Cientistas pedem que Rio 2016 seja adiada ou transferida
27 de maio de 2016
Mais de cem especialistas em saúde apontam riscos e ressaltam que, apesar de esforços no combate ao Aedes aegypti, casos de zika continuam aumentando. Evento no Brasil pode ajudar a disseminar vírus pelo mundo, alertam.
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Em carta aberta, um grupo de 150 especialistas em saúde pediu nesta sexta-feira (27/05) que a Organização Mundial da Saúde (OMS) adie os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro ou transfira o evento para outro local devido ao surto de zika. "O fogo já está acesso, mas não é racional não fazer nada em relação aos Jogos Olímpicos. Não é hora de jogar mais gasolina nesse fogo", disse o professor Amir Attaran, da Universidade de Ottawa, um dos autores do documento.
A carta enumera evidências científicas recentes que mostraram que o vírus pode causar microcefalia em recém-nascidos e problemas neurológicos em adultos. Os especialistas afirmam ainda que, apesar dos esforços para combater o mosquito Aedes aegypti, os casos da doença continuam aumentando no Rio de Janeiro.
Os autores ressaltam ainda que, com o grande número de turistas na cidade, o vírus zika pode ser disseminado para outros países. "É um risco desnecessário expor 500 mil turistas estrangeiros de todos os países que vão aos Jogos, que podem potencialmente adquirir esse vírus e aí retornar para suas casas, onde isso pode virar endêmico", diz o documento.
Ao final, os especialistas concluem que o melhor a se fazer, diante esse cenário, é adiar o evento ou transferir a sede para um local livre do vírus.
O documento alega ainda que pode haver um conflito de interesses que pode estar impedindo a OMS de tomar uma posição mais firme em relação à Rio 2016. A agência da ONU assinou em 2010 um acordo de colaboração com Comitê Olímpico Internacional (COI).
Entre os signatários do documento há especialistas de mais de 20 países em áreas como saúde pública, bioética e pediatria, e de universidades de renome, como Harvard, Yale e Oxford. A pesquisadora Débora Diniz, da UnB, é a única representante do Brasil a assinar a carta.
Recomendações da OMS
Diversos cientistas já alertaram sobre os riscos dos Jogos Olímpicos. A ida de milhares de visitantes de diversos países ao Rio de Janeiro poderia disseminar o vírus zika pelo mundo e aumentar o número de nascimentos de bebês com microcefalia.
Em fevereiro, a OMS declarou o surto de zika emergência global. Recentemente, a agência da ONU pediu que grávidas evitassem viajar ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos e que os visitantes da cidade não fossem a regiões mais carentes, usassem repelente e optassem por ficar em acomodações com ar-condicionado devido ao vírus.
CN/ap/ots
Dez esperanças de medalha para o Brasil
Meta do COB é conquistar no mínimo 27 medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016. Entre multicampeões, potências mundiais e promessas, confira quais são as modalidades que podem levar o Brasil para o pódio no Rio.
Foto: Getty Images
Robert Scheidt - vela
Em busca de seu sexto pódio em Jogos Olímpicos, o maior medalhista brasileiro (junto com o também velejador Torben Grael), Robert Scheidt voltou à classe Laser, pela qual é eneacampeão mundial. Na vela, destaque também para a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, campeãs mundiais na classe 49er FX e eleitas as melhores velejadoras do mundo em 2014, além de Ricardo Winicki, na classe RS-X.
Foto: Imago
Sarah Menezes - judô
Desde Los Angeles 1984, o judô brasileiro conquistou medalhas em todas as edições dos Jogos Olímpicos. A atual campeã olímpica Sarah Menezes é forte candidata a repetir a dose no Rio de Janeiro. Rafael Silva, o Baby, as campeãs mundiais Mayra Aguiar e Rafaela Silva, além do veterano Tiago Camilo, também estão bem colocados nos rankings de suas respectivas categorias.
