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HistóriaChipre

Chipre relembra 50 anos da invasão turca que dividiu a ilha

20 de julho de 2024

Décadas depois de operação militar turca, reunificação de ilha do Mediterrâneo permanece distante após seguidas negociações fracassadas.

Zona-tampão em Chipre.
Zona-tampão em Chipre. País é o último estado-membro dividido da UEFoto: Sean Gallup/Getty Images

Chipre relembrou neste sábado (20/07) os 50 anos da invasão militar turca que dividiu a ilha mediterrânea em duas - uma separação que ainda permanece décadas depois.

Na parte sul, controlada pela República de Chipre, de maioria grega e membro da UE desde 2004, as sirenes soaram às cinco e meia da manhã, hora local. Foi dessa forma que o governo local decidiu recordar o início, em 1974, da Operação Átila do Exército turco, que conquistou o terço norte do território e forçou o deslocamento de cerca de 40% da população.

Atualmente, uma zona tampão, patrulhada por forças de manutenção da paz das Nações Unidas, cruza a ilha de oeste a leste, com pontos de passagem e postos de controle fronteiriços entre o sul cipriota grego e o norte cipriota ainda controlado pelos turcos.

Reunificação distante

Na parte norte fica a República Turca do Chipre do Norte (RTCN), autoproclamada e reconhecida apenas pelo Estado da Turquia. Nos últimos dias, veteranos cipriotas gregos que lutaram contra a invasão disseram estar pessimistas quanto a uma possível reunificação.

"Já se passaram 50 anos e ainda não há solução ou esperança", disse à agência AFP Demetris Toumazis, que foi levado para a Turquia como prisioneiro de guerra em 1974.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, participar dos eventos de aniversário deste sábado com o presidente cipriota, Nikos Christodoulides. Este último também presidiu pela manhã uma cerimônia em memória dos soldados mortos em um cemitério militar em Nicósia, a última capital dividida do mundo.

Em declarações à imprensa, o presidente considerou que "não há outra opção" além da reunificação.

Pouco antes, o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, de visita à parte norte, onde assistiu a um desfile militar, disse que não parecia adequado retomar as negociações sobre a reunificação sob os auspícios da ONU.

"Acreditamos que uma solução federal não é possível em Chipre. Ninguém está interessado em continuar as negociações que pararam anos atrás na Suíça", onde a última rodada fracassou em 2017, disse Erdogan.

"O lado cipriota turco deve poder sentar-se à mesa com o lado cipriota grego, em igualdade de condições. Estamos prontos para negociar e alcançar uma paz e uma solução duradouras", enfatizou o líder turco.

"Independentemente do que Erdogan e os seus representantes digam ou façam nos territórios ocupados, a Turquia, 50 anos depois, continua responsável pelas violações dos direitos humanos de todo o povo cipriota e pelas violações do direito internacional", respondeu Christodoulides.

A RTCN, que declarou unilateralmente a sua independência em 1983, continua sujeita a um embargo internacional e depende em grande medida da Turquia para a sua sobrevivência econômica.

A invasão turca ocorreu em 1974 após tentativa de golpe de Estado de nacionalistas cipriotas gregos, apoiados pela ditadura militar então no poder em Atenas, que procuravam unir a ilha à Grécia. Uma perspectiva que a comunidade cipriota turca recusou categoricamente.  A Operação Átila foi o culminar de um período conflituoso na ilha, que também foi uma colônia britânica de 1878 a 1960.

UE reitera apoio à reunificação

Ainda neste sábado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou o apoio europeu à reunificação de Chipre, bem como à sua integridade territorial e soberania.

"Neste trágico aniversário e em todos os dias, estamos ao lado de Chipre. Os cipriotas merecem viver num país reunificado em condições de paz, coexistência, estabilidade e prosperidade", afirmou Von Der Leyen numa publicação nas redes sociais. 

Na sua opinião, a questão cipriota é uma questão europeia que as instituições da UE continuarão a abordar a fim de reunificar "o último estado-membro da UE dividido", em conformidade com as resoluções da ONU.

jps (AFP, Lusa, ots)