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Cidades alemãs querem acolher refugiados de Moria

11 de setembro de 2020

Prefeitos de dez cidades pedem ao governo Merkel que permita entrada de migrantes desabrigados após incêndios em campo na Grécia. Ministro do Interior diz que país receberá apenas 150 menores desacompanhados.

Refugiados deitados no chão na beira de estrada em Lesbos, na Grécia
Migrantes já passaram três noites desabrigados, após incêndios destruírem maior campo de refugiados da EuropaFoto: AFP/L. Gouliamaki

Em carta conjunta ao governo federal da Alemanha, prefeitos de dez grandes cidades do país se mostraram dispostos a receber refugiados que ficaram desabrigados após incêndios destruírem o campo de migrantes de Moria, na ilha grega de Lesbos, nesta semana.

Segundo informou a imprensa alemã nesta sexta-feira (11/09), o documento inclui apelos para que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o ministro do Interior, Horst Seehofer, abram caminho para permitir o acolhimento dessas pessoas pelas cidades.

A carta foi assinada pelos prefeitos de Bielefeld, Colônia, Düsseldorf, Freiburg, Giessen, Göttingen, Hannover, Krefeld, Oldenburg e Potsdam. Com a iniciativa, eles visam "fazer uma contribuição humanitária para a acomodação de pessoas que buscam proteção na Europa".

Ao mesmo tempo, os líderes municipais se disseram "consternados com o fato de que a União Europeia, apesar dos vários alertas, não foi capaz de evitar essa escalada em Moria, e que persistem as condições desumanas nos campos nas fronteiras externas da Europa".

Municípios e estados alemães não têm autoridade para acolher refugiados por decisão própria, precisando assim do consentimento do governo federal. Mas Berlim tem evitado tomar uma decisão em nível nacional sobre os migrantes de Moria, enquanto tenta traçar uma iniciativa conjunta com outros países da União Europeia (UE).

Sob forte pressão política interna, Seehofer anunciou nesta sexta-feira um acordo entre dez nações europeias, incluindo Alemanha e França, para acolher 400 menores desacompanhados do campo incendiado em Lesbos.

A Alemanha deve receber entre 100 e 150 menores, enquanto a França se comprometeu a acolher o mesmo número. Segundo o ministro alemão, os números exatos serão divulgados assim que as negociações com todos os países participantes forem concluídas.

Seehofer também disse que a Grécia repassou propostas sobre como a Alemanha pode ajudar os migrantes desabrigados em Lesbos. E o governo em Berlim deve manter conversações com organizações humanitárias alemãs sobre como fornecer assistência a esses refugiados.

Novo pacto migratório europeu

O anúncio foi feito em entrevista ao lado do comissário europeu para Promoção do Modo de Vida Europeu, o grego Margaritis Schinas, que declarou que o desastre na Grécia traz uma nova urgência ao bloco europeu por uma reforma em suas políticas migratórias.

"Moria é uma forte lembrança para todos nós sobre o que precisamos mudar na Europa", disse Schinas, por teleconferência, confirmando que a Comissão Europeia apresentará propostas para um novo pacto sobre migração e refúgio em 30 de setembro.

Muitos refugiados estão às margens de uma rodovia nas proximidades do campoFoto: picture-alliance/AP/P. Giannakouris

O acordo deve estabelecer medidas de gerenciamento ao longo de toda a rota migratória, desde os países de origem e de trânsito às nações que receberão os refugiados na UE.

Em entrevista à DW, a comissária de Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson, disse estar otimista de que todos os países-membros do bloco apoiarão o novo pacto.

"Passei muito tempo conversando com Estados-membros, parlamentos e outras partes interessadas, e eu acho que podemos apresentar propostas holísticas que podem ser aceitas por todos os Estados-membros", afirmou Johansson.

O incêndio em Lesbos

Mais de 12 mil migrantes, incluindo aproximadamente 4 mil crianças, viviam no campo de refugiados de Moria, o maior da Europa. Dois incêndios destruíram o local entre terça e quarta-feira e deixaram milhares de refugiados desamparados.

Os migrantes passaram agora a terceira noite dormindo ao ar livre sem qualquer tipo de abrigo, a maioria ao longo de uma rodovia que liga o antigo campo ao porto da cidade mais próxima, Mitilene, a sete quilômetros do centro de acolhimento, mas também em estacionamentos ou postos de gasolina.

"Perdemos tudo. Estamos sozinhos, sem água nem medicamentos", lamentou Fatma al-Hani, refugiada síria que se encontra na estrada com uma filha de 2 anos.

Enquanto isso, aumenta a revolta entre os migrantes desamparados, que passaram a realizar protestos contra as condições degradantes. Batendo palmas e entoando canções, milhares de refugiados se reuniram nesta sexta-feira para exigir que sejam autorizados a deixar a ilha e acolhidos por outros países. A fim de controlar os atos e impedir que os refugiados cheguem ao porto de Mitilene, a Grécia reforçou a presença policial no local.

Também nesta sexta-feira, forças de segurança gregas chegaram em massa à ilha de Lesbos para ajudar a construir um novo abrigo substituto para os milhares de migrantes.

Segundo a agência da ONU para refugiados (Acnur), cerca de 11,5 mil requerentes de refúgio, incluindo 2.200 mulheres e 4.000 crianças, ficaram sem abrigo adequado após os incêndios no campo de Moria.

EK/afp/ap/dpa/lusa/epd/dw

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