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SaúdeChina

China para de publicar dados da pandemia

25 de dezembro de 2022

Em meio a explosão de casos no país, Comissão Nacional de Saúde da China informa que não publicará mais boletins diários. Empresa de dados estima que doença tem provocado a morte de 5.000 pessoas por dia na China.

China
Pacientes com covid-19 em hospital em Xangai. Sistema de saúde do país está sob enorme pressãoFoto: HECTOR RETAMAL/AFP/Getty Images

A China não publicará mais números diários de casos ou mortes por covid-19, informou a Comissão Nacional de Saúde (NHC) do país neste domingo (25/12). A NHC não forneceu nenhuma explicação para mudança na sua política de divulgação de dados.

"Informações relevantes sobre a covid-19 serão publicadas pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças para referência e pesquisa", disse a comissão em comunicado. O texto também não forneceu detalhes sobre a frequência com que esses dados serão publicados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recebeu nenhum dado da China desde que Pequim aliviou suas restrições no início de dezembro.

5.000 mortes por dia

Em 7 de dezembro, após uma onda de protestos, o governo chinês relaxou sua política rígida de "Covid Zero", que era marcada por lockdowns severos e isolamento compulsório de infectados.

Depois que as regras foram relaxadas, há sinais crescentes de que o país vem passando por uma explosão de novos casos. Crematórios registraram um aumento intenso de atividade e vídeos de hospitais superlotados e à beira do colapso foram divulgados em redes sociais.

No entanto, desde que as restrições foram suspensas, Pequim registrou apenas seis mortes por covid-19, levantando suspeitas de manipulação de dados.

Na semana passada, uma empresa britânica de dados de saúde chamada Airfinity estimou que a China provavelmente está registrando mais de um milhão de infecções e 5.000 mortes por dia.

Apesar dos sinais de aumento acentuado de infecções, o NHC relatou zero mortes por covid-19 na China nos últimos quatro dias consecutivos.

No final de novembro, quando os casos aumentaram repentinamente, o NHC parou de registrar infecções assintomáticas, dificultando a identificação da escala do surto.

As autoridades chinesas também alteraram a definição médica de morte por covid-19, passando apenas a contar mortes causadas por pneumonia ou insuficiência respiratória relacionadas à doença.

Especialistas acreditam que isso foi feito para suprimir o número de mortes atribuíveis ao vírus. O regime chinês tem sido rotineiramente acusado de minimizar a gravidade da situação da pandemia no país.

No entanto, em um raro reconhecimento nesta semana, um alto funcionário da saúde na cidade de Tsingtao disse à mídia que meio milhão de pessoas estão sendo infectadas pelo vírus diariamente.

Sistema de saúde da China sob enorme pressão

Cidades em toda a China vêm relatando falta de remédios e enfermarias hospitalares lotadas.

O sistema de saúde do país está fortemente sobrecarregado, com médicos tendo que trabalhar mesmo doentes. De acordo com a mídia estatal, nas comunidades rurais, médicos aposentados estão sendo chamados para ajudar nos esforços.

Os chineses, que constataram a discrepância entre o nível de contágios e as estatísticas, reagiram ao anúncio sobre a interrupção na divulgação de dados da pandemia com sarcasmo.

"Finalmente acordaram e perceberam que não podem enganar as pessoas com números subestimados", escreveu um cidadão na rede social Weibo. Outra pessoa comemorou a notícia ao afirmar que a comissão "era o maior escritório de fabricação de estatísticas falsas do país". Um terceiro perguntou sobre os funcionários dos crematórios. "Eles estão sobrecarregados? Eles podem falar?".

jps (AFP, ots)