Cientistas desenvolvem vacina contra zika eficaz em animais
28 de junho de 2016
Estudo em Harvard testou dois tipos de vacina em camundongos, que se mostraram 100% protegidos ao serem expostos ao vírus mais tarde. Outra pesquisa revela que macacos se tornam imunes ao zika após primeiro contágio.
Foto: picture-alliance/dpa/K.J. Hildenbrand
Anúncio
Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, elaboraram duas vacinas experimentais contra o vírus zika que se mostraram completamente eficazes em animais. Os resultados da pesquisa foram divulgados nesta terça-feira (28/06) na revista científica Nature.
Os testes foram realizados em camundongos, que foram submetidos a dois tipos de vacina – uma baseada em DNA e outra elaborada a partir de uma forma inativa do vírus. De um a dois meses depois de receberem uma única dose, esses roedores foram expostos ao zika, mas não contraíram o vírus.
"O nível de proteção foi chocante. Todos os animais do grupo de controle mostraram altos níveis de replicação do vírus após serem inoculados. Enquanto isso, nos animais que tinham sido vacinados, o vírus não foi detectado", afirma Dan Barouch, autor principal do estudo.
Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência sanitária mundial por conta da crise de microcefalia, doença possivelmente relacionada ao zika. Por conta disso, o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus tornou-se prioridade para a comunidade médica global.
Xô, zika!
01:56
This browser does not support the video element.
É amplamente aceito entre os cientistas que a infecção do vírus pode provocar diversos problemas neurológicos em seres humanos, como a microcefalia em recém-nascidos e a síndrome de Guillain-Barré, uma disfunção que pode causar paralisia nos órgãos.
"Devemos ser cautelosos ao extrapolar esses resultados em camundongos para os humanos", alerta Barouch. O pesquisador afirma, porém, que o descobrimento de duas vacinas efetivas em animais "eleva o otimismo sobre a elaboração de uma vacina segura e ativa contra o zika".
Segundo a OMS, pelo menos 15 empresas e grupos acadêmicos estão buscando desenvolver uma vacina contra o zika. Na semana passada, a fabricante americana Inovio Pharmaceuticals recebeu aprovação da Food and Drugs Administration (FDA), agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, para começar testes de sua vacina em seres humanos.
Também na semana passada, o Instituto Butantan, em São Paulo, fechou uma parceria com os EUA e com a OMS, devendo receber 3 milhões de dólares para o desenvolvimento de uma vacina.
Imunização após primeiro contágio
Em paralelo, a revista Nature Communications divulgou nesta terça-feira um estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, também nos EUA, que demonstra, a partir de experimentos em primatas, que a primeira infecção do vírus zika causa imunização contra futuros contágios.
Os pesquisadores provaram pela primeira vez que os macacos Rhesus, utilizados habitualmente como cobaias em estudos científicos, são suscetíveis à infecção do zika, por isso poderão servir como modelo animal para estudar a evolução e as características da doença.
"Essa é uma boa notícia para o desenvolvimento de vacinas", diz David O'Connor, autor principal do estudo, em comunicado. "A descoberta sugere que o tipo de imunização produzida de forma natural é suficiente. Podemos imitar essa reação com uma vacina e provavelmente teremos sucesso."
EK/efe/rtr
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.