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Esporte

Clube alemão sob crítica por homenagem a torcedor neonazista

Jens Krepela | Philip Verminnen
13 de março de 2019

Torcedores e jogadores do Chemnitz reverenciam notório extremista com coreografia, discurso e minuto de silêncio. Clube inicialmente justifica realização do ato, depois se distancia, fala em coação e registra ocorrência.

Torcedores do Chemnitz executam coreografia em honra ao falecimento de um hooligan neonazista
"Descanse em paz, Tommy": o hooligan neonazista Thomas H. foi reverenciado por torcedores do ChemnitzFoto: imago/H. Haertel

Reiteradamente, clubes de futebol do leste da Alemanha viram notícia por escândalos em torno do comportamento agressivo e extremista de hooligans – que não têm o menor constrangimento em propagar ideais neonazistas e adoram ignorar quaisquer diretrizes de segurança dentro dos estádios.

No último fim de semana, o Chemnitz foi a vítima – e o complacente – da vez. No duelo com o VSG Altglienicke, de Berlim (empate em 4 a 4), as torcidas organizadas e alguns jogadores do Chemnitz reverenciaram publicamente um falecido torcedor do clube – e conhecido nome da cena de extrema direita.

Antes do jogo, um retrato de Thomas H. foi exibido no telão do estádio. Atrás de um dos gols, hooligans executaram uma coreografia em homenagem ao colega morto e fizeram um minuto de silêncio, durante o qual uma cruz branca desenhada num pano preto foi alçada, além de uma faixa com a frase "descanse em paz, Tommy". Os hooligans realizaram também um show de pirotecnia – o que é proibido em estádios alemães – e deram um discurso em honra aos serviços prestados por Thomas H. ao Chemnitz.

Durante a partida, o atacante Daniel Frahn – com passagens pela seleção Sub-19 da Alemanha e pelo RB Leipzig – celebrou seu gol levantando uma camiseta preta com a frase "Support your local Hools" (Apoie os hooligans locais, em tradução livre).

O conjunto de incidentes gerou uma avalanche de críticas e catapultou o Chemnitz em modo de crise. Horas depois do jogo, o gerente comercial do clube, Thomas Uhlig, pediu demissão "para evitar maiores danos ao Chemnitz FC".

Além disso, o clube cortou os laços com Peggy Schellenberger, responsável pela comunicação entre clube e torcedores e também vereadora pelo Partido Social-Democrata (SPD). Schellenberger prestou condolências oficiais a Thomas H. na página dela no Facebook e recebeu duras críticas. Um funcionário do departamento de comunicação do clube e o locutor do estádio também perderam seus cargos. O atacante Frahn recebeu uma multa em dinheiro.

De acordo com Klaus Siemon, o administrador da insolvência do Chemnitz [que entrou em processo de falência em 2018], os acontecimentos no jogo contra o VSG Altglienicke se desviaram tanto da norma "que deve ser esclarecido como foi possível isso acontecer". Ele disse que depoimentos de funcionários do clube sugerem coação, pois haveria risco de distúrbios se a homenagem não ocorresse.

"Apoie os hooligans locais", diz a frase na camiseta erguida pelo atacante Daniel Frahn durante a celebração de um golFoto: imago/H. Haertel

No domingo, o clube inicialmente comunicou que a cerimônia era um ato de humanidade com um torcedor falecido e de forma alguma uma homenagem às posições assumidas por ele em vida, dando a entender que havia concordado com o ato. "É um mandamento da humanidade – aos torcedores do Chemnitz e parentes e amigos que pediram a permissão de uma homenagem", afirmou.

Na segunda-feira endureceu sua posição e registrou ocorrência para esclarecer as circunstâncias que levaram à cerimônia.  O clube afirmou que tomou conhecimento que "pessoas relevantes e bem conhecidas da cena extremista de direita viajaram de outras cidades para Chemnitz e a Saxônia para este dia".

O Chemnitz possui um histórico de problemas com agrupamentos de torcedores extremistas – a cena de extrema direita da cidade tem fortes laços com hooligans. Muitos destes grupos chegaram a ser banidos de entrar nos estádios pelo próprio clube: por exemplo, a aliança HooNaRa (abreviação para hooligans, nazistas e racistas), fundada por Thomas H., ou os "NS Boys" – oficialmente "NS" significa "nova sociedade", mas também é a abreviação de nacional-socialismo ou nazismo.      

O Chemnitz é um tradicional clube do leste alemão – presença constante na 2. Bundesliga na década de 1990 e rebaixado da 3. Bundesliga na temporada passada – e lidera a Liga Regional Nordeste, apesar dos recentes problemas financeiros. Segue a passos largos para voltar ao futebol profissional na Alemanha.

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