Christian Kern assume como chanceler federal da Áustria
Alison Langley, de Viena (pv)17 de maio de 2016
Mistura de político e executivo, ex-presidente da empresa ferroviária estatal é visto como dinâmico e tomador de decisões. Ele sucede Werner Faymann, que renunciou por falta de apoio dentro do próprio partido.
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O executivo Christian Kern, de 50 anos, assumiu nesta terça-feira (17/05), em Viena, como novo chanceler federal da Áustria. Pouco antes, ele havia sido eleito por unanimidade para a presidência do Partido Social-Democrata (SPÖ). Em ambos os cargos, o até então presidente da empresa ferroviária estatal ÖBB sucede o ex-chanceler Werner Faymann, que renunciou na semana passada, alegando falta de apoio dentro do próprio partido.
A renúncia foi atribuída sobretudoao resultado do primeiro turno da eleição presidencial, em abril. Na ocasião, o candidato do SPÖ recebeu apenas 11% dos votos. O vencedor foi Norbert Hofer, da legenda populista de direita Partido da Liberdade (FPÖ), que baseou sua campanha num discurso anti-imigração. Ele segue na frente nas pesquisas eleitorais.
Apoio dentro do partido
Kern estava na chefia da empresa ferroviária estatal ÖBB desde 2010. Antes disso, ocupou diversos cargos na companhia energética semiestatal Verbund. No entanto, Kern não é um desconhecido no cenário político austríaco, já tendo sido porta-voz da bancada social-democrata no Parlamento. Ele conhece os bastidores do Partido Social-Democrata, do qual é membro há 32 anos, e recebeu apoio público de vários membros da agremiação.
O líder sindical e parlamentar Josef Muchitsch – que pressionou pela renúncia de Faymann – declarou apoio a Kern. "Ele chega ao cenário político sem ingerências externas. Ele pode reconstruir o partido, mostra iniciativa e está disposto a tomar decisões", afirmou Muchitsch. "Ele é do tipo que faz as coisas acontecerem."
O chefe da poderosa Federação dos Sindicatos Austríacos, Erich Foglar, afirmou que Kern tem as habilidades necessárias para os cargos. O novo chanceler federal austríaco recebeu também o apoio da presidente da organização juvenil do Partido Social-Democrata, Katrin Walch, que disse acreditar que ele pode "dar um ar novo ao partido".
Críticas do FPÖ
Kern é citado numa ação judicial do FPÖ por sua responsabilidade no transporte de migrantes através da Áustria, no auge da crise de refugiados de 2015. O partido o acusa de ter usado sua posição de presidente da ÖBB para, a mando do governo, permitir que pessoas sem registro ou controle viajassem pelo país. Para o FPÖ, isso configura tráfico humano.
O presidente do FPÖ, Heinz-Christian Strache, disse que a nomeação de Kern é "decepcionante". Segundo ele, Kern no lugar de Faymann é "mais do mesmo".
O conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), parceiro de coalizão do SPÖ, impôs condições para a continuidade da aliança: o sucessor de Faymann deve endurecer a lei de refúgio, limitar o acesso de migrantes a benefícios sociais e desregulamentar a economia.
No entanto, adotar um curso político mais duro em relação à crise migratória pode ser algo difícil para Kern. A ala jovem de seu partido exige uma abordagem mais inclusiva. Já Muchitsch chamou a insistência do ÖVP de oportunismo e disse que não haverá mudanças rápidas.
Em uma semana, os austríacos irão às urnas para escolher seu novo presidente. No segundo turno estão Hofer, do Partido da Liberdade, e Alexander Van der Bellen, ex-membro do Partido Verde que entrou na corrida presidencial como candidato independente.
A bordo de um navio militar alemão no Mediterrâneo
O "Frankfurt am Main" navega nas águas do Mar Mediterrâneo desde janeiro. Auxilia no resgate de refugiados a caminho da Europa e serve de apoio a outros navios. A DW África viajou na embarcação.
