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Christian Petzold: o cineasta da solidão

Bernd Sobolla (rsr)24 de novembro de 2005

Histórias de seres solitários o fizeram famoso e premiado. Petzold apresenta um novo olhar sobre a desilusão e a melancolia. Realismo puro.

Petzold: tudo graças a Hitchcock e TruffautFoto: AP

Christian Petzold pertence a um grupo seleto de diretores alemães. Com Die innere Sicherheit (O Estado em Que Me Encontro), ele conquistou, em 2001, o prêmio de melhor filme do ano do cinema alemão. Outros trabalhos como Toter Mann (O Homem Morto) e Wolfsburg, realizados na seqüência, foram festejados pela crítica.

Neste ano, o filme Gespenster (Fantasmas) foi muito bem recebido durante a Berlinale. Característicos em suas películas são os diálogos curtos, a solidão dos protagonistas e a redução a poucos personagens – geralmente dois ou três.

Motivações pessoais

Cena do filme 'Fantasmas' (2004)Foto: Internationale Filmfestspiele Berlin

A produção mais recente de Petzold, Gespenster, conta a história de uma mulher que acredita reconhecer em uma mendiga a própria filha, seqüestrada anos antes nas ruas de Berlim. Com essa temática, o cineasta apresenta sua visão peculiar do mundo. São pessoas desiludidas, que se comunicam mas não se entendem, mentirosas para si mesmas e para os outros.

"Acredito que pessoas que de alguma forma são criminosas – e assim são todos os protagonistas dos meus filmes

– ou que têm uma existência duvidosa ou uma falsa identidade, mentem naturalmente", explica. "Mas são nestas mentiras que elas informam quais são seus anseios. É isso que me interessa."

Onde tudo começou

Um dos grandes acontecimentos na vida de Christian Petzold, nascido em Hahn, uma pequena cidade no Estado da Renânia do Norte-Vesfália, foi quando sua mãe recebeu sem querer de um Clube de Leitura um livro sobre Alfred Hitchcock, escrito por François Truffaut.

A leitura ávida da obra rendeu frutos. "Foi uma forma de iniciação ao cinema", confessa. Pouco tempo depois, Petzold passou a presidir um clube de cinema e escreveu sua primeira crítica em um jornal especializado.

Cartaz de 'O Estado em Que Me Encontro', eleito Melhor Filme de 2001

Sua ida para Berlim em 1981 para estudar Letras se resumiu, entre outras atividades, a freqüentes sessões de cinema. O interesse pela sétima arte já era grande."Eu tinha a sensação de que aos 22 ou 23 anos de idade ainda não dava para fazer filmes", confessa. "Pelo menos, eu. Outros talvez conseguissem", explica Petzold.

Por fim, o cineasta concluiu seus estudos na Academia Alemã de Cinema e Televisão. Depois de cinco filmes para a televisão, Petzold estreou no cinema com Die innerere Sicherheit, que conta a história de uma menina cujos pais, ex-terroristas, tentam voltar à vida normal.

Continuidade do trabalho

Christian trabalha geralmente com o mesmo câmera, Hanns Fromm, a mesma equipe de montagem (Bettina Böhle) e assessoria (Harun Farocki). O trio atuou também na última produção, Gespenster, que o cineasta caracteriza como "uma história melancólica".

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