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Cientistas identificam o gene da magreza

23 de maio de 2020

Já conhecido em pesquisas sobre o câncer, o gene ALK parece influenciar a esguiez de uma pessoa. Descoberta de cientistas austríacos pode proporcionar possíveis abordagens terapêuticas para obesidade.

Fita métrica em torno de uma cintura feminina
Gene ALK também está conectado a tamanho da cintura, níveis de colesterol e açúcar no sangue, dizem cientistasFoto: picture-alliance/blickwinkel/M. Baumann

A fim de investigar as possíveis causas genéticas de um corpo esguio, pesquisadores liderados por Josef Penninger, do Instituto de Biotecnologia Molecular (IMBA) de Viena, examinaram os dados do genoma de um grupo estoniano de pessoas magras e saudáveis, com um índice de massa corporal (IMC) muito baixo.

Eles descobriram vários genes que estão associados a um volume corporal esguio ‒ incluindo o gene ALK (quinase do linfoma anaplásico). Seus resultados foram publicados na revista especializada Cell.

Para o gene ALK, os pesquisadores também puderam determinar uma conexão com outras propriedades metabólicas, como tamanho da cintura, níveis de colesterol e açúcar no sangue.

Em outros experimentos com moscas, a remoção do gene ALK resultou em níveis mais baixos de lipídios no sangue e em camundongos, numa aparência semelhante à das pessoas esguias. Além disso, os animais geneticamente modificados não ganharam peso, apesar dos alimentos ricos em gordura.

Estudos posteriores com ratos sugeriram que o local de origem desses efeitos de emagrecimento pode ser encontrado nas células nervosas do hipotálamo ‒ região do cérebro envolvida na regulação hormonal. Lá, a proteína ALK aparentemente revela seu efeito adelgaçante.

Os ratos que suprimiram a síntese da proteína ALK especificamente nessa região do cérebro apresentaram uma maior taxa de queima de gordura. Aparentemente, isso foi estimulado por um aumento da concentração do hormônio do estresse noradrenalina no tecido adiposo. Esses resultados coincidem com aqueles de amostras de tecido de pessoas magras, que os cientistas também analisaram.

Essa nova pesquisa é particularmente interessante para outros pesquisadores, porque os cientistas vienenses escolheram uma abordagem completamente nova. "Neste contexto, o presente estudo segue um caminho novo e interessante, não se concentrando nos genes da obesidade, mas nos genes que estão associados à esbelteza em humanos", disse Stephan Herzig, diretor científico do Centro de Diabetes Helmholtz de Munique.

A pesquisa sobre controle de peso também se concentra nos temas sobrepeso e obesidade, segundo Bernhard Paulweber, chefe do Departamento de Doenças Metabólicas e Biologia Molecular Médica do Hospital Universitário de Salzburgo. Aqui se seguiu o caminho inverso.

"A elucidação desses mecanismos pode abrir um novo capítulo na busca de estratégias eficientes para combater o sobrepeso, obesidade e distúrbios associados, especialmente diabetes tipo 2", disse Paulweber.

Os resultados podem ser aplicados em humanos?

O gene ALK já é conhecido na oncologia. Ali é considerado um importante gene condutor no desenvolvimento do câncer de pulmão, onde no caso de uma mutação leva a uma superprodução de proteínas ALK.

Os inibidores da ALK, que suprimem a função das proteínas ALK, são usados como medicamentos. Os resultados da pesquisa de Penninger e sua equipe levantam agora a questão de saber se esses medicamentos também podem ser usados para tratar a obesidade.

Como seus demais colegas cientistas, Paulweber também tem reservas quanto à aplicação dos conhecimentos adquiridos em seres humanos.

"Os efeitos benéficos de desligar o gene ALK mostrados no modelo animal não são diretamente transferíveis para os seres humanos. Muitos estudos ainda serão necessários para encontrar formas de poder tornar esses resultados úteis na terapia da obesidade e distúrbios associados em humanos", concluiu Paulweber.

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