Considerada por muitos a "avó" do movimento cultural Nouvelle Vague, Agnès Varda foi um dos nomes mais conhecidos do cinema francês e a primeira diretora a receber Oscar honorário pelo conjunto da obra.
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Morreu na noite desta quinta-feira (28/03), aos 90 anos, a cineasta Agnès Varda, considerada um dos nomes mais conhecidos do cinema francês. Segundo comunicado, Varda morreu em casa, em decorrência de um câncer.
Filha de pai grego e mãe francesa, Varda nasceu na Bélgica em 30 de maio de 1928. Com nacionalidade francesa, ela foi, para muitos, a "avó da Nouvelle Vague'" e a única mulher nesse movimento cultural que revolucionou o cinema do país, ao lado de nomes como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Éric Rohmer, Claude Chabrol, Alain Resnais e Jacques Demy, com quem foi casada até a morte dele, em 1990.
Feminista convicta, ela se sentiu particularmente orgulhosa de ser a primeira diretora a receber o Oscar honorário de Hollywood, em 2017, pelo conjunto da obra. Varda se engajou pelo movimento #metoo e pela igualdade entre os gêneros na área do cinema.
Autora de mais de 50 filmes desde a década de 1950, em fevereiro último ela mostrou no Festival de Cinema de Berlim o seu documentário autobiográfico Varda par Agnés.
Sua carreira teve início em 1940, quando já morava no sul da França, mais precisamente em Sète, onde conheceu Jean Vilar, fundador do Festival de Avignon. Foi quando ela deu seus primeiros passos como fotógrafa.
Da fotografia, ela passou para o cinema, de onde nunca mais saiu. Em 1955 dirigiu La Pointe-Courte, seu primeiro filme. Sete anos mais tarde pisava no tapete vermelho do Festival de Cannes com Cléo de 5 à 7, a primeira das muitas vezes nas quais o evento reconheceu o seu talento.
Apesar de sua obra ter uma marca documental, um carácter social e feminista, generoso e terno, a realizadora dizia que o seu maior combate no cinema era "fazer sempre algo de novo", sem perder o traço experimental, e transmitir emoções.
O Cesar honorário do cinema francês em 2001, a Palma de Ouro honorária em 2015, e o Oscar, também honorário, dois anos mais tarde, são alguns dos prêmios que destacaram sua grande carreira.
O ministro francês da Cultura, Franck Riester, elogiou Varda como "uma das maiores artistas do nosso tempo". Gilles Jacob, ex-diretor do Festival de Cinema de Cannes, disse: "Varda partiu, mas Agnes sempre restará: inteligente, viva, gentil, espiritual, engraçada e surpreendente como o seu trabalho".
De clássicos como "King Kong" e "Oito e meio" ao sucesso recente de "Ave, César!", há quase um século o próprio processo de produzir filmes tem se provado tema fascinante para cineastas e público.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/UIP
"Cantando na chuva" (1952)
O famoso musical enfoca a Hollywood da década de 20, na transição do filme mudo para o sonoro, quando a súbita pressão para representar com a voz representou o ocaso para diversos astros e estrelas do cinema. As sequências cantadas e dançadas com Gene Kelly (foto), Debbie Reynolds e Donald O'Connor são um forte tributo ao gênero musical da época.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
"King Kong" – original e remakes
Com um macaco-monstro e efeitos especiais icônicos, a versão de 1933 de "King Kong" foi um marco da história do cinema. Seguiram-se várias refilmagens, destacando-se as de 1976, com Jessica Lange e Jeff Bridges, e 2005 (foto), dirigida por Peter Jackson. O misto de história de amor bestial e thriller acompanha uma equipe cinematográfica à Ilha da Caveira, onde se depara com o colossal gorila.
Foto: Presse
"Bancando o águia" (1924)
Essa comédia muda foi possivelmente a primeira produção a revelar aos espectadores os bastidores da indústria cinematográfica. Em sonho, o projecionista Buster assume o papel do detetive Sherlock Holmes, resolve um caso e conquista o amor da mocinha. De volta à realidade, ele imita seu herói cinematográfico. "Sherlock Jr." é considerada uma das obras mais importantes do americano Buster Keaton.
