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Chipre recorre à Rússia por salvação, mas ajuda é incerta

20 de março de 2013

Rejeição a resgate europeu deixa país à beira da quebra, e representantes do governo continuam em Moscou em busca de auxílio. Putin protela resposta, enquanto cogita-se até concessão de direitos energéticos aos russos.

Foto: ALEXANDER NEMENOV/AFP/Getty Images

Depois que seu Parlamento rejeitou o plano de resgate europeu, os líderes do Chipre procuram desesperadamente por alternativas que possam livrar o país da falência sem sobrecarregar os cidadãos. A Rússia pode ser uma solução, mas sua cooperação não é uma certeza. Nesta quarta-feira (20/03), o ministro das Finanças Michalis Sarris foi recebido com cortesia em Moscou, mas não obteve respostas concretas dos russos.

Sarris reccorreu primeiro ao ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, e depois ao vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov. No entanto, a porta mais importante do Kremlin manteve-se fechada. Após conversar por telefone com o preidente cipriota, Nikos Anastasiades, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que o Chipre terá que continuar negociando com a União Europeia, mesmo que o Parlamento rejeite novamente o plano de resgate.

Na noite desta quarta-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, também desembarcou em Moscou, onde permanece até esta sexta-feira. Os encontros de Durão Barroso na Rússia vão girar também em torno da situação no Chipre.

Durão Barroso: visita a Moscou para debater caso do ChipreFoto: Frederick Florin/AFP/Getty Images

Mesmo com a interferência de Durão Barroso, o fato é que, em Moscou, Sarris ainda não tem nada de cocreto nas mãos. O governo russo não reagiu, por exemplo, ao pedido do Chipre de um empréstimo no valor de 5 bilhões de euros. Além disso, Sarris quer que o prazo para o pagamento de um empréstimo já concedido pela Rússia, no valor de 2,5 bilhões de euros, seja estendido de 4,5 para 5 anos. E que os atuais juros de 4,5% sejam reduzidos.

Oligarcas cogitam comprar bancos falidos

Analistas acreditam que, no fim, a Rússia vai recuar sem conceder qualquer ajuda à ilha mediterrânea. Até agora, há boatos em torno de possíveis concessões de direitos à estatal energética russa Gazprom na costa cipriota. Oligarcas russos discutem ainda a possibilidade de compra de bancos cipriotas falidos.

A Rússia tem, atualmente, grandes chances de se afirmar como ator importante no cenário político internacional, afirma o oligarca Michail Prochorov ao jornal econômico Wedomosti. Segundo ele, o governo russo dispõe de recursos para auxiliar o Chipre. A soma de investimentos russos nos bancos do Chipre é estimada em 27 bilhões de dólares. Analistas acreditam, contudo, que os grandes executivos russos já tenham retirado grande parte do dinheiro que possuíam no país.

Para os russos, o Chipre continua sendo interessante como país de trânsito de recursos financeiros, sobretudo porque, do ponto de vista russo, é facílimo registrar uma empresa em território cipriota, como comenta o jornal Kommersant. Os recursos russos são, em grande parte, guardados também em bancos de Suíça, Luxemburgo e Reino Unido.

BCE: liquidez somente a bancos estáveis

O programa oferecido pela UE "é do melhor interesse do Chipre e dos países-membros da zona do euro", declara Jörg Asmussen, da diretoria do Banco Central Europeu (BCE), ao semanário alemão Die Zeit. Mas o BCE, segundo Asmussen, só pode "garantir liquidez a bancos estáveis" e os bancos cipriotas não serão vistos como tais, caso o país de fato rejeite o pacote de resgate da UE.

Protestos contra crise dos bancos cipriotasFoto: picture-alliance/dpa

A opinião de Asmussen é compartilhada também pelo ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble. "A possibilidade de reabertura dos bancos é crítica", afirmou o ministro à emissora de televisão ZDF. Originalmente, a ideia era que os bancos cipriotas fossem reabertos nesta quinta-feira (21/03), mas isso não deve acontecer, pelo menos, até terça.

A chanceler federal almeã, Angela Merkel, lamentou a rejeição do pacote de auxílio da UE pelo Chipre. Segundo ela, agora é hora de pesar e medir as próximas propostas feitas por Nicósia. Para Merkel, o setor bancário cipriota terá de qualquer forma que arcar com parte das dívidas do país. Uma reunião do Eurogrupo é esperada assim que uma nova proposta seja apresentada pelo Chipre.

SV/dpa/afp/rtr

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