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Coalizão de governo vence eleição parlamentar na Áustria

30 de setembro de 2013

Coalizão entre social-democratas e conservadores obtém maioria e pode continuar no poder na Áustria, mas manutenção da aliança é incerta. Extrema direita sobe na preferência do eleitorado e fica em terceiro lugar.

Social-democrata Werner Faymann festeja o resultadoFoto: picture alliance/AP Photo

Apesar da perda de votos, os partidos da coligação governista ganharam a eleição deste domingo (29/09) para o Conselho Nacional, a câmara baixa do Parlamento da Áustria, e podem manter sua grande coalizão no poder.

Resultados oficiais preliminares apontam que o Partido Social-Democrata Austríaco (SPÖ), do atual chanceler federal Werner Faymann, ficou em primeiro lugar, com 27,1% dos votos (menos 2,2 pontos percentuais em relação à última eleição). Seu parceiro de coligação, o Partido Popular Austríaco (ÖVP), de centro-direita, veio logo atrás, com 23,8% dos votos (menos 2,2 pontos percentuais frente à última eleição).

Faymann anunciou que vai iniciar as negociações para manter a coalizão com o ÖVP. "Eu vou me esforçar por um governo estável. Acredito que somos capazes de criar uma base para o futuro", afirmou o presidente do SPÖ. Os conservadores, porém, mostraram-se divididos quanto à manutenção da aliança.

Apesar do resultado, o grande vencedor da eleição foi a agremiação de extrema direita Partido da Liberdade Austríaca (FPÖ), que chegou a 21,4% dos votos, o que representa um aumento de 3,9 pontos percentuais em relação à eleição anterior. "Existem três partidos dominantes desde a noite de hoje na Áustria", festejou o candidato principal do FPÖ, Heinz-Christian Strache.

Com o resultado, o FPÖ ganhou 40 dos 183 assentos do Conselho Nacional e se ofereceu abertamente como possível parceiro de coalizão do ÖVP. Strