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China rejeita acusação de Pompeo de genocídio de uigures

20 de janeiro de 2021

Governo chinês rebate acusação feita pelo então secretário de Estado dos EUA em seu último dia de mandato. Declaração de Pompeo acirra ainda mais relações entre os dois países e abre caminho para novas sanções.

Mike Pompeo
"Estamos testemunhando uma tentativa sistemática de destruir os uigures por parte do partido-Estado chinês", disse PompeoFoto: Saul Loeb/REUTERS

A China qualificou nesta quarta-feira (20/01) de "mentiras absurdas e vergonhosas" as acusações do então ainda secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que chamou, nesta terça, a repressão à minoria muçulmana uigur pelo governo chinês de genocídio.

"Nos últimos anos, Mike Pompeo propagou inúmeras mentiras e ideias perniciosas. Esta acusação de um suposto genocídio é apenas uma das suas mentiras absurdas e flagrantes", afirmou uma porta-voz do governo em Pequim.

De acordo com especialistas estrangeiros, mais de 1 milhão de uigures estão ou foram detidos nos chamados "campos de reeducação política" em Xinjiang (noroeste), uma região sob estreita vigilância das forças de segurança chinesas.  

Pequim diz que são centros de treinamento vocacional, destinados a dar-lhes empregos e mantê-los longe do extremismo, após uma série de ataques terroristas atribuídos a separatistas uigures e islâmicos.

Mas organizações internacionais de direitos humanos afirmam que se trata de uma vasta rede de campos de doutrinação política, semelhantes a prisões, onde os detidos estão sujeitos a tortura, trabalhos forçados e esterilização, como parte de um esforço de assimilação numa região que é étnica e culturalmente distinta da maioria han chinesa.

"Penso que esse genocídio ainda está acontecendo e que estamos testemunhando uma tentativa sistemática de destruir os uigures por parte do partido-Estado chinês", disse Pompeo, num comunicado divulgado na terça-feira. 

Biden decidirá sobre sanções

Pompeo também se referiu a "crimes contra a humanidade" cometidos "desde pelo menos março de 2017" pelas autoridades chinesas contra uigures e "outros membros de minorias étnicas e religiosas em Xinjiang".

"Os julgamentos de Nurembergue, no final da Segunda Guerra Mundial, levaram à justiça os autores de crimes contra a humanidade, os mesmos crimes que estão sendo perpetrados em Xinjiang", afirmou Pompeo.

Essa posição dos EUA, no final de um processo judicial interno no Departamento de Estado, abre caminho para novas sanções americanas à China, que agora terão que ser avaliadas pelo novo presidente, Joe Biden.

O ataque de Pompeo foi o último lance no governo Trump de uma disputa política e comercial que deteriorou as relações entre os Estados Unidos e a China ao longo do mandato do presidente cessante.

Um genocídio é o extermínio deliberado e sistemático, total ou parcial, de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

AS/lusa/ap

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