Estudo sugere que herbicida de largo uso na agricultura torna abelhas mais suscetíveis a infecções e mortes por bactérias.
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O glifosato já é controverso por causa da suspeita de que provoca câncer, mas um novo estudo colocou o foco sobre um possível efeito colateral do herbicida totalmente diferente: pesquisadores da Universidade do Texas investigaram o efeito sobre as abelhas e concluíram que o glifosato é perigoso para elas. O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
A Bayer, que adquiriu a Monsanto, desenvolvedora do glifosato, afirmou que o estudo se baseia num número muito pequeno de abelhas – 30 – e que, por isso, as conclusões não podem ser generalizadas.
Para a pesquisa, os cientistas alimentaram abelhas com uma solução de açúcar com glifosato, na concentração normalmente encontrada em lavouras, jardins e margens de estradas. Em contraste, um grupo de controle recebeu apenas açúcar. A fim de posteriormente identificar os insetos na colmeia e associá-los ao grupo correto, os pesquisadores pintaram as costas das abelhas com pontos de cores diferentes.
Três dias depois, as abelhas foram novamente coletadas e examinadas. Constatou-se então que aquelas alimentadas com o coquetel de glifosato haviam perdido algumas de suas bactérias benéficas no intestino e eram mais suscetíveis a infecções e mortes causadas por bactérias malignas.
A conclusão dos pesquisadores é que, ao alterar o microbiota intestinal das abelhas, o glifosato enfraquece o sistema imunológico delas e pode estar contribuindo para o declínio das populações de abelhas ao redor do mundo.
Os herbicidas à base de glifosato, como o Roundup, da Monsanto, são usados em lavouras de todo o mundo há mais de quatro décadas. O glifosato é o herbicida mais usado no mundo, com uma produção anual de 700 mil toneladas.
Só na Alemanha, mais de 5 mil toneladas de glifosato são pulverizadas anualmente em jardins privados, parques públicos e ferrovias. É a agricultura, porém, que é responsável pela maior parte do consumo, com o herbicida presente em cerca de 40% das terras agrícolas alemãs.
A notícia de que o glifosato também pode ser prejudicial às abelhas é particularmente assustadora quando se considera que as populações de abelhas domésticas e silvestres já diminuíram em muitas regiões do mundo.
Na China, macieiras e pereiras tiveram que ser polinizadas à mão porque não havia abelhas suficientes para fazer o trabalho.
O provável é que uma combinação de fatores seja responsável pelo declínio: pragas como o ácaro varroa, o uso de herbicidas que matam as plantas onde as abelhas se alimentam, além do uso de inseticidas à base de neonicotinoides. O novo estudo acrescenta mais um elemento à essa lista.
Há muito dinheiro envolvido: o setor que recebe as maiores verbas da União Europeia é o agrícola. No entanto, as condições nos diferentes países e regiões do bloco não poderiam ser mais diversas.
Foto: GEORGES GOBET/AFP/GettyImages
Setor bilionário
Com subsídios anuais de 47 bilhões de euros, a agricultura é o maior segmento orçamentário da União Europeia. Essa verba é distribuída entre os fazendeiros segundo a extensão de suas terras, independente da produção agrária real. No entanto, as condições de trabalho são extremamente diversas, não só entre os países-membros, como também dentro deles.
Foto: Getty Images
Falso idílio campestre
O leite do café da manhã vem de "vacas felizes", que vagam por verdes pastos: essa é a imagem de idílio rural que a publicidade tenta passar ao consumidor. Na realidade, o leite provém da produção em massa, e os animais passam o dia em pé nos estábulos, quase sem espaço para se mover. O capim que pisam é seco ou totalmente substituído por outro tipo de substrato.
Foto: imago/Eibner
Ordenha em ritmo industrial
Para que os agricultores europeus se mantenham competitivos no mercado mundial, eles precisam investir em métodos de produção eficientes. Carrosséis de ordenha economizam tempo e substituem mão de obra humana. As vacas são ordenhadas três vezes ao dia por esses dispositivos. A alta tecnologia expulsou o trabalho manual dos estábulos, e a agricultura é cada vez mais otimizada.
Foto: picture-alliance/ZB
Criação em massa
Os frangos de corte são engordados em tempo recorde nos galpões de criação intensiva, para que a fábrica produza o máximo possível de carne. Nesses galinheiros, eles crescem três vezes mais rápido do que as galinhas poedeiras, alcançando um peso entre 1,5 e 1,8 quilo no espaço de 30 dias. Os animais só sobrevivem a tal tratamento à custa de fartas doses de antibióticos.
Foto: Getty Images
Luta pela sobrevivência
Desde que vários países do Leste Europeu aderiram à UE, os agricultores locais competem por um lugar no mercado do bloco. As terras aráveis da Romênia são as mais valiosas da UE. Lá, grandes conglomerados compram áreas consideráveis e empregam máquinas modernas no cultivo. Enquanto isso, milhares de pequenos fazendeiros, que ainda usam arados puxados por burros ou bois, lutam pela sobrevivência.
Foto: DANIEL MIHAILESCU/AFP/Getty Images
Trabalho duro na vindima
Apesar da alta taxa de desemprego, vinicultores alemães quase não acham mão de obra para a colheita. Trabalhadores sazonais da UE têm permissão de auxiliar na agricultura, dentro do bloco, durante seis meses ao ano. Mas para romenos e búlgaros, esse acesso ainda é restrito. Somente a partir de 2014 eles se beneficiarão plenamente da liberalização do mercado de trabalho em todos os Estados da UE.
Foto: MARIO LAPORTA/AFP/Getty Images
Ouro verde
Para cada litro de puro óleo de oliva, é preciso prensar de quatro a cinco quilos de azeitonas. Colhê-los exige bastante esforço físico, e são geralmente os ajudantes estrangeiros a se encarregarem da tarefa. Mas para financiar seus salários, a safra precisa ser abundante e o lucro, elevado. Tarefa difícil para os pequenos produtores, já que cresce a concorrência por parte das grandes empresas.
Foto: Getty Images
Movidos pela esperança
Nenhum caminho é longo demais na procura por trabalho. Trabalhadores sazonais atravessam toda a União Europeia, na esperança de encontrar ocupação e ganhar o suficiente para alimentar suas famílias. Mas as crianças permanecem na terra natal, e as famílias são dilaceradas.
Foto: picture-alliance/ZB
Aeroporto subvencionado
Os subsídios agrícolas da União Europeia deveriam beneficiar os fazendeiros. No entanto, qualquer proprietário de campo arável, pedaço de floresta ou prado também recebe verbas do bloco. Um deles é o aeroporto Schiphol, de Amsterdã, quarto maior da Europa. Cerca de 50 milhões de passageiros e 1,5 milhão de toneladas de carga são transportados anualmente a partir dele. De agricultura, nem sombra.