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Iraque

Jefferson Chase (ca)20 de março de 2008

Cinco anos depois, a carnificina no Iraque se tornou parte do dia-a-dia. Não conseguindo mais mobilizar grandes protestos, o movimento pacifista alemão procura soluções mais pragmáticas e globais.

Manifestantes protestam em Londres no quinto aniversário da guerra no IraqueFoto: AP

Depois de quase um milhão de vítimas de guerra e cerca de quatro milhões de desterrados e refugiados, a paz parece estar tão distante do Iraque quanto o dia em que os Estados Unidos lançaram sua ofensiva aérea em Bagdá, em 20 de março de 2003.

Organizações pacifistas alemãs marcam com protestos o aniversário de início da guerra – em Heidelberg e Mannheim, por exemplo, manifestantes organizam um sit-in (protesto em que todos sentam no chão) de 24 horas, próximo ao quartel-general das Forças Armadas americanas. No próximo final de semana, a guerra no Iraque também será tema das tradicionais marchas pela paz em todo o país.

A maioria dos alemães continua contrária à campanha militar liderada pelos Estados Unidos, onde o entusiasmo pela guerra também está diminuindo. Ironicamente, essa fadiga da guerra também atingiu os ativistas da paz.

Quadro falso

"As pessoas se acostumam com tudo", afirmou à DW-WORLD Manfred Stenner, presidente da organização de grupos pacifistas alemães Rede de Cooperativas da Paz. "A indignação esfria e a guerra no Iraque é um tema entre tantos outros das marchas de Páscoa. Não se pode estar sempre em estado de alerta. Nós temos que aceitar isto", acrescentou.

Cinco anos depois, a situação piora diariamenteFoto: AP

Joachim Guilliard, jornalista e iniciador do grupo Tribunal Internacional do Povo para a Agressão contra o Iraque (ITI) concorda com Stenner. Para ele, as reportagens da mídia retratam um quadro falso. "Ataques insurgentes maiores estão nas manchetes, mas pouco se sabe sobre detalhes das atuais operações militares americanas, que – sem negar o problema do terrorismo – causam a maior parte da violência. É muito difícil mobilizar as pessoas com este quadro errôneo."

Ciclo de violência e punição

Se, no passado, movimentos pacifistas tentaram primeiramente impedir a invasão chefiada pelos americanos, exigindo depois uma retirada relativamente imediata das forças de coalizão, hoje o foco dos ativistas da paz está nas estratégias para o fim da guerra.

Protesto pelo fim da guerra em São FranciscoFoto: picture-alliance/ dpa

Numa conferência em Berlim, no início do mês, membros do ITI delinearam o que pensam ser um caminho para o fim da violência no Iraque. A idéia é instituir um cessar-fogo geral, chamando as tropas americanas de volta às suas bases e substituíndo-as, paulatinamente, por tropas de paz neutras, preferencialmente de países muçulmanos. Então se iniciariam as negociações entre os diversos grupos em conflito.

Guilliard admite que o plano tem falhas, principalmente na questão de quem lideraria as tropas de paz, mas diz que ele faz parte de uma nova estratégia para pôr fim ao que está se tornando um ciclo de violência e punição.

As organizações de paz também tentam abordar o que vêem como os verdadeiros interesses por trás da guerra – principalmente o petróleo. Isso envolve um trabalho conjunto com ativistas ambientais.

Esperança para o Iraque

São poucos os ativistas de paz que pensam que a violência no Iraque será erradicada em breve. Eles concordam que a luta continuará mesmo que os Estados Unidos, comandados por um novo presidente, sejam persuadidos a saírem do Iraque.

Ativistas da paz: Bush sai, tropas ficamFoto: AP

"Eu tenho poucas esperanças para os próximos anos, pois o Estado iraquiano continua a se desintegrar em inúmeras pequenas partes a cada mês da ocupação", afirmou Guilliard. "Eu também não vejo uma maioria em Washington. Mesmo Barack Obama admite retirar somente as tropas de combate e não todas as forças norte-americanas. Serão necessários mais três ou quatro anos até que os americanos estejam cansados de arcar com os custos", explicou.

Solução holística

A melhor esperança para o Iraque, segundo os ativistas, é dar chance às diversas facções do país de negociar sem interferência externa. É consenso também que todas as disputas no Oriente Médio e no mundo muçulmano – as guerras no Iraque e Afeganistão, as controvérsias em torno do possível programa nuclear iraniano, o conflito entre Israel e a Palestina e o fundamentalismo islâmico – estão conectadas.

Stenner é da opinião que "uma solução que levasse em conta os interesses de todas as partes retiraria a base sobre a qual repousa a Al Qaeda. Algumas vezes, é mais fácil resolver todas as questões de uma vez que enfrentar cada problema individualmente".

Essa espécie de solução holística é improvável de se tornar realidade num futuro próximo, mas os ativistas da paz na Alemanha e no mundo pouco podem fazer além de propor alternativas para o conflito que ameaça se estender para muito além do seu quinto aniversário.

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