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CIJ acata em parte queixa da Ucrânia contra Rússia

2 de fevereiro de 2024

Juízes da Corte Internacional de Justiça, de Haia, reconhecem: Kiev não cometeu genocídio contra população russófona – justificativa de Moscou para a invasão. Mas questão de crimes de guerra russos permanece em aberto.

Juízes da Corte Internacional de Justiça de Haia pronunciam sentença
Tribunal de Haia pronuncia veredito sobre ação iniciada pela Ucrânia em 2024Foto: Sem van der Wal/ANP/picture alliance

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) declarou admissível parte de um caso apresentado em 2022 pela Ucrânia contra a Rússia. Kiev nega ter cometido genocídio contra a população de idioma russo do leste de seu território, como alegou Moscou para justificar sua invasão do país vizinho. No entanto, o órgão rejeitou partes importantes do caso.

Kiev solicitara à CIJ que "decidisse e declarasse que não há provas confiáveis de que a Ucrânia seja responsável por cometer genocídio nas regiões de Donetsk e Luhansk, violando a Convenção sobre Genocídio de 1948". Nesta sexta-feira (02/02) o tribunal confirmou que tem jurisdição para decidir sobre esse ponto, ao contrário do que afirma Moscou.

No entanto, a CIJ não considerou admissíveis, sob a Convenção sobre Genocídio, os pontos referentes à ilegalidade do uso da força e do reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk, numa decisão que anula parte do argumento de Kiev para provar a ilegalidade da agressão russa em seu território sob esse tratado específico.

Em decisão longa e detalhada sobre a jurisdição do tribunal da ONU no caso, a presidente da CIJ, Joan Donoghue, enfatizou que, como parte de seu pedido, Kiev "busca a confirmação da Corte de que não há provas confiáveis de que a Ucrânia seja responsável por atos de genocídio, conforme definido na Convenção".

Ao aceitar se pronunciar unicamente sobre essa questão, a CIJ decide apenas se Kiev é responsável por violar a Convenção, como Moscou alegou. Mas nenhuma questão surgirá diretamente desse caso sobre as responsabilidades da Rússia por sua guerra na Ucrânia, o que estaria fora da jurisdição da Convenção.

Com o atual pronunciamento, os juízes de Haia abriram o caminho para o processo principal, no qual um veredito a favor da Ucrânia seria de grande significado simbólico. No entanto não há instrumentos para implementá-lo.

Solidariedade internacional com Kiev

Logo após o início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, a Ucrânia acusou a Rússia de violar a lei internacional, ao alegar que uma invasão era necessária para impedir um suposto genocídio da população russófona das "repúblicas" separatistas do leste ucraniano.

Kiev pediu à CIJ para reconhecer que o uso da força pela Rússia e seu reconhecimento por Moscou da independência das assim chamadas "República Popular de Donetsk" e "República Popular de Luhansk" violam artigos da Convenção sobre Genocídio.

A recusa em decidir sobre esses aspectos não significa que a CIJ respalde a agressão da Rússia contra a Ucrânia, nem negue que a Rússia cometeu violações da lei internacional de acordo com outros tratados, apenas indica que, com base na Convenção de Genocídio específica – usada por Kiev para iniciar esse caso – a CIJ não vê jurisdição para decidir.

Em demonstração de solidariedade internacional, um total de 32 países, incluindo a maior parte dos membros da União Europeia, o Canadá e a Austrália, defenderam a jurisdição da CIJ para decidir sobre todo o caso.

Em março de 2022, atendendo ao pedido de Kiev por medidas cautelares, numa ordem juridicamente vinculativa a CIJ exigiu que a Rússia suspendesse as operações militares na Ucrânia enquanto o processo judicial transcorria em Haia. Porém Moscou ignorou a exigência e a guerra continua na Ucrânia.

av (EFE,AFP,Reuters,DPA)