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SaúdeChina

Cidades chinesas aliviam restrições anticovid após protestos

4 de dezembro de 2022

Manifestações inéditas na era Xi Jinping levam autoridades a relaxar algumas das medidas. Controversa política de "covid zero" será mantida, em meio a preocupações com a baixa vacinação em algumas faixas etárias.

Casal de ciclistas em Pequim observa edifícios modernos e um viaduto envoltos por neblina e smog.
Pequim e outras cidades do país anunciaram o relacamento de medidas para cinter o coronavírus após meses de restrições Foto: Kevin Frayer/Getty Images

A China registrou duas novas mortes por covid-19 neste domingo (04/12), pouco depois de algumas das principais cidades anunciarem o relaxamento de parte das restrições para conter a doença, após uma série de protestos inéditos no país contra a política de "covid zero".

A Comissão Nacional de Saúde informou que uma morte foi registrada na província de Shandong e outra em Sichuan, mas não forneceu informações sobre a idade ou o status vacinal das vítimas.

A China, país onde o coronavírus Sars-Cov-2 foi detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan, no final de 2019, se tornou a última das grandes nações do globo a combater as transmissões da doença através da imposição de quarentenas, lockdowns e testes em massa.

Preocupações com os índices de vacinação seriam um dos principais motivos para o governo chinês manter sua política linha-dura no combate à pandemia.

Enquanto nove em cada dez chineses estão vacinados, 66% da população com mais de 80 anos recebeu somente uma dose dos imunizantes, enquanto apenas 40% foi vacinada com a dose de reforço, segundo a Comissão. Já entre os cidadãos com mais de 60 anos, 86% estão vacinados.

Relaxamento após protestos

Frente a esses números e ao fato de que uma quantidade relativamente baixa de chineses desenvolveu anticorpos após a exposição ao vírus, há o temor de que milhões de pessoas ainda estariam sob risco de morte, caso as restrições fossem inteiramente removidas.

Mesmo assim, o descontentamento da população levou as autoridades a levantar algumas das medidas mas rígidas. Entretanto, a estratégia "covid zero", que implica no isolamento de todas as pessoas infectadas, será mantida.

Cidadãos chineses entram em confronto com funcionários da saúde em Xangai durante os protestos contra a estratégia "covid zero"Foto: REUTERS

Pequim e outras cidades do país anunciaram que, pela primeira vez em vários meses, os cidadãos poderão utilizar serviços de ônibus e metrô sem a obrigação de apresentar testes negativos. Na capital, muitos se queixavam que essa exigência era mantida em vários locais públicos mesmo depois do fechamento de vários centros de testagem.

A capital de Xinjiang, Urumqi, anunciou a reabertura de centros de compras, mercados, restaurantes e outros estabelecimentos a partir desta segunda-feira.

Urumqi foi o estopim dos protestos contra as restrições, após pessoas nas redes sociais denunciarem que as vítimas de um incêndio em um edifício na cidade não puderam fugir das chamas porque o local estaria trancado em razão do lockdown, o que as autoridades negam.

As manifestações, que se espalharam por mais de 20 cidades chinesas, foram um ato de desobediência civil sem precedentes na China continental desde a chegada do presidente Xi Jinping ao poder, em 2012.

A China registrou 37.775 novos casos da doença nas últimas 24 horas, o que eleva o total de infectados para 336.165, com 5.235 mortes. Os números podem ser considerados baixos, levando-se em conta a população do país, de mais de 1,4 bilhão de pessoas.

Política "covid zero"

Pela estratégia da "covid zero", a China impõe bloqueios de bairros ou cidades inteiras, a realização constante de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos de coronavírus e seus contatos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.

A reação contra as restrições é um revés para os esforços da China para conter o coronavírus, em um momento de números recordes de infectados no país.

Embora a política de "covid zero" tenha ajudado a manter o número oficial de mortos na China na casa dos milhares – contra, por exemplo, mais de um milhão nos Estados Unidos – ela custou o confinamento de muitos milhões de pessoas por longos períodos, trazendo grandes perturbações e danos à economia.

Na semana passada, Pequim deu alguns indícios de que poderia estar relaxando sua estratégia. A vice-primeira-ministra chinesa, Sun Chunlan, que supervisiona os esforços anticovid, disse que o vírus estava se tornando menos agressivo.

"Com a patogenicidade decrescente da variante ômicron, o aumento da taxa de vacinação e a experiência acumulada de controle e prevenção de surtos, a contenção pandêmica da China enfrenta um novo estágio e missão", disse Sun.

rc (AP, Reuters)

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