Cientistas descobrem 1,5 milhão de pinguins na Antártida
2 de março de 2018
Mais de 750 mil pares reprodutores de pinguins-de-adélia foram encontrados em arquipélago remoto do continente gelado. Espécie está em declínio em algumas partes do mundo – inclusive na própria península.
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Mais de 1,5 milhão de pinguins-de-adélia – espécie cujas populações estão em declínio em algumas partes do mundo – foram descobertos em ilhas remotas da península Antártica, anunciou um estudo publicado nesta sexta-feira (02/03) na revista científica Scientific Reports.
As colônias foram localizadas nas ilhas Dangers, um arquipélago que fica no mar de Weddell, na ponta norte da península Antártica mais próxima à América do Sul. As ilhas abrigam a terceira e a quarta maiores colônias de pinguins-de-adélia do mundo, afirmaram os cientistas.
O primeiro censo realizado no arquipélago revelou que há mais de 750 mil pares reprodutores de pinguins-de-adélia espalhados pelas ilhas geladas – um número maior do que o existente em todo o restante da península.
"A descoberta é certamente surpreendente e tem consequências reais na forma com que nós, cientistas, lidamos com essa região", afirmou a coautora do estudo Heather Lynch, da Universidade Stony Brook, nos Estados Unidos, à agência de notícias AFP.
As ilhas rochosas ficam cobertas por gelo marinho espesso durante a maior parte do ano, e mesmo a mais visitada das ilhas, a Heroína, recebe apenas um barco anualmente – o que explica por que as comunidades de pinguins passaram despercebidas por tanto tempo.
"Elas não são chamadas de ilhas Dangers [perigo, em inglês] por acaso. Mesmo no auge do verão é difícil acessar essa região para fazer pesquisas", afirmou Lynch.
A primeira evidência das colônias de pinguins surgiu a partir de dados captados por satélites de monitoramento terrestre administrados pela Nasa e pelo Serviço Geológico dos EUA. Quando os dados sugeriram a presença de centenas de milhares dessas aves no arquipélago, a cientista e sua equipe pensaram se tratar de um erro.
Aproveitando uma abertura nas geleiras que rodeiam essa zona inóspita, os cientistas conseguiram, em dezembro de 2015, confirmar a dimensão da colônia, usando drones, fotografias e contagem manual de ninhos e aves.
A apenas 160 quilômetros dali, no oeste da península Antártica, a população de pinguins-de-adélia caiu cerca de 70% nas últimas décadas devido ao derretimento dos bancos de gelo, causado provavelmente pelo aquecimento global.
"Esta é uma boa notícia também porque outros estudos já mostraram que essa área [parte leste da península Antártica] é provavelmente menos suscetível aos efeitos das mudanças climáticas do que a parte ocidental", disse Lynch. "Ou seja, encontramos uma grande população de pinguins-de-adélia numa região que deve permanecer apropriada para eles por um bom tempo."
EK/afp/lusa/dw
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Bienal Antártica leva arte ao continente gelado
A equipe da DW acompanhou a primeira bienal realizada na Antártida. Embarque conosco nesta expedição artística pelas águas e terras polares, com direito a pinguins e baleias.
Foto: DW/Sabrina Walker
Da Patagônia rumo ao Polo Sul
Cerca de 80 pessoas de 30 nacionalidades participaram da primeira Bienal Antártica. Idealizada pelo artista russo Alexander Ponomarev, a expedição artística partiu de Ushuaia, na Patagônia argentina, no dia 17 de março. Foram ao todo 11 dias de evento, que contaram com perfomances e instalações sobre as águas e terras polares.
Foto: DW/Sabrina Walker
Curiosidade animal
Um pinguim curioso resolveu trocar uma ideia com a câmera 360º. Registro da Ilha Cuverville, na Antártida.
Foto: DW/Sabrina Walker
Baleias por todo lado
Durante a passagem pelo continente gelado, nosso navio pernoitou entre baleias. No Canal Errera havia 50 delas, segundo levantamento de cientistas.
Foto: DW/Helena Coelho
Muitos pinguins
O navio da Bienal Antártica passou alguns dias no Canal Errera, conhecido não somente pela diversidade de baleias, mas também pelas colônias de pinguins.
Foto: DW/Sabrina Walker
Turismo sustentável
A Antártida recebe cerca de 30 mil visitantes todos os anos. O turismo é coordenando principalmente pela Associação Internacional de Operadores Turísticos da Antártida, que zela pela preservação do território. Nada pode ser deixado nem tirado do continente gelado.
Foto: DW/Helena Coelho
A natureza é quem manda
Na Antártida, é obrigatório manter uma distância mínima de 5 metros da vida selvagem. A não ser que os animais se aproximem por conta própria: neste caso, aproveite para pegar a câmera e registrar o momento!
Foto: DW/Sabrina Walker
Trabalho a quatro mãos
Na foto, Yasuaki Igarashi (esquerda) apresenta sua instalação ao idealizador da Bienal, Alexander Ponomarev. Juntos eles trançaram uma corda que seria usada para empinar uma pipa. O entrelaçamento dos fios simbolizou o encontro das 30 nacionalidades que participaram do evento.
Foto: DW/Helena Coelho
"Somos apenas hóspedes"
Inspirado pelo caráter nômade desta Bienal, o arquiteto alemão Gustav Düsing montou um barraca: "Nós somos apenas hóspedes aqui. Procurei me adequar às condições do meio e criar algo temporário com a menor quantidade de material possível – esta é, para mim, a resposta mínima à questão arquitetônica da Antártida."
Foto: DW/Sabrina Walker
Impossível estar mais à vontade
Em pleno frio antártico, o russo Andrey Kuzkin se apresentou ao público como veio ao mundo. A performance consistiu em ficar nu de ponta-cabeça com os ombros enterrados no chão. Andrey ficou assim por cerca de 20 minutos, respirando através de uma mangueira. O plano dele é realizar a performance 99 vezes ao redor do mundo – e ele já está na de número 50.
Foto: DW/Helena Coelho
O céu sobre a Antártida
O chamado "albedo", a reflexão da luz solar pela imensidão branca coberta de neve, inspirou diversos trabalhos apresentados nesta bienal.
Foto: DW/Sabrina Walker
A ameaça climática
Entre os temas abordados na Bienal Antártica também esteve a preservação dos glaciares. Os gigantes brancos têm sofrido retração acelerada nas últimas décadas.
Foto: DW/Sabrina Walker
Um espetáculo de luz e gelo
O brasileiro Alexis Anastasiou fez uma projeção de luz sobre um iceberg na Antártida. Mesclando uma estética contemporânea com a de desenhos rupestres, o artista recriou momentos marcantes da história da humanidade.
Foto: DW/Helena Coelho
30 minutos de silêncio
Na Baía Paraíso, a curadoria da Bienal propõs um happening aos participantes: permanecer meia hora em absoluto silêncio para contemplar e absorver a grandeza do local.
Foto: DW/Sabrina Walker
A equipe da DW na Antártida
A repórter Helena Coelho e a cinegrafista Sabrina Walker embarcaram nesta expedição pelo continente gelado.
Foto: DW/Sabrina Walker
A cena final
Nossa aventura terminou com o retorno à América do Sul, que nos recebeu com este pôr do sol digno da Terra do Fogo.