Pequim torna ilegais operações financeiras envolvendo Bitcoin, Ethereum, e outras moedas virtuais. Medida fecha lacunas que ainda permitiam o uso de plataformas estrangeiras.
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O Banco Popular da China declarou nesta sexta-feira (24/09) a ilegalidade de todas as transações financeiras envolvendo criptomoedas como Bitcoin, Ethereum e outras. O regime chinês acusa esses instrumentos de desestabilizarem o sistema financeiro e de serem utilizados em práticas de lavagem de dinheiro e outros crimes.
"Transações de derivados em moedas virtuais são atividades financeiras ilegais e estão estritamente proibidas”, afirmas o Banco Popular chinês, que atua como o banco central do país, em seu website. O valor da Bitcoin despencou mais de 9% nas primeiras horas após o anuncio. O mesmo como ocorreu com outras criptomoedas, as quais não podem ser rastreadas, o que impede que sejam reguladas. O Bitcoin registrou queda de quase 6% nesta sexta-feira após o anúncio chinês.
Os bancos chineses foram proibidos de utilizarem as moedas virtuais em 2013. Mas operadores chineses encontraram lacunas e continuaram a investir em criptomoedas, usando plataformas estrangeiras. Agora, bolsas estrangeiras estão proibidas de fornecer serviços a investidores no país via Internet.
O fato de o governo ter emitido essa alerta este ano sugere que as autoridades estariam preocupadas com a chamada "mineração” das criptomoedas – processo usado para verificar transações entre os usuários em uma rede descentralizada – e sua comercialização, que possivelmente ainda estaria ocorrendo.
Ou ainda, é possível que o sistema financeiro administrado pelo estado esteja indiretamente exposto a riscos. Analistas temem a proliferação de investimentos ilícitos e arrecadação de fundos através dessas moedas na segunda maior economia do mundo, que possui regras rígidas sobre o fluxo de capital.
Os defensores das criptomoedas dizem que elas permitem a anonimidade e flexibilidade, mas os reguladores chineses se preocupam com um possível enfraquecimento do controle sobre o sistema financeiro por parte do regime comunista, além do acobertamento de atividades criminosas.
Em junho, autoridades chinesas afirmaram que mais de mil pessoas já haviam sido presas por usarem os lucros obtidos com crimes para comprar criptomoedas.
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China prepara yuan virtual
O Banco Popular da China desenvolve uma versão virtual da moeda oficial do país, o yuan, para transações sem dinheiro vivo, que possam ser controladas e rastreadas.
Agências reguladoras de outros países alertam com frequência cada vez maior que as criptomoedas exigem maior supervisão. Nos Estados Unidos, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), Gary Gensler, diz que os investidores precisam de mais proteção no mercado das moedas virtuais, que ele diz ser "repleto de fraudes, golpes e abusos”.
A SEC já ganhou na Justiça dezenas de casos contra "criptofraudadores”, mas, segundo Gensler, a agência ainda precisa que o Congresso aprove mais autoridades e financiamentos para regular adequadamente o mercado.
rc (AP, AFP)
Como funcionam bitcoins?
Notícias de gente enriquecendo ou perdendo dinheiro com bitcoins aparecem com frequência. Entenda como surgiu a criptomoeda e como funcionam as transações com ela.
Sem fronteiras
O bitcoin é uma criptomoeda. Ou seja: o meio de pagamento funciona digitalmente, sem moedas e notas físicas, e é baseado em processos criptográficos. O bitcoin está organizado de forma descentralizada e não requer bancos ou bancos centrais. A moeda pode, portanto, ser usada mundialmente e além fronteiras sob as mesmas condições, e não pode ser comparada com qualquer sistema monetário anterior.
Mistério: quem criou?
Em janeiro de 2009, um software de código aberto foi lançado para o bitcoin. O pseudônimo do desenvolvedor era Satoshi Nakamoto. Alguns meses antes, esta pessoa ou grupo havia explicado o funcionamento da moeda digital em um texto público pela primeira vez.
Como obter bitcoins?
Existem diferentes maneiras de obter bitcoins: comprar em uma plataforma de internet (e pagar por elas, por exemplo, com dólares ou euros). Ou aceitar bitcoin como um meio de pagamento por bens ou serviços prestados. Também há como se tornar um "minerador" e "extrair" bitcoins.
Carteira virtual
As criptomoedas são armazenadas em uma carteira virtual. Ela contém chaves, e somente com elas é possível determinar a quem um bitcoin pertence. As chaves também são necessárias para as transações. Uma carteira pode ser armazenada em um smartphone, um computador, um USB ou na nuvem. Sem uma carteira, você não tem acesso a seus bitcoins.
Assim funciona uma transação
Digamos que a pessoa X queira comprar um chapéu de Y e pagar com bitcoin. Ambas devem ter uma chave pública (comparável a um número de conta) e uma chave privada (comparável a um TAN) para uma transação com bitcoin.
Negócios em bloco
Y transmite sua chave pública para X. Ele confirma com sua chave privada e a utiliza para solicitar uma transação. Isso é coletado com várias centenas de outras transações em um bloco (daí o termo "blockchain", que será abordado mais à frente).
Os mineradores
O bloco é distribuído a todos os computadores da rede descentralizada bitcoin. Esses computadores também são chamados de mineradores. Eles verificam e confirmam as transações que vão de uma carteira para outra. Em teoria, qualquer pessoa pode ter seu computador funcionando na rede. Mas a maior parte do trabalho é feita por servidores profissionais.
Corrida entre mineradores
Antes que a transação seja executada, os minadores têm que resolver tarefas criptográficas computacionais para cada bloco. Isso requer potência e placas gráficas poderosas. A mineração funciona como uma competição: vários mineradores tentam decifrar simultaneamente uma "blockchain". Quem for bem-sucedido primeiro recebe novos – ou seja, "recém-minerados" – bitcoins como pagamento.
Uma espécie de colar de pérolas
O bloco de X e Y faz parte de um banco de dados chamado blockchain. As atividades de bitcoin são armazenadas nesse banco descentralizado. A blockchain serve, assim, como o registro de pagamento (ledger) da moeda criptográfica: todas as transações e informações de carteira das partes envolvidas estão contidas nela. Embora tudo isso seja registrado e possa ser visto, os usuários permanecem anônimos.
Onde a mineração é feita
A China tem de longe a maior parte do poder de computação da rede bitcoin (hashrate) e, portanto, seu consumo de energia. Outros países importantes são Estados Unidos, Rússia, Cazaquistão, Irã e Malásia, de acordo com o Índice de Consumo de Eletricidade Bitcoin da Universidade de Cambridge. A mineração só vale a pena onde os preços da eletricidade são baratos.
Enorme apetite energético
O processo intensivo de energia usado para calcular as transações de bitcoin (mineração) requer cerca de 120 terawatts-hora (TWh) por ano, de acordo com o Índice de Consumo de Eletricidade Bitcoin da Universidade de Cambridge. Isso é mais eletricidade do que cada um dos países de cor azul consome em um ano.