Foto: AP
"O artista" (2011)
Também em "O artista", dois atores se encontram na transição para o filme sonoro. Rodado em preto-e-branco, com entretítulos e diálogo esparso, ele é uma homenagem à era do cinema mudo e uma declaração de amor à sétima arte. A produção francesa recebeu cinco Oscars e três Globos de Ouro, entre vários outros prêmios.
Foto: picture-alliance/dpa
"Crepúsculo dos deuses" (1950)
Em seu drama, Billy Wilder conta a história do cineasta fracassado Joe Gillis (William Holden) e da ex-diva das telas Norma Desmond (Gloria Swanson). O resultado é um retrato impiedoso da assim chamada "fábrica dos sonhos" Hollywood. O diretor evitou o quanto pôde revelar a trama a seus produtores, para evitar que o fizessem abrandar o tom crítico de seu "Sunset Boulevard" (título original).
Foto: AP
"O desprezo" (1963)
Jean-Luc Godard também retratou a comercialização do cinema nessa produção ítalo-francesa. Brigitte Bardot representa a esposa do roteirista Paul Javal (Michel Piccoli), cuja relação sucumbe à ganância e desconfiança, nas engrenagens da indústria cinematográfica hollywoodiana.
Foto: picture-alliance/United Archives
"Ed Wood" (1994)
Em preto-e-branco, Tim Burton retratou aqui um outro cineasta americano. Ambicioso e profundo admirador do gênio Orson Welles, porém desprovido de talento e verba, Edward D. Wood Jr. (Johnny Depp, dir. embaixo) produziu nos anos 50 uma série de filmes B com elementos de ficção científica e horror. Martin Landau recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel do ex-Drácula Bela Lugosi.
Foto: picture-alliance/United Archives
"O estado das coisas" (1982)
Um diretor igualmente enfrenta dificuldades financeiras neste filme do alemão Wim Wenders. Filmando em locação em Portugal, Friedrich Munro (Patrick Bauchau) decide ir pessoalmente para Los Angeles, quando as verbas e o material fotográfico esperados não chegam. Wenders inseriu diversas alusões a outros filmes e cineastas, como Friedrich Murnau, Fritz Lang e Roger Corman.
Foto: picture alliance / United Archives
"Deu a louca nos astros" (2000)
Escrita e dirigida por David Mamet, a comédia "State and Main" acompanha um caótica produção cinematográfica. Chegando a Vermont para filmar "O velho moinho", a equipe constata que cidade não tem mais um moinho. Aí a atriz principal súbito exige um cachê muito mais alto, o roteirista sofre bloqueio criativo, o protagonista passa a flertar com uma adolescente local (Julia Stiles, na foto).
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"8 1/2" (1963)
Clássico do cinema de autor, "Oito e meio", de Federico Fellini, gira em torno do cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), em meio a uma crise existencial acompanhada de bloqueio criativo. Claudia Cardinale (foto) representa a inalcançável Mulher Ideal. Portador dois Oscars, o filme é considerado uma obra prima do cinema autorrreferencial.
Foto: picture-alliance/dpa
"Boogie Nights: Prazer sem limites" (1997)
A ascensão e queda do astro pornô Dirk Diggler (Mark Wahlberg, esq.), discípulo e "galinha dos ovos de ouro" do diretor Jack Horner (Burt Reynolds), é pretexto para o também roteirista Thomas Paul Anderson traçar uma crônica do cinema pornográfico americano no fim da década de 70, às vésperas do ocaso de uma época áurea.
Foto: picture alliance / United Archives
"Ave, César!" (2016)
A comédia de Ethan e Joel Coen celebra a Hollywood dos anos 50, período em que a indústria cinematográfica sente a ameaça da competição pela televisão. Ao desaparecer misteriosamente do set de filmagens de um épico romano, o ator em decadência Baird Whitlock (George Clooney) representa um problema para Eddie Mannix, um produtor disposto a empregar drásticos para sanar os problemas do estúdio.