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China vai incluir "Pensamento de Xi Jinping" nas escolas

25 de agosto de 2021

Regime diz que medida visa promover "amor ao país, ao Partido Comunista e ao socialismo". Líder da China desde 2013, Xi relançou culto à personalidade e passou a concentrar poder numa escala não vista desde Mao Tsé-Tung.

China 100. Jahrestag der Kommunistischen Partei
Xi Jinping durante evento que celebrou os 100 anos do Partido Comunista Chinês. Foto: Li Xueren/XinHua/dpa/picture alliance

O Ministério da Educação da China anunciou nesta quarta-feira (25/08) que escolas e universidades vão ter que incorporar nos seus currículos conteúdo sobre "o pensamento político de Xi Jinping", atual presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC), que no momento concentra poder numa escala não vista desde Mao Tsé-Tung,

A diretriz aponta que a medida visa "ajudar os adolescentes a acreditar no marxismo" e cultivá-los com uma "forte base moral, intelectual, física e estética" que lhes permita "formar os seus próprios julgamentos e opiniões políticas".

"As escolas primárias vão ter como foco a promoção do amor ao país, ao PCC e ao socialismo. As escolas secundárias combinarão o estudo com a experiência perceptiva, enquanto as universidades enfatizarão o pensamento teórico", destacou o texto.

O ministério acrescentou que "estudar o pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era é a tarefa mais importante que o PCC e o país têm" e que "é necessário armar as mentes dos estudantes" com essa doutrina.

"Deve ser sintetizado e esclarecido. Devemos também fornecer aos alunos ferramentas para desenvolver o seu espírito de sacrifício, bem como noções para que aprendam tudo relacionado ao conceito de segurança nacional", destacou o texto.

A diretriz também ordena o reforço das "tradições revolucionárias" para "continuar a desenvolver o socialismo com características chinesas", que Xi considerou, em 2021, um "caminho único para a civilização chinesa", que "criou um novo modelo de progresso humano".

Desde que assumiu a liderança da China, entre 2012 e 2013, Xi Jinping atuou para centralizar o comando do país em sua figura, lançando uma nova onda de culto à personalidade. Descrito como um "ditador" e uma figura autoritária por estudiosos e críticos do regime chinês, ele se tornou rapidamente um líderes mais fortes da China desde o fundador do regime comunista, Mao Tsé-Tung (1949-1976).

O "pensamento político" de Xi foi incluído nos estatutos do Partido e na Constituição do país, durante o Congresso do PCC, em outubro de 2017.

No poder, Xi aboliu o limite de mandatos para o seu cargo, criando um organismo com poder equivalente ao executivo para supervisionar a aplicação das suas políticas e promover aliados a posições chave do regime, desmantelando o sistema de "liderança coletiva" cimentado pelos líderes chineses no final dos anos 1970 para evitar a repetição do período sangrento do maoísmo.

Ele também aumentou a projeção da influência internacional da China, com a expansão de projetos como a Nova Rota da Seda.

Internamente, no entanto, ele se destacou por sufocar as liberdades do território semiautônomo de Hong Kong, instalar programas de vigilância em massa da população e por provocar indignação internacional com o aprisionamento de milhares de membros da minoria uigur, numa ação descrita por grupos de defesa dos direitos humanos como "genocídio" ou "crime contra a humanidade".

A pandemia de coronavírus, que foi registrada inicialmente na China, também provocou críticas internacionais sobre falta de transparência do regime.

Desde 2017, milhões de funcionários públicos e membros do PCC têm que ler os discursos de Xi e estudar a sua teoria política, que segundo a imprensa oficial do país, representa uma "contribuição histórica" para o desenvolvimento do PCC e a readaptação do marxismo à China contemporânea.

jps (Lusa, Reuters, ots)

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