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RAF

Jochen Kürten (sv)25 de novembro de 2008

Cinema alemão já tratou à exaustão da história do terrorismo da RAF. Vozes críticas apontam preocupação excessiva com biografias dos terroristas. "Mogadíscio", filme para a TV, pretende assumir a perspectiva das vítimas.

Nadja Uhl e Christian Berkel: protagonists de 'Mogadíscio', que estréia na TV alemãFoto: picture-alliance/dpa

Ainda nos tempos das ações terroristas da RAF (Fração do Exército Vermelho), conhecidos diretores do Novo Cinema Alemão já se ocupavam das rupturas e atividades do grupo que gravitava em torno de Ulrike Meinhof e Andreas Baader.

'Alemanha no Outono', dirigido por Kluge, Fassbinder, Schlöndorff e outros

Os episódios de Alemanha no Outono (Deutschland im Herbst), dirigidos por Rainer Werner Fassbinder, Volker Schlöndorff, Alexander Kluge, Edgar Reitz e outros, foi um dos marcos do cinema do país e tratou de vários aspectos do terrorismo na época.

Filmes como Stammheim (1985), O Tempo de Chumbo (Die bleierne Zeit, 1978) e A Honra Perdida de Katharina Blum (Die verlorene Ehre der Katharina Blum, 1975), simbolizam um período de cinema politicamente engajado dirigido por um grupo de cineastas alemães que se tornariam internacionalmente conhecidos.

Na maioria das vezes, as personagens dos terroristas eram protagonistas dessses filmes. Décadas mais tarde, quando o cinema do país voltou a se ocupar do assunto, nada mudou nesse sentido. O silêncio após o tiro (Die Stille nach dem Schuss, 2000), A Segurança Interna (Die innere Sicherheit, 2000) e Baader (2002) seguem a regra de ter terroristas como personagens principais.

Vítimas como coadjuvantes

Até mesmo a superprodução de Bernd Eichinger (produtor mais conhecido do país), O Complexo Baader-Meinhof (Der Baader-Meinhof-Komplex, 2008), lançado este ano na Alemanha, se concentra nas biografias de Ulrike Meinhof, Andreas Baader e Gudrun Ensslin.

O longa, que foi extremamente criticado e chegou a ser apontado como um "filme histórico-pornográfico violento" pela crítica, não escapou das acusações de se concentrar, mais uma vez, na perspectiva dos terroristas. As vítimas, aqui, se mantêm na condição de coadjuvantes, como nos filmes sobre a RAF das décadas anteriores.

Cena da superprodução 'Complexo Baader-Meinhof'Foto: picture-alliance /dpa

Na contracorrente da dramaturgia que gira em torno dos terroristas, o diretor Heinrich Breloer se voltou em Todesspiel (Jogo mortal, 1997) para o seqüestro de um avião da Lufthansa por quatro terroristas palestinos, produção na qual depoimentos documentais de sobreviventes são misturados a cenas de ficção.

Ficção sobre Mogadíscio

E nesta semana será exibido pela ARD, rede de televisão de direito público, o filme Mogadíscio (Mogadischu), dirigido por Roland Suso Richter. O longa toma a perspectiva das vítimas do caso já retratado por Breloer em Jogo Mortal sem, porém, fazer uso de elementos documentais.

Mogadíscio se concentra na situação das 87 pessoas que passaram dias presas dentro do avião seqüestrado que iria da Ilha de Maiorca para Frankfurt, tendo sido desviado por terroristas para outras cidades até chegar à capital da Somália.

Monika Schumann, viúva de Jürgen Schumann, ex-comandante da Lufthansa assassinado durante o seqüestro, elogia a forma como diretor e roteirista conseguiram se aproximar do que ocorreu dentro do avião. Num filme centrado nos reféns do seqüestro, o comandante aparece como herói que sacrificou a própria vida para salvar tripulação e passageiros.

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