Medida foi tomada após Taiwan abrir escritório de representação diplomática na capital do país europeu, com aval do governo lituano. Pequim adverte que lituanos devem "corrigir imediatamente os seus erros".
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A China anunciou neste domingo (21/11) que vai reduzir suas relações diplomáticas com a Lituânia ao nível de "encarregado de negócios", um dos mais baixos na escala da diplomacia. A medida ocorre em protesto contra a abertura nesta semana de uma representação de Taiwan na capital do país báltico, Vilnius, um episódio que irritou o regime de Pequim.
"O governo chinês foi forçado a reduzir as relações diplomáticas entre os dois países (...) para salvaguardar a soberania e as normas fundamentais das relações internacionais", indicou o Ministério das Relações Exteriores da China, em comunicado.
A Lituânia mantém relações diplomáticas com a China desde 1991, pouco depois de se ter tornado independente da antiga União Soviética. Apesar de não reconhecer oficialmente Taiwan, Vilnius tem estreitado, nos últimos anos, o relacionamento com o território de 23 milhões de habitantes, governado de forma autônoma desde 1949 e cujo status é contestado pela China.
Pequim ainda instou o país báltico a "corrigir imediatamente os seus erros" e advertiu que Vilnius "não deve subestimar a determinação do povo chinês na defesa da sua soberania" e que as ações do país europeu criam "um mau precedente".
O governo chinês ainda acusou as autoridades lituanas de "ignorarem as declarações chinesas" e de "não estarem conscientes das consequências" da decisão de autorizar a abertura de um gabinete de representação de Taiwan, o que "mina seriamente a soberania e a integridade territorial da China", de acordo com o mesmo comunicado.
Nesta semana, as autoridades de Taiwan indicaram que a representação em Vilnius visa "expandir as relações com a Europa Central e Oriental, especialmente com os países bálticos, e reforçar a cooperação e o intercâmbio em vários domínios".
Taiwan possui outros escritórios de representação na Europa e nos Estados Unidos, mas eles usando usam o nome da capital da ilha, Taipé, evitando uma referência à própria ilha, como forma de evitar irritar os chineses. Já o escritório em Vilnius foi aberto, com aval das autoridades da Lituânia, com o nome da ilha, que também já foi conhecida como Formosa no passado.
Por seu lado, o vice-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Mantas Adomenas, também anunciou a abertura em Taiwan de uma representação lituana, ainda antes do início do próximo ano.
Neste domingo, o governo lituano afirmou lamentar a decisão da China. "A Lituânia reafirma a adesão à política 'Uma China', mas ao mesmo tempo tem o direito de alargar a cooperação com Taiwan", incluindo através do estabelecimento de missões não diplomáticas, indicou, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores lituano.
No ano passado, políticos e figuras públicas lituanos enviaram uma carta assinada ao Presidente lituano, Gitanas Nauseda, em que pediam que o país báltico apoiasse a independência de Taiwan e a admissão da ilha na Assembleia Mundial da Saúde.
Taiwan ou Taipé mantém atualmente relações diplomáticas com Guatemala, Honduras, Vaticano, Haiti, Paraguai, Nicarágua, Suazilândia, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.
jps (Lusa, ots)
O massacre da Praça da Paz Celestial
Autoridades chinesas tentaram censurar todas as fotos ligadas aos eventos de junho de 1989, em Pequim. Mas jornalistas como o fotógrafo Jeff Widener conseguiram captar imagens históricas.
Foto: Jeff Widener/AP
Deusa da Democracia
Enquanto o sol nasce sobre a Praça da Paz Celestial (Tiananmen), em Pequim, em 4 de junho de 1989, manifestantes constroem a "Deusa da Democracia" – uma estátua de dez metros de altura, feita de espuma e papel machê sobre uma armação de metal. Pela manhã, soldados apoiados por tanques e carros blindados derrubam a estátua, posicionada diante do retrato de Mao Tsé-tung na Cidade Proibida.
