Descoberta possível causa de trombose em vacina de Oxford
19 de março de 2021
Após analisar amostras de sangue de pacientes afetados, pesquisadores da Alemanha identificam mecanismo que pode ativar formação de coágulos em casos raros após a vacinação. Descoberta indica caminho para tratamento.
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Pesquisadores da Universidade de Medicina de Greifswald (UMG), na Alemanha, descobriram a possível causa para o raro surgimento de coágulos sanguíneos em pessoas que receberam a vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, afirmou a instituição nesta sexta-feira (19/03).
De acordo com o diretor do departamento de Medicina Transfusional da UMG, Andreas Greinacher, em alguns vacinados o imunizante produziria uma resposta imunológica que ativa plaquetas sanguíneas que podem causar a trombose. Essa reação acontece normalmente quando o corpo cura uma ferida, quando o sangue coagula e fecha o machucado.
Após analisar amostras de sangue de seis pacientes que desenvolveram trombose após serem vacinados, os pesquisadores descobriram que o imunizante ativou um mecanismo que causa a formação de coágulos sanguíneos no cérebro.
Segundo a emissora pública alemã NDR, os cientistas destacam que o mecanismo foi claramente identificado, o que possibilita o desenvolvimento de um tratamento, e sugerem que, nesses casos, os pacientes recebam um medicamento para combater a trombose. Esse tratamento, porém, só deve ser aplicado em vacinados que desenvolveram os coágulos sanguíneos, e não de maneira profilática.
Na quinta-feira, pesquisadores da Noruega anunciaram que chegaram a uma hipotése semelhante. Os cientistas acreditam que a formação de coágulos sanguíneos pode ocorrer devido a uma forte resposta imunológica. Os especialistas ressaltaram, porém, que essa suspeita é, até o momento, apenas uma hipótese.
Greinacher anunciou que o resultado da pesquisa de sua equipe será submetido à revisão de outros especialistas e posterior publicação na revista especializada The Lancet. A conclusão do estudo também foi comunicada ao Instituto Paul Ehrlich, responsável pela regulação e aprovação de medicamentos na Alemanha.
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Vacinação temporariamente suspensa
Após relatos de formação de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas, diversos países europeus suspenderam o uso do imunizante. Médicos e especialistas em saúde pública da Europa criticaram a decisão, reiterando que estudos clínicos e a vacinação de milhões de pessoas no Reino Unido mostraram que a vacina é segura, e que não havia indícios de relação causal entre a vacina e coágulos.
Nesta quinta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que a vacina da AstraZeneca é "segura e eficiente", porém, recomendou que seja informado aos vacinados que ela pode, em casos raros, causar trombose cerebral entre mulheres com menos de 55 anos.
Logo após o anúncio da EMA, alguns países europeus que haviam suspendido o uso da vacina da AstraZeneca comunicaram a retomada da aplicação do imunizante nesta sexta-feira, entre eles Alemanha, Itália, Lituânia, Letônia, Chipre e França.
Dificuldades na Europa e no Brasil
A vacina da AstraZeneca foi aprovada para uso na União Europeia no final de janeiro, porém vem enfrentando dificuldades. Inicialmente, houve dúvidas sobre sua eficácia em pessoas com 65 anos ou mais, depois sanadas com a divulgação de um novo conjunto de dados de ensaios clínicos.
O bloco comprou 400 milhões de doses da vacina, mas a farmacêutica foi forçada a reduzir as entregas previstas devido a problemas de produção.
No Brasil, a vacina de Oxford foi a principal aposta feita pelo governo do presidente Jari Bolsonaro para imunizar sua população, por meio de um acordo assinado em julho de 2020 entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A previsão inicial da Fiocruz era entregar 30 milhões de doses ainda em 2020, o que não se confirmou. Houve atrasos na importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da China, e as primeiras doses do imunizante vieram prontas da Índia e foram aplicadas em brasileiros apenas em 23 janeiro deste ano.
Em seguida, um problema no equipamento da Fiocruz que coloca lacres de alumínio nas vacinas novamente atrasou o cronograma. A fundação espera entregar nesta semana o primeiro lote da vacina produzida no Brasil, com 1 milhão de doses, e em seguida elevar o ritmo de entrega.
Por esse motivo, cerca de 80% das doses de vacinas contra a covid-19 aplicadas no Brasil até agora são da chinesa Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, segundo cálculo da Rede Análise Covid-19.
cn/ek (Reuters, DPA, AP, ots)
Doenças prevenidas com vacinas
Vacinas protegem o corpo, criando resistência contra doenças. As vacinas são feitas com substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, quando introduzidos no organismo, estimulam a reação do sistema imune.
Foto: picture-alliance/imagebroker
Catapora
Também chamada de varicela, é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Os principais sintomas são manchas vermelhas e bolhas no corpo, acompanhadas de muita coceira, mal-estar, dor de cabeça e febre. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto, tronco e couro cabeludo e, depois, se espalham. Em alguns dias, elas começam a secar e cicatrizam.
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Sarampo
É uma doença infecciosa grave, que pode ser fatal, causada por um vírus do gênero Morbilivirus, transmitida através de secreção oral ou nasal. É tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Os principais sintomas são: manchas avermelhadas na pele, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, otite, pneumonia e encefalite.
Foto: picture-alliance/dpa/KEYSTONE/U. Flueeler
Hepatite B
Um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil, a B é causado por um vírus. A falta de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico. Muitas vezes, é detectada décadas após a infecção, por sintomas como tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Hepatite B não tem cura, mas o tratamento pode reduzir o risco de complicações, como cirrose e câncer hepático.
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Caxumba
É uma infecção viral aguda e contagiosa, que na maioria das vezes afeta as glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao ouvido. É causada por um vírus e transmitida através de gotículas de saliva. O sintoma mais característico é o aumento das glândulas salivares. O agravamento da doença pode levar à surdez ou esterilidade.
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Rubéola
É uma doença viral aguda, altamente contagiosa. A forma congênita, transmitida da mãe para o filho durante a gestação, é a mais grave porque pode provocar, por exemplo, surdez e problemas visuais no bebê. A transmissão acontece por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar. Os principais sintomas são dor de cabeça e no corpo, ínguas, febre e manchas avermelhadas.
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Difteria
É uma doença transmissível causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou por lesões na pele. Entre os principais sintomas estão: membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, gânglios inchados e dificuldade para respirar.
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Tétano
Ao contrário da maioria das doenças evitadas com vacina, o tétano não é contagioso. É causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que, sob a forma de esporos, é encontrada em fezes, na terra, em plantas e em objetos e pode contaminar pessoas por meio de lesões na pele, como feridas, cortes ou mordidas de animais. Um dos sintomas é a rigidez muscular em todo o corpo.
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Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch. Afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A transmissão ocorre pela respiração, por espirros e pela tosse.
Foto: picture-alliance/BSIP/NIAID
Febre Amarela
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os principais sintomas são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. No ciclo silvestre, os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes e, no ciclo urbano, é o Aedes aegypti.
Foto: R. Richter
Coqueluche
É uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Se não for tratada, pode levar à morte de bebês menores de seis meses. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. No começo, os sintomas são parecidos com os de um resfriado, mas podem evoluir para tosse severa e descontrolada, comprometendo a respiração.
Foto: Imago Images/blickwinkel/McPhoto
Poliomielite
Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, acontecem paralisias musculares irreversíveis. Devido à intensa vacinação, com a famosa "gotinha", no Brasil não há circulação do vírus desde 1990.