Clubes alemães se unem em apoio a refugiados
4 de setembro de 2015O Campeonato Alemão tem sido saudado há algum tempo por ter uma das poucas ligas que ainda dedica mais atenção às pessoas do que ao dinheiro. Nas últimas semanas, esse foco se estendeu para bem além das arquibancadas dos estádios dos clubes. As principais equipes expuseram publicamente apoio aos milhões de refugiados que buscam acolhimento na Europa.
No dia 3 de setembro, o Bayern de Munique divulgou uma declaração afirmando que vai doar 1 milhão de euros para projetos com refugiados. Vai oferecer, além disso, campos de treinamento, aulas de alemão e comida. No fim de semana passado, no jogo contra o Leverkusen, em Munique, uma faixa foi vista no estádio com a seguinte mensagem: "Fomentar o ódio contra gregos falidos e refugiados. Isso se chama racismo. Tire o racismo de suas cabeças."
No fim de agosto, o Borussia Dortmund convidou 220 refugiados para ver a partida de volta das Liga Europa contra Odds BK. A iniciativa fez parte da campanha "Chegando a Dortmund", promovida pela cidade.
O foco das iniciativas é transpor barreiras, ter a certeza de que está chegando ajuda e de que os refugiados se instalaram em Dortmund. Este número é maior do que o número de sírios que o governo inglês recebeu através do seu esquema de acolhimento de refugiados, conforme o jornal britânico The Independent. Por trás da iniciativa está um projeto " através do qual o clube se dedica a questões sociais e, como o lema do clube, pretende distribuir amor verdadeiro.
O clube rival do Dortmund também se engajou à causa. O Shalke convidou 100 refugiados para o seu primeiro jogo na temporada. O clube também criou a ideia da "caixa do amigo", onde roupas e brinquedos podem ser enviados aos refugiados. Recentemente, o Shalke divulgou um vídeo que mostra o ídolo Gerald Asamoah falando sobre a importância da compreensão do que é ser humano e que a união para enfrentar os desafios é o caminho para conquistas extraordinárias. O Dortmund respondeu, dizendo: "Separados por cores, mas unidos nisso."
Outros clubes também se envolveram. O Werder Bremen criou o projeto "Continue com a bola" para ajudar os refugiados na região, enquanto Hannover e Hoffenheim distribuíram kits e sapatos. O Ingolstadt trabalha com uma escola na sua região para combater o racismo, e o Colônia continua o seu projeto com grupos de refugiados. Com foco semelhante, o Stuttgart desenvolve um projeto próprio juntamente com um teatro da cidade para ajudar pessoas carentes.
O Leverkusen começou um projeto chamado "Bayer 04 faz escola", onde o foco é ajudar crianças refugiadas a entrarem em um clube. De 42 mil euros coletados pelo seu projeto "Jogo do Coração", 14 mil euros foram doados para o conselho de refugiados da cidade. Até mesmo os times da segunda divisão mostraram sua solidariedade. O Fortuna Düsseldorf convidou 150 refugiados para seu jogo contra o Freiburg. No início do ano, o Dynamo Dresden ofereceu 300 ingressos para um jogo da liga como parte de uma campanha de boas-vindas.
O presidente do Dresden, Robert Schäfer, postou uma declaração no site do clube. "Hospitalidade, respeito e abertura aos requerentes de asilo seguem diretamente os valores esportivos mantidos pelos nossos times. Os refugiados vêm até nós porque são perseguidos na sua terra natal por suas crenças e temem pela própria vida. Como clubes esportivos, nós queremos mostrar a essas pessoas que, apesar de tudo o que têm sofrido, elas são bem-vindas ao nosso meio", disse.
No ano passado, uma campanha coletiva apresentava cartazes escritos: "Bem-vindos, refugiados" em vários estádios de futebol na Alemanha. Está sendo reunido apoio em mídias sociais para organizar algo semelhante na Inglaterra.
A seleção alemã de futebol também divulgou um vídeo para marcar sua posição contra a violência e o racismo, com o dirigente Oliver Bierhoff declarando que a equipe estava determinada a enviar uma mensagem.
É claro que nenhuma dessas ideais pode ser vista como solução permanente para milhares de problemas. Mas a sensibilização dos clubes mostra que até mesmo em um mundo onde o dinheiro e o status são inflados para muito além da nossa compreensão, uma mão solidária ainda está sendo oferecida.