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LHC bate recorde

3 de dezembro de 2009

O chamado Grande Colisor de Hádrons (LHC) provou ser o acelerador de partículas de maior energia do mundo. Em entrevista à Deutsche Welle, cientista brasileiro Marko Petek, do Cern, na Suíça, explica como funciona o LHC.

LHC é o maior acelerador de partículas do mundoFoto: AP

Após mais de um ano desativado, voltou a funcionar o chamado Grande Colisor de Hádrons (LHC), um gigantesco túnel circular de 27 quilômetros de perímetro, situado a 100 metros de profundidade no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), na Suíça.

Marko Petek é responsável por armazenamento de dados do LHCFoto: CERN/Marko Petek

Em entrevista à Deutsche Welle, o brasileiro Marko Petek, que trabalha desde outubro de 2008 no Cern, afirmou que "estamos muito felizes e aliviados, porque é um projeto grande e toda a comunidade internacional está observando. Só o fato de o LHC ter sido reativado já é um avanço. No início desta semana, recebi um e-mail do Cern, dizendo que o LHC bateu o recorde mundial em produção de energia."

No LHC, aceleram-se prótons, partículas elementares do átomo. O LHC bateu o recorde, na última segunda-feira (30/11), ao fazer circular feixes de prótons a 1,18 tera eletrovolts (TeV). A marca supera o recorde mundial anterior de 0,98 TeV, alcançado pelo colisor Tevatron do Laboratório Acelerador Nacional Fermi, nos Estados Unidos.

O que faz o LHC?

Para explicar o que faz o LHC, Marko propõe que se imaginem dois tubos de desodorantes em spray, um de frente ao outro. Se você apertar os jatos ao mesmo tempo, os dois desodorantes irão lançar milhares de gotículas que irão se colidir. Ao se colidirem, elas se espedaçam em incontáveis partículas.

O objetivo do LHC é despedaçar o próton e encontrar a partícula chamada bóson de HiggsFoto: picture alliance/dpa

"No LHC, a ideia é despedaçar o próton. O modelo atual da física prevê que existem 25 partículas menores, sendo que 24 já foram descobertas e agora falta apenas uma, denominada bóson de Higgs. Essa partícula pode ajudar a explicar como a matéria está associada à massa. Esperamos que até o início de 2010 tenhamos resultados mais concretos", explicou o doutorando em ciências da computação.

Sobre os temores de que o LHC possa a vir trazer algum prejuízo ao planeta, como a criação de um buraco negro, por exemplo, o cientista gaúcho foi enfático. "A criação de miniburacos negros é possível e também desejável pelos cientistas. Os físicos irão apenas estudar esses buracos negros. Estamos repetindo dentro de um laboratório o que é um fenômeno normal da natureza", explicou.

Tais experimentos não oferecem, portanto, os riscos temidos. "Não existe nenhuma chance que tal buraco negro constituído de duas ou três partículas tenha força de gravidade suficiente para atrair novos fragmentos e sugar o nosso planeta. Teríamos de ter uma massa maior do que o Sol para isso acontecer. O que é impossível", tranquilizou Marko.

Autor: Luciano Nagel

Revisão: Carlos Albuquerque

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