País asiático quer reduzir o uso de produtos como talheres e sacolas descartáveis em 30% até 2025. Plano prevê proibições escalonadas em hotéis, restaurantes e serviços de entrega do comércio eletrônico em áreas urbanas.
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As autoridades chinesas aprovaram nesta segunda-feira (20/01) um plano para reduzir drasticamente a utilização de plástico não biodegradável nas principais cidades do país, que inclui também as sacolas plásticas, em um período de cinco anos.
Segundo o Ministério da Ecologia e do Meio Ambiente e a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, o órgão chinês encarregado do planejamento econômico, a proibição deve ser válida para grande parte das áreas urbanas e comunidades costeiras desenvolvidas do país.
Também será proibida a produção e venda de talheres e pratos descartáveis. Os canudos de plástico deverão ser banidos dos restaurantes até o final deste ano. A intenção do governo é reduzir o uso dos produtos de plástico descartável em 30%, até 2025.
Os hotéis de categoria superior serão proibidos de fornecer gratuitamente esses produtos a seus clientes até o final de 2022, podendo apenas vendê-los. Em 2025, essa medida passará a valer para todos os tipos de estabelecimentos como hotéis de categorias simples e hospedarias.
A partir de 2022, os serviços de entrega a domicílio nas principais províncias do país não poderão mais usar embalagens de plástico ou sacolas não biodegradáveis. A medida passará a valer para todas as empresas de comércio eletrônico no país em 2025.
Segundo a ONU, mais de 31 toneladas de plástico são utilizadas diariamente na China, sendo que 74% desse total não são processadas adequadamente. Dos dez rios que transportam mais de 90% do plástico para os oceanos, seis correm parcial ou totalmente através do país.
As medidas para reduzir a poluição na China vêm após décadas de crescimento econômico rápido, com um aumento exponencial de produtos em embalagens plásticas que geram enormes quantidades de lixo. Dados do Banco Mundial afirmam que, em 2017, a China produziu 210 milhões de toneladas de lixo, que poderiam chegar a 500 toneladas por ano até 2030.
Em 2018, a China proibiu a importação de resíduos de plástico não industriais, uma decisão que gerou impacto global, uma vez que o país era o principal importador de plástico para reciclagem, vindo de países mais ricos.
As importações e exportações mundiais de resíduos de plástico dispararam em 1993, aumentando em 800% até 2016. Em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos de plástico, o que representava em torno de 50% das importações mundiais.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.