Foto: Jeff Widener/AP
Uma policial canta
Nos tensos dias anteriores ao massacre ordenado pelo governo chinês, moradores locais deram presentes aos soldados e oficiais de polícia. Militares até entoaram canções patrióticas junto com os manifestantes. Na foto, uma policial canta em voz alta na Praça da Paz Celestial, poucos dias antes de as tropas governamentais retomarem o controle sobre a área e esmagarem o movimento democrático.
Foto: Jeff Widener/AP
Confronto
Uma mulher envolve-se num confronto entre ativistas pró-democracia e soldados do Exército de Libertação Popular, próximo ao Grande Salão do Povo, em 3 de junho, horas antes de uma das mais sangrentas operações de repressão militar do século 20. Naquela mesma noite, o Exército abriu fogo contra civis desarmados e que ocupavam a Praça da Paz Celestial.
Foto: Jeff Widener/AP
Armas apreendidas
Milhares de manifestantes cercam um ônibus em que estão expostas armas apreendidas poucos dias antes. Durante a imposição da lei marcial, soldados e civis executam um jogo de "toma lá, dá cá": por vezes os manifestantes oferecem presentes aos soldados, por outras, as tropas recuam.
Foto: Jeff Widener/AP
Luta pela democracia
Na noite de 3 junho, um grupo de ativistas intercepta um veículo blindado para transporte de pessoal, às portas do Grande Salão do Povo. O carro acabara de atravessar as barricadas erigidas pelos civis, visando deter o avanço dos veículos militares. Ao mesmo tempo, não muito longe dali, soldados preparavam-se para abrir fogo sobre os manifestantes.
Foto: Jeff Widener/AP
Salvo por uma câmera
Na mesma noite, manifestantes atearam fogo a um veículo blindado na Avenida Chang'an, nas proximidades da Praça da Paz Celestial. Esta imagem foi a última feita pelo fotógrafo Jeff Widener, antes de ser atingido no rosto por um tijolo perdido, atirado por um dos ativistas. Embora ele tenha sofrido uma séria concussão, sua câmera de titânio Nikon F3 absorveu o choque, salvando-lhe a vida.
Foto: Jeff Widener/AP
O massacre
Em 4 de junho, após o brutal massacre do movimento democrático liderado por estudantes, um caminhão do Exército de Libertação Popular patrulha a Avenida Chang'an, diante do Beijing Hotel. Naquele mesmo dia, um veículo semelhante, cheio de soldados, disparara contra turistas no saguão desse hotel.
Foto: Jeff Widener/AP
O homem dos tanques
Sozinho, carregando sacolas de compras, um homem caminha pelo centro da Avenida Chang'an, detendo temporariamente o avanço dos tanques chineses, no dia seguinte ao massacre. Um quarto de século mais tarde, o destino desse homem continua um mistério. A imagem tornou-se símbolo dos eventos na Praça da Paz Celestial.
Foto: Jeff Widener/AP
Heróis derrubados
Em 5 de junho, na mesma Avenida Chang'an, um grupo mostra uma foto de ativistas no necrotério local, mortos pelos tiros dos soldados da 38ª divisão, durante a retomada da Praça da Paz Celestial. Os militares usaram balas dundum, que se expandem ao atingir a vítima, causando ferimentos grandes e dolorosos. Segundo dados da Anistia Internacional, foram mortos pelo menos 300 civis.
Foto: Jeff Widener/AP
Varredoras
Duas trabalhadoras varrem em torno dos restos de um ônibus incendiado, na Avenida Chang'an. Os protestos resultaram no incêndio de vários ônibus e veículos militares, matando e ferindo um grande número de soldados.
Foto: Jeff Widener/AP
Protegendo Mao
Ao lado de um tanque, soldados prestam guarda na entrada da Cidade Proibida, na ocupada Praça da Paz Celestial, alguns dias após o fim da revolta liderada pelos estudantes chineses.
Foto: Jeff Widener/AP
Parceiros da fotografia
Os fotógrafos Jeff Widener (esq.) e Liu Heung Shing, ambos da agência de notícias Associated Press, posam diante da Cidade Proibida, em Pequim, no final de maio de 1989, poucos dias antes do massacre da Praça da Paz Celestial.