos". O barro atingiu o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia. (03/11)
Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)