Ciência pode ter desvendado milagre descrito na Bíblia
8 de novembro de 2024
Fenômeno natural ocorrido no Mar da Galileia que empurra um grande número de peixes em direção à costa pode explicar a pesca milagrosa.
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Um grupo de cientistas forneceu uma possível explicação para os relatos bíblicos da "pesca milagrosa" e da "multiplicação dos pães e peixes", dois eventos que teriam ocorrido no Mar da Galileia, também conhecido como lago de Genesaré, em Israel.
Na narrativa dos evangelhos, Jesus é o autor desses dois milagres impressionantes. Na história sobre a multiplicação de alimentos, Jesus satisfez 5 mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixes.
Na história da pesca milagrosa, pescadores voltaram de uma noite de trabalho com as redes vazias. Quando se resignaram, Jesus lhes disse para tentar uma última vez, o que resultou em uma volumosa pescaria.
Em um estudo publicado no fim de outubro na revista Water Resources Research, pesquisadores sugerem que um fenômeno incomum causado pelo vento, temperatura e ondas pode ter levado o grande cardume em direção à costa, facilitando a captura.
Para chegar a essa conclusão, os especialistas estudaram a alta mortandade de peixes ocorrida no Mar da Galileia em 2012, que ocorreu devido a um fenômeno chamado seicha, que faz com que a água fria e anóxica (pobre em oxigênio) suba das profundezas do lago para a superfície.
Ondas de tamanho significativo são geradas por mudanças de temperatura e ventos intensos que causam um acúmulo maciço de peixes na margem do lago, limitando sua capacidade de se mover e respirar, causando sua morte em massa.
Pode ter ocorrido há cerca de 2 mil anos
Os pesquisadores veem uma ligação entre as histórias bíblicas que relatam capturas milagrosas nas margens do lago e o fenômeno de alta mortalidade de peixes que ocorreu em 2012.
"Hoje, os eventos de mortandade de peixes ocorrem no mesmo local do lago onde o milagre bíblico dos pães e peixes e, presumivelmente, a pesca milagrosa ocorreram dois milênios antes do presente", escreve a equipe em seu estudo.
Isso "pode explicar a ocorrência de grandes quantidades de peixes fáceis de coletar perto da margem descrita nos relatos bíblicos", acrescentam.
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Modelo para prevenir fenômeno
Um modelo tridimensional mostrou como o fenômeno ocorre, quando o vento cria uma inclinação na termoclina – camada de água de transição em trecho que há mudança brusca de temperatura – e empurra a água fria e anóxica em direção à costa por várias horas, em faixas de até 1,5 quilômetro, prendendo os peixes em um ambiente carente de oxigênio.
O modelo possibilita ainda que cientistas antecipem com muita precisão e evitem esses eventos, que causam alta mortalidade de peixes e poderiam ser intensificados pelos efeitos da mudança climática.
Os autores não afirmam definitivamente que foi exatamente isso que aconteceu nas histórias de Jesus na Bíblia, mas consideram possível que esses eventos descritos como milagres possam ter ocorrido há cerca de 2 mil anos, às margens do Mar da Galileia.
md/cn (DW)
Fenômenos climáticos na arte
Não há como ignorar o clima. Faça sol ou faça chuva, ele está sempre à nossa volta. Uma exposição em Bonn mostra como a cultura incorporou o clima e como a arte o retrata desde a Antiguidade.
Foto: bpk/RMN - Grand Palais/Gabriel Loppé
Classificação de nuvens
Desde 1802, as nuvens são enumeradas e classificadas de forma sistemática em um catálogo criado pelo naturalista inglês Luke Howard. Impressionado com o tema, o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe escreveu uma poesia sobre a formação das nuvens. O pintor inglês John Constable, que se considerava um especialista em nuvens, pintou suas observações sobre a vista de Salisbury (na foto).
Foto: Victoria and Albert Museum London
A cruz com o Sol
Como será o tempo amanhã e nos próximos dias? Há séculos, a humanidade se faz essa pergunta. Este relógio solar em forma de cruz é do século 17. Os relógios solares eram usados já na Antiguidade.
Foto: KHM-Museumsverband
Contraste entre céu e água
A mostra no museu Bundeskunsthalle de Bonn questiona até que ponto catástrofes e fenômenos climáticos influenciam não só o meio ambiente como também a cultura. O pintor inglês de paisagens William Turner tinha grande interesse pelos fenômenos atmosféricos, tanto que o contraste entre céu e as águas do rio Tâmisa em Londres foram um tema constante em suas pinturas, como neste quadro de 1795.
Foto: Tate London
Neblina escocesa
O francês Jean-Bruno Gassies pintou essa paisagem montanhosa da Escócia em 1826. A névoa era um tema muito recorrente entre os pintores românticos para imprimir um certo clima de mistério em seus trabalhos. A veneração da natureza indicava também um forte anseio pela espiritualidade e pela religiosidade.
Foto: bpk/RMN - Grand Palais/Jean Schormans
Impressionistas e o clima
O francês Louis Eugène Boudin foi um precursor do Impressionismo. Nos anos de 1890, pintou a praia de Trouville na costa atlântica francesa. Um dos primeiros paisagistas a pintar ao ar livre, era também considerado o "rei do céu", porque transpunha magistralmente as belezas do céu para as telas. Nesta pintura, o mar encontra-se tranquilo, apesar da ameaçadora tormenta que se anuncia.
Foto: The National Gallery London
Aviso de névoa
Esse instrumento de sinalização sonora ("foghorn", corneta de neblina) é importante na navegação marítima. A mistura entre clarinete e trompete serve para alertar outras embarcações sobre neblina. Essa sirene de Lefèbre (foto) foi utilizada pela primeira vez em 1877 na costa norte da Holanda.
Foto: Rijksmuseum Amsterdam
Paisagem ameaçadora
Além de provocar medo, uma tempestade também pode ter seu lado belo. Com o surgimento da fotografia, as observações meteorológicas tornaram-se mais precisas. As tomadas fotográficas de paisagens foram igualmente incorporadas por pintores em favor da arte. O americano Albert Bierstadt, por exemplo, concentrou-se no efeito dramático da luz em seu quadro intitulado "Chegada da tempestade", de 1891.
Foto: Museumsverbund Nordfriesland/Sönke Ehlert
Um símbolo é atingido
Em 1889, graças a sua altura, a Torre Eiffel era estratégica para a transmissão de dados meteorológicos. Cerca de 350 estações em todo o mundo, inclusive na África, recebiam as informações transmitidas de Paris. Esta foto de 1902 mostra o momento exato em que a torre é atingida por um raio, mas ele não provocou dano algum ao símbolo absoluto da capital francesa.