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Cidade alemã remove estátua de Erdogan após polêmica

29 de agosto de 2018

Parte de bienal de arte, escultura surpreendeu residentes de Wiesbaden e gerou discussões acaloradas entre apoiadores e críticos do presidente turco na cidade. Por temer insegurança, prefeitura retira obra controversa.

Estátua de Erdogan em Wiesbaden
Bombeiros removeram a estátua de quatro metros na madrugada desta quarta-feiraFoto: picture-alliance/dpa/S. Stenzel

A cidade de Wiesbaden, no sudoeste da Alemanha, removeu nesta quarta-feira (29/08) a estátua dourada de quatro metros de altura do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, depois de sua instalação ter gerado um conflito entre apoiadores e críticos do líder turco.

"Em coordenação com a polícia estadual, o prefeito Sven Gerich decidiu mandar retirar a estátua, uma vez que a segurança não pode mais ser garantida", afirmou a administração da cidade em mensagem no Twitter.

A escultura, coberta de pichações ofensivas, foi removida por cerca de 15 bombeiros com a ajuda de um guindaste pouco depois da meia-noite (horário local). Um vídeo publicado pela polícia local, também no Twitter, mostra a operação durante a madrugada.

A efígie instalada na segunda-feira na Platz der Deutschen Einheit (Praça da Unidade Alemã), no centro da cidade, retratava Erdogan com o braço direito erguido – uma pose que lembra a da famosa estátua do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, derrubada pelas forças militares americanas em 2003, durante a invasão do Iraque.

A obra polêmica – recebida com surpresa e perplexidade por grande parte dos moradores da cidade alemã – fazia parte da Bienal de Arte Contemporânea de Wiesbaden, cuja edição atual ocorre sob o lema "Más notícias".

"Recebemos ligações telefônicas de uma série de cidadãos perplexos – não está claro para a população que [a estátua] faz parte da Bienal", disse um porta-voz da cidade na terça-feira.

Segundo o funcionário, a escultura foi erguida sem o conhecimento das autoridades municipais. O jornal local Wiesbadener Kurier noticiou que o município autorizou a instalação, mas não sabia que o presidente turco seria a personalidade representada.

Uwe Eric Laufenberg, diretor da bienal, defendeu a obra como um exemplo de liberdade de expressão. "Erigimos a estátua a fim de discutir Erdogan. A arte está aí para refletir a realidade", disse. "Embora não seja fácil de entender, numa democracia todas as opiniões têm de ser toleradas."

A pose de Erdogan lembrava estátua do ex-ditador iraquiano Sadam Hussein derrubada em 2003Foto: picture alliance/dpa/A. Dedert

O monumento acabou levando, na noite de terça-feira, apoiadores e opositores de Erdogan à praça central, onde os grupos teriam trocado ataques verbais. Segundo um porta-voz da polícia, a "atmosfera era agressiva", mas não foram registrados atos de violência.

Citando uma autoridade municipal, o Wiesbadener Kurier afirmou, por outro lado, que houve relatos de ataques físicos entre os presentes e que "objetos afiados foram vistos". Cerca de 300 pessoas chegaram a ocupar a praça durante a noite, de acordo com o jornal.

O incidente em torno da estátua ocorre um mês antes de uma visita oficial de Erdogan a Berlim. Muitos alemães se opõem à visita do presidente turco devido às suas tendências autoritárias e tentativas de conquistar apoio político entre a numerosa minoria turca da Alemanha. Estima-se que cerca de três milhões de pessoas de ascendência turca morem no país.

Cem Özdemir, líder do oposicionista Partido Verde da Alemanha e descendente de turcos, disse em julho que Erdogan transformou a Turquia "numa espécie de Turcomenistão ou Azerbaijão, com censura, despotismo, nepotismo e autocracia".

EK/dpa/afp/rtr/ots

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