Foto: DW/D. Pelz
Missão delicada
O maior navio da Marinha alemã, o "Frankfurt am Main", prepara-se para levantar âncora. Os militares têm em mãos uma missão delicada no Mar Mediterrâneo, no âmbito da operação naval europeia "Sofia": travar a migração ilegal para a Europa, apanhar os "passadores" e resgatar os refugiados que naufragam.
Foto: DW/D. Pelz
Visão periférica
O navio funciona 24 sobre 24 horas. Os militares revezam-se nos turnos. Na ponte de comando, monitorizam o mar envolvente com a ajuda do radar. Os objetos que aparecem no monitor não são só embarcações de refugiados. Há muitos navios comerciais e de cruzeiro que navegam no Mediterrâneo. O "Frankfurt am Main" cruza-se também frequentemente com outras embarcações da operação "Sofia".
Foto: DW/D. Pelz
Saúde a bordo
O mar está demasiado agitado - os refugiados não se costumam fazer ao Mediterrâneo com este tempo. A tripulação dedica-se, por isso, a outras tarefas. A paramédica Shanice S. conduz um teste auditivo de rotina a um soldado. Os tripulantes fazem exames médicos regularmente. É possível inclusive realizar operações no hospital de bordo. Também há um dentista no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Médicos, padeiros e padre a bordo…
Andreas Schmekel (à dir.) comanda mais de 200 pessoas no navio. A bordo seguem marinheiros, médicos, cozinheiros, padeiros e um padre. A maioria dos tripulantes passa vários meses no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Sempre alerta
Os tripulantes têm de estar preparados para resgatar refugiados que entrem em apuros. Por isso, o técnico Jan S. testa as lâmpadas num dos contentores na proa. É para aqui que os refugiados são levados inicialmente. É aqui que são revistados pelos militares e que se avalia o seu estado de saúde. Quando centenas de refugiados sobem a bordo ao mesmo tempo, o processo pode demorar um dia inteiro.
Foto: DW/D. Pelz
Dia-a-dia dos militares
Se não há náufragos a bordo, os militares continuam os seus treinos regulares, incluindo de tiro, mesmo que a missão no Mediterrâneo não preveja o uso de armas de fogo. Também são testados o combate a incêndios ou a prontidão da resposta face a possíveis vazamentos no navio. Em caso de emergência, cada decisão e gesto é crucial.
Foto: DW/D. Pelz
Tudo em ordem e pratos limpos
Além dos turnos de vigia e dos treinos também é preciso limpar o navio e preparar a comida. Todos os dias, durante uma hora, os militares limpam todos os quatro cantos do navio - desde a bússola aos corrimões. Sobra pouco tempo livre.
Foto: DW/D. Pelz
Visita de vizinhos
Os vizinhos também fazem visitas no Mar Mediterrâneo. A fragata alemã "Karlsruhe" e o porta-aviões italiano "Cavour" realizam um exercício em conjunto com o navio "Frankfurt am Main". É preciso concentração máxima ao leme. Esta é uma manobra difícil.
Foto: DW/D. Pelz
Um armazém flutuante
O "Frankfurt am Main" costuma servir de apoio a embarcações mais pequenas, fornecendo combustível e água. Feridos podem ser tratados no hospital de bordo. Agora, uma parte do navio é utilizada para acolher refugiados que naufragam e que são, depois, transportados para o porto mais próximo ou transferidos para outro navio.
Foto: DW/D. Pelz
Posto de gasolina em alto mar
A fragata espanhola "Numancia" abastece no "Frankfurt am Main". É uma manobra complicada pois as embarcações navegam a uma velocidade de 20 km/h. Os navios têm de se manter à mesma distância durante a operação. Abastecer em alto mar chega a durar mais de uma hora.
Foto: DW/D. Pelz
Saudades
Este placard serve de motivação aos marinheiros, indicando os dias que faltam para o regresso a casa. Em alto mar os telemóveis não têm rede. Mas, a cada duas semanas, o navio atraca num porto do Mediterrâneo – é uma oportunidade para reabastecer a embarcação e dar aos militares a oportunidade de se recuperarem da vida a bordo.