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História

Cientistas apresentam maior dinossauro do Brasil

Roberta Jansen
5 de outubro de 2016

Titanossauro de 25 metros de comprimento viveu há 60 milhões de anos. Fóssil foi encontrado na região de Presidente Prudente, em São Paulo, na década de 1950, mas só foi estudado agora.

Dinosaurier Brasilien
lustração compara Austroposeidon (maior), anunciado nesta quarta, o Maxakalisaurus topai e o Gondwanatitan faustoi Foto: Serviço Geológico do Brasil

O maior dinossauro já encontrado no Brasil foi apresentado ao mundo nesta quarta-feira (05/10) por pesquisadores de várias instituições, revelando que o país foi uma terra de gigantes há 60 milhões de anos.

Trata-se de um titanossauro, um herbívoro pescoçudo de nada menos que 25 metros de comprimento da ponta do focinho ao fim da cauda – bem maior do que os ônibus duplos articulados, por exemplo.

"Agora nós temos um gigante”, afirmou a paleontóloga Kamila Bandeira, uma das autoras do estudo publicado na revista científica PLOS. Até agora, o maior dinossauro já encontrado no Brasil, também um titanossauro, tinha "apenas" 13 metros de comprimento.

"A descoberta comprova que existiram grandes dinossauros no Brasil”, sustenta o paleontólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional, que também assina o trabalho. "Já suspeitávamos disso por conta das descobertas na Argentina, mas agora comprovamos”.

O maior dinossauro já encontrado na Argentina, o Argentinossauro, chegava a 45 metros de comprimento.

Descoberto em 1953

O novo titanossauro brasileiro, cujo fóssil foi encontrado na região de Presidente Prudente, em São Paulo, foi batizado de Austroposeidon magnificus, algo como "o ser que causa terremotos no sul”. A região, na confluência dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, é rica em fósseis por conta das condições climáticas, que ajudam na preservação dos ossos. Nada menos que nove espécies de titanossauro foram já descritas ali.

As partes recuperadas são referentes a vértebras do pescoço e do dorso do animal.Foto: Serviço Geológico do Brasil

Os titanossauros eram dinossauros herbívoros com o corpo bem desenvolvido, o pescoço e a cauda muito longos e uma cabeça relativamente pequena. Eles habitaram o mundo durante o período cretáceo e eram muito abundantes no supercontinente Gondwana – que, no passado, reunia as massas continentais de América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártica.

A descoberta do fóssil do gigante brasileiro ocorreu em 1953, pela equipe de Llewellyn Ivor Price (1905-1980), o grande pioneiro da paleontologia no Brasil. As partes recuperadas são referentes a vértebras do pescoço e do dorso do animal.

A tomografia computadorizada ajudou a revelar alguns segredos do titanossauro. As imagens revelaram que os ossos do animal tinham densidades diferentes – uma característica para a qual os cientistas ainda não encontraram uma explicação definitiva, mas que pode estar relacionada a seu tamanho.

Grande arquivo de fósseis

Desde que foram descobertos, na década de 1950, os ossos ficaram guardados na reserva técnica do Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro, e só começaram a ser estudados há três anos – um projeto de 10 mil reais. Há diversas explicações para a demora.

A primeira delas é técnica: na década de 1950, ainda não havia tecnologia disponível para estudar vértebras, os paleontólogos buscavam outras partes do animal para completar o quebra-cabeça.

Acesso a laboratórios, a disponibilidade de profissionais e, sobretudo, os recursos disponíveis contribuem para que a identificação dos fósseis estocados no museu caminhe em marcha tão lenta.

Atualmente, o Museu de Ciências da Terra conta com a maior coleção de fósseis pré-históricos da América Latina, boa parte deles ainda por serem descritos.

Segundo o diretor do museu, o paleontólogo Diógenes Campos, uma parte significativa da história pregressa do país pode ainda ser descoberta com base nesses fósseis, inclusive novas espécies gigantes.

O estudo foi feito por pesquisadores do Museu de Ciências da Terra, do Museu Nacional, da Petrobras e da Universidade Federal de Pernambuco com o financiamento da Faperj e do CNPq.

 

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