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Pró-Mata Atlântica

28 de março de 2010

Uma corrida contra o tempo: restam apenas fragmentos da Mata Atlântica na costa brasileira. Uma parceria entre a Alemanha e o Brasil na Serra do Órgãos, no Rio de Janeiro, busca contribuir para a preservação da floresta.

A Mata Atlântica em Cachoeiras de Macacu, no estado do RJFoto: J. C. Torrico

Verde, ampla e com uma biodiversidade paradisíaca: esses tempos se foram. Hoje a Mata Atlântica na costa brasileira está mais para campos empoeirados do que para áreas férteis, e gasodutos atravessam a paisagem idílica.

Uma tentativa de conter a devastação da natureza foi iniciada por cientistas alemães e brasileiros. Dinario, como é chamado o projeto, é conduzido em Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro. Lá trabalham especialistas alemães em conjunto com parceiros brasileiros.

Juntos eles desenvolvem estratégias sustentáveis de utilização da terra na região, priorizando tanto a conservação da natureza como o desenvolvimento econômico. Desde 2007, o Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha incentiva o projeto, cujo parceiro brasileiro é a Embrapa. O objetivo é mostrar aos fazendeiros e às indústrias como eles podem se engajar na proteção do meio ambiente mantendo seus lucros.

Moradores de Teresópolis, no Rio de JaneiroFoto: J. C. Torrico

Significado global

O projeto é conduzido pelo professor Hartmut Gaese, do Instituto de Tecnologia Tropical da Universidade de Colônia. "É o desafio de lidar com as regiões que, por meio dos mercados mundiais, também nos afetam."

Segundo o professor, essas regiões não estão sob pressão apenas devido ao aumento populacional, mas também porque a demanda por recursos está aumentando. "O uso sustentável dos recursos é a questão central para a nossa sobrevivência futura."

A cientista Ana Turetta, da Embrapa, é a parceira do professor Gaese no projeto Dinario. Ela destaca o caráter piloto do projeto conjunto entre os dois países.

"Como o uso da terra e as mudanças no uso da terra são uma das maiores fontes de gases do efeito estufa e uma das principais causas do aquecimento global, esperamos ser um bom exemplo, por meio do desenvolvimento de sistemas sustentáveis, para o avanço no combate às mudanças climáticas", declarou a cientista.

Ambos destacam que esperam seguir novos rumos na pesquisa sobre os ecossistemas e a sua influência no clima. O importante, ressaltam, é que esses novos caminhos sejam seguidos de forma metódica, porque os resultados poderão ser aplicados a outros ecossistemas.

Remanescentes da floresta tropical

Projeto Dinario é conduzido no Rio de JaneiroFoto: DW

O paraíso da fauna e da flora está visivelmente se esgotando. A Mata Atlântica acompanhava 5 mil quilômetros da costa brasileira e ia do sul do Rio Grande do Sul até o norte do Ceará. Originalmente, a biodiversidade da mata era ainda maior do que a da Floresta Amazônica.

Porém, como consequência da colonização intensa e do uso das terras, o paraíso natural, que antes ocupava uma área de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, está hoje restrito a apenas 50 mil quilômetros quadrados.

As causas da devastação são o pastoreio excessivo, a agricultura, a contaminação das águas e as queimadas. "Só restaram fragmentos da mata original, o que cria o temor de que em breve nada mais haverá. Isso levanta a questão de quão grandes devem ser esses fragmentos remanescentes para que eles possam existir como unidade ecológica", diz Gaese.

Os esforços valem a pena, destaca o pesquisador. Segundo ele, poucas vegetações se regeneram mais rápido do que a floresta da costa brasileira. O que os cientistas dos dois países esperam agora é que o projeto, cujo final está previsto para este ano, seja mantido.

Autora: Anna Pellacini (DD)
Revisão: Alexandre Schossler

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