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Clima é prioridade para a mais jovem eurodeputada

Juuso Järviniemi fc
13 de julho de 2019

A dinamarquesa Kira Peter-Hansen, de 21 anos, é a política mais jovem a ter assento no Parlamento Europeu. Considerando sua juventude um trunfo, ela quer uma "transição verde ambiciosa" para combater a mudança climática.

Kira Peter-Hansen
Kira Peter-Hansen fez campanha eleitoral na Dinamarca por uma "transição verde ambiciosa"Foto: DW/B. Riegert

De tênis e calças vermelhas volumosas, Kira Peter-Hansen parece tranquila quando a DW a encontra no Mickey Mouse Bar do Parlamento Europeu, assim chamado por seus bancos de tecido fofos, nas cores primárias. Um lugar movimentado, onde políticos e jornalistas trocam histórias e fofocas comendo croissants subsidiados.

A dinamarquesa não é a típica representante política: com apenas 21 anos de idade, era estudante da Universidade de Copenhague ao se tornar a mais jovem eurodeputada já eleita. Ela é 61 anos mais nova do que o mais idoso dos atuais 751 parlamentares, o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.

"Meus assistentes são dez anos mais velhos do que eu", conta Peter-Hansen. "E também tenho gente de 40 ou 50 anos na Dinamarca. Acho que para todos é difícil ser líder pela primeira vez. Mas quando se é tão jovem quando eu, pode ser ainda mais assustador."

Até a mãe, diz, ficou mais "assustada" do que entusiasmada com a perspectiva de a filha se tornar deputada do Parlamento Europeu. Ver amigos também se tornou mais difícil desde que Peter-Hansen se mudou para a capital belga. Ela está tentando descobrir como "pode ter uma vida social na Dinamarca e também em Bruxelas".

Apesar desses desafios, ela vê sua juventude como um trunfo. "Penso que uma das grandes vantagens do Parlamento Europeu e da política em geral é que as gerações se encontram, e que podemos trabalhar em políticas que beneficiem toda a população", frisa.

Filiada ao Partido Popular Socialista da Dinamarca, ela integra a bancada dos Verdes no Parlamento Europeu. Nas eleições de maio, fez campanha por uma "transição verde ambiciosa", abrangendo indústria, agricultura e transportes, para abrir caminho à conservação do ambiente e a luta contra a mudança climática.

Kira Peter-Hansen esteve envolvida nos protestos pelo clima Fridays for Future (Greve pelo Futuro), e admite que provavelmente não estaria em Bruxelas se os jovens não tivessem saído às ruas. No entanto afirma que "frustração e ansiedade pelo futuro" já eram características de sua geração muito antes de a ativista do clima sueca Greta Thunberg, de 16 anos, ter transformado essas emoções num movimento político.

Para Kira Peter-Hansen, existe uma distância grande demais entre as instituições da UE e seus cidadãosFoto: DW/B. Riegert

E não é só o clima que preocupa essa camada da população: "Os jovens de hoje são realmente pressionados pelo sistema educacional. Nós temos sempre que dar o nosso melhor e nos concentrarmos realmente em nossas carreiras."

Como eurodeputada, Peter-Hansen está lutando pela reforma da Política Agrícola Comum da União Europeia. Ela defende também uma alocação mais ecológica de recursos no orçamento do bloco para os próximos sete anos, incluindo mais dinheiro para uma agricultura que respeite o meio ambiente e para "pesquisa e tecnologias que promovam o investimento e a transição climática".

Em nível pessoal, Peter-Hansen evita viajar de avião para manter baixas suas emissões de CO2. Ela tenta também organizar sua agenda de modo a passar menos tempo viajando entre Bruxelas e Dinamarca. As viagens constantes, segundo ela, são "uma das grandes questões do trabalho parlamentar".

A parlamentar dinamarquesa usa o Instagram para se conectar com seus eleitores, postando atualizações regulares e informações sobre "o que estou fazendo e o que estamos votando". "A Dinamarca é um país pequeno. Tenho 4 mil seguidores, e 2 mil deles veem meus stories no Instagram. Então, estou feliz."

Para Kira Peter-Hansen, existe uma distância excessiva entre as instituições da União Europeia e seus cidadãos: com muita frequência, a forma prevalece sobre a substância. Um exemplo são as atuais lutas internas para decidir quem assume os principais mais altos do bloco. "Quando se fica falando de pessoas, indivíduos e instituições, a geração mais jovem se desliga, porque isso é chato, é irrelevante", conclui.

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