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Civis são evacuados de siderúrgica cercada em Mariupol

1 de maio de 2022

Cerca de cem pessoas foram retiradas de esconderijos na planta industrial, que está cercada por forças russas. Evacuação continua e pode vir a incluir também militares, afirma Kiev.

Funcionário da siderúrgica evacuado neste domingo abraça seu filho
Funcionário da siderúrgica evacuado neste domingo abraça seu filho, que já havia saído de Mariupol antesFoto: Alexander Ermochenko/REUTERS

Cerca de cem civis foram evacuados neste domingo (01/05) de esconderijos na siderúrgica de Azovstal, na cidade de Mariupol, depois que a ONU e a Cruz Vermelha conduziram um acordo para encerrar o cerco mais destrutivo na guerra na Ucrânia até o momento.

Forças russas isolaram a cidade portuária por quase dois meses e transformaram Mariupol em uma área de completa destruição, com um número de mortos ainda desconhecido e milhares tentando sobreviver sem água, comida e saneamento.

A cidade está sob controle russo, mas alguns combatentes ucranianos e civis se abrigaram no subsolo da siderúrgica, uma grande instalação da era soviética fundada por Josef Stalin e projetada com um labirinto de bunkers e túneis para resistir a ataques.

Um fotógrafo da agência Reuters viu dezenas de civis no domingo sendo recebidos em um centro de alojamento temporário. A ONU também confirmou que uma operação para evacuar as pessoas da siderúrgica estava em andamento.

Siderúrgica foi construída na era soviética com um labirinto de bunkers e túneis para resistir a ataquesFoto: Peter Kovalev/TASS/dpa/picture alliance

"[A] ONU confirma que está em andamento uma operação de corredor seguro na siderúrgica Azovstal, em coordenação com o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e as partes do conflito", disse o porta-voz da ONU, Saviano Abreu.

"Neste momento, e como as operações estão em andamento, não vamos compartilhar mais detalhes, pois isso poderia comprometer a segurança da população civil e do comboio", afirmou. O comboio tinha percorrido 230 quilômetros para chegar à siderúrgica, disse a Cruz Vermelha.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que 80 civis haviam sido evacuados da siderúrgica, e disse que os que optaram por ir a áreas controladas pelo governo ucraniano foram entregues a representantes da ONU e da Cruz Vermelha.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, confirmou que um primeiro grupo de cem pessoas evacuadas chegará à cidade de Zaporíjia, controlada pela Ucrânia, na segunda-feira. Segundo ele, o país segue trabalhando com a ONU para evacuar outros civis de Azovstal. "A operação está em andamento", disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, em um vídeo.

O chefe de gabinete de Zelenski, Andriy Yermak, indicou que as evacuações poderiam ir além de civis escondidos na siderúrgica. "Este é apenas o primeiro passo, e continuaremos a tirar nossos civis e militares de Mariupol", escreveu ele no Telegram.

Crianças entre os evacuados

O fotógrafo da Reuters viu civis chegando à vila de Bezimenne, em uma área de Donetsk, sob o controle de separatistas apoiados pela Rússia, a cerca de 30 quilômetros a leste de Mariupol. Eles estavam recebendo lanches e cuidados após semanas de sofrimento.

Crianças pequenas também estavam entre as retiradas da fábrica, onde as pessoas buscaram proteção enquanto os bombardeios destruíam sua cidade.

Fora das barracas em Bezimenne, duas crianças sentadas pareciam pensativas, enquanto uma delas brincava com um isqueiro sob o olhar de um homem fortemente armado. Uma mulher levava suas mãos ao rosto com emoção. E uma jovem estendeu a mão para acariciar um gato.

Parte dos civis foi levada a um centro de recepção em Bezimenne, na região de DonetskFoto: Alexander Ermochenko/REUTERS

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que se reuniu com Zelenski na quinta-feira, havia mencionado negociações em andamento para permitir a evacuação de Azovstal.

Neste domingo, o papa Francisco também havia pedido a instalação de corredores humanitários para retirar os ucranianos que estão cercados em Mariupol. Dirigindo-se a milhares de fiéis na praça de São Pedro, no Vaticano, para sua oração do meio-dia, Francisco descreveu a guerra na Ucrânia como uma "regressão macabra da humanidade" que o faz "sofrer e chorar".

bl (Reuters, AFP)