Foto: Getty Images/B. Mendes
Arthur Zanetti - ginástica
Único campeão olímpico latino-americano na história da ginástica olímpica, Arthur Zanetti vem dominando as provas nas argolas, onde conquistou um ouro e uma prata nos dois últimos mundiais. Ao lado de Diego Hypólito e Sérgio Sasaki, primeiro brasileiro a ser finalista no individual geral nos Jogos Olímpicos, em Londres 2012, Zanetti quer levar o Brasil ao inédito pódio na competição por equipes.
Foto: Reuters
Fabiana Murer - atletismo
Em 2008, equipamento roubado; em 2012, a culpa foi do vento. Após duas decepcionantes participações, Fabiana Murer quer se redimir com uma medalha no Rio de Janeiro. A missão da campeã mundial do salto com vara de 2011, porém, é complicada: a cubana Yarisley Silva, melhor marca do ano, a americana Jennifer Suhr e a russa Yelena Isinbayeva, dona do recorde mundial, são as principais concorrentes.
Foto: Imago
Bruno Fratus - natação
A cena de Bruno Fratus (dir.) cumprimentando César Cielo, em Londres 2012, não irá se repetir nos Jogos do Rio. Com a ausência de Cielo, Fratus se tornou a principal esperança de medalhas. Bronze no Mundial de 2015, ele detém o segundo melhor tempo nos 50m livres em 2016. Outros bons nomes são Felipe França, Nicholas Santos, além de Thiago Pereira, maior medalhista pan-americano da história.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Walton
Duda Amorim - handebol
A seleção feminina de handebol conquistou o inédito título mundial em 2013, na Sérvia. Treinada pelo dinamarquês Morten Soubak, a equipe espera superar a campanha de Londres (6º lugar) e se recuperar do fraco Mundial de 2015, quando caiu nas oitavas de final. O time conta com Alexandra Nascimento e Duda Amorim (foto), eleitas as melhores jogadoras do mundo em 2012 e 2014, respectivamente.
Foto: Imago
Isaquias Queiroz - canoagem
Atual bicampeão mundial da prova não olímpica do C1 500m e medalhistas nos últimos dois mundiais nas provas C1 1.000m, C1 200m e C2 200m, Isaquias Queiroz quer conquistar a primeira medalha olímpica para a canoagem brasileira. Atenção também para a mineira Ana Sátila, que esteve em Londres com apenas 16 anos e foi campeã mundial júnior de slalom em 2014.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Weihrauch
Yane Marques - atletismo
Grande surpresa em Londres 2012, quando conquistou a inédita medalha de bronze no pentatlo moderno, Yane Marques manteve a sequência de bons resultados, conquistando uma prata e um bronze em dois mundiais da modalidade. Além disso, ela já conseguiu derrotar as últimas duas campeãs olímpicas: Laura Asadauskaite, da Lituânia, e Lena Schöneborn, da Alemanha.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Schmidt
Ágatha e Bárbara Seixas - vôlei
Nenhuma modalidade deu tantas medalhas olímpicas ao esporte brasileiro como o vôlei: 20, sendo seis de ouro. O Brasil é potência mundial na quadra e na areia, tanto no masculino como no feminino. Destaque para as duplas femininas do vôlei de praia, que ocuparam todas as três posições do pódio na Holanda, coroando Ágatha e Bárbara Seixas como campeãs mundiais de 2015.
Foto: Getty Images/G. Arroyo Moreno
Neymar - futebol
Pentacampeão mundial, fábrica de craques e maior exportador de jogadores do mundo. Em Jogos Olímpicos, no entanto, o futebol brasileiro tem um retrospecto decepcionante: três pratas, em 1984, 1988 e 2012. Para quebrar o jejum, o craque Neymar está pedindo dispensa do Barcelona para aproveitar a segunda chance em dois anos de ser campeão no Maracanã e levar o Brasil ao ouro inédito.