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Protestos no mundo árabe

20 de novembro de 2011

Líder sírio Assad ignora ultimato da Liga Árabe, mantendo repressão brutal a manifestantes. No Cairo, Praça Tahrir volta a ser palco de confrontos violentos. Protestos fazem vários mortos e feridos em ambos os países.

Protestos em Damasco
Protestos em DamascoFoto: picture-alliance/dpa

Expirou neste domingo (20/11) o ultimato da Liga Árabe para que o presidente da Síria, Bahar al Assad, dê fim à violência contra a população. Porém, o dirigente mantém a resistência. Seu país não se curvará diante pressão internacional: desistir, renunciar ou fugir não são opções para ele e, se necessário, lutará até a morte, afirmou.

Apesar das ameaças de sanções econômicas, segue o combate brutal de Assad aos oposicionistas do regime, segundo ele a fim de impor "o direito e a ordem". "O conflito continuará, e a tentativa de subjugar a Síria continuará", resumiu o líder sírio ao jornal britânico Sunday Times.

Perigo de guerra civil

Os opositores do regime sírio tampouco desistem da luta. Neste domingo, um prédio do partido Baath, de Assad, na capital Damasco, foi atingido por granadas; como se encontrava vazio, não houve vítimas. Por outro lado, pelo menos 13 pessoas teriam sido mortas durante os protestos da véspera, informaram os oposicionistas.

Presidente Assad ignora pressão da Liga ÁrabeFoto: dapd

Segundo as mesmas fontes, 25 civis morreram em conflitos armados da sexta-feira, e outras 140 pessoas teriam sido detidas na província de Idlib, no noroeste sírio. Como praticamente não há jornalistas independentes no país, é muito difícil verificar as informações e notícias sobre os conflitos.

No momento, a filiação da Síria à Liga Árabe está suspensa, fato que Assad classificou como "irrelevante". E foi mais longe: segundo ele, a Liga estaria preparando as bases para uma intervenção militar ocidental em seu país, a exemplo da ocorrida na Líbia de Muammar Kadafi. Assad advertiu quanto às consequências de tal passo: uma ingerência militar seria um terremoto no Oriente Médio e poderia desestabilizar toda a região.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, voltou a alertar sobre o perigo de uma guerra civil na Síria. Em entrevista à emissora de TV NBC, ela afirmou que Assad teria provocado o povo para que este recorresse às armas. Algumas unidades das Forças Armadas também aderiram à oposição, contribuindo para o atual agravamento do conflito.

Calcula-se que 3.500 pesoas já tenham morrido desde o início dos protestos na Síria, em março deste ano. Possivelmente os números reais são bem mais elevados. O regime Assad computa apenas 619 mortos.

Violência e desconfiança no Egito

No Egito, após uma noite de choques com as forças de segurança, centenas de cidadãos retornaram neste domingo à Praça Tahrir, na capital Cairo, exigindo que o governo militar interino entregue o poder a uma administração eleita livremente.

Força bruta estatal contra oposicionistas egípciosFoto: picture-alliance/dpa

A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha. Manifestantes nas proximidades do quartel-general do Ministério do Interior responderam com pedradas. Duas pessoas foram mortas e estima-se que outras 750 tenham ficado feridas.

A Praça Tahrir é o epicentro do levante que provocou a queda do líder autoritário Hosni Mubarak, em fevereiro último. No sábado, a reunião de 5 mil manifestantes no local culminou nos piores choques do país, nos últimos meses. A oposição exige a renúncia do primeiro-ministro em exercício, Essam Sharaf, e do ministro do Interior, Mansour al-Essawi.

Os protestos também se alastraram a outras cidades egípcias. Cerca de 800 pessoas se reuniram diante do diretório de segurança em Alexandria. Na cidade de Suez, no leste do país, mil manifestantes tentaram invadir a delegacia de polícia.

O governo no Cairo apelou à população, pedindo calma e prometendo que "as circunstâncias que levaram aos incidentes" estariam sendo investigadas, e os resultados seriam "apresentados ao povo de forma clara e transparente, dentro de poucos dias". Neste domingo, deverá transcorrer uma reunião governamental de emergência.

Uma eleição em três etapas está marcada para iniciar-se em 28 de novembro próximo. Porém, o pleito foi obscurecido pela disputa em torno de um esboço de Constituição que deixaria as Forças Armadas fora do controle civil. O apoio aos militares em exercício cai à medida que crescem as suspeitas de que sua intenção seja exercer o poder de fato, independente de quem assuma o governo egípcio no futuro.

Milhares reunidos em 19/11/2011 na Praça Tahrir, CairoFoto: picture-alliance/dpa

AV/dpa/dapd/afp/rtr
Revisão: Francis França

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