Provavelmente, a cúpula do Canadá será lembrada por uma foto em especial. Mas como as negociações aconteceram é uma questão de perspectiva, como mostram diferentes cliques da mesma cena.
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Visando a reduzir barreiras comerciais internacionais, a cúpula do G7 (grêmio composto por Alemanha, Japão, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) terminou no último sábado (09/06) com o anúncio inédito do presidente americano, Donald Trump, de que retiraria o apoio dos Estados Unidos da declaração final.
Qualificada de "desastre diplomático" pelo coordenador do governo alemão para a cooperação transatlântica, Peter Beyer, a reunião foi marcada especialmente por uma imagem, divulgada pela Alemanha no Twitter e que mostra a chanceler federal alemã, Angela Merkel, numa posição resoluta diante de Trump na mesa de negociações.
Porém, o registro não é o único: buscamos outras quatro imagens da mesma cena, que podem dar outra visão sobre o encontro.
"O momento"
A imagem do fotógrafo Jesco Denzel, que rodou o mundo e ilustra esta matéria no topo, causou rebuliço nas redes sociais depois de ser tuitada pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. Ela mostra as negociações durante a cúpula do G7 no Canadá. Para muitos observadores, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, aparenta estar decidida, enquanto a postura de Trump foi interpretada, entre outras formas, como "petulante".
Trump, centro das atenções
As imagens divulgadas pela assessora de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, pouco antes do tuíte dos alemães, mostram uma perspectiva diferente sobre a reunião do G7. Rodeado por participantes da cúpula, Trump parece discutir animadamente com outros líderes nacionais, entre eles o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May. Porém, também nessa foto, Trump está sentado.
Conte concentrado
Na cena tuitada pelo novo premiê italiano, Giuseppe Conte, o presidente americano não desempenha papel nem de coadjuvante. Assim como as outras, a foto mostra os chefes de Estado e de governo debruçados sobre documentos. Especialmente Merkel, Macron e May atraem as atenções. O próprio Conte está no canto esquerdo da imagem.
Macron toma a palavra
"Após um longo dia de trabalho e um diálogo muito direto, estamos procurando, ativamente, um acordo ambicioso", tuitou Macron no último sábado (09/06), juntamente com a foto acima. A cena mostra como o presidente de 40 anos toma a palavra e parece querer dar ênfase aos argumentos com o auxílio de gestos, enquanto outros políticos internacionais o ouvem com atenção.
Sem tempestades no paraíso?
Possivelmente, apenas alguns segundos separam o clique de Denzel desse momento, fotografado por Adam Scotti durante o encontro. Scotti é o fotógrafo oficial do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anfitrião da cúpula do G7. Na imagem, o clima parece descontraído: Merkel e Trudeau (atrás dela) estão rindo, enquanto Trump aparenta, no mínimo, disponibilidade para dialogar.
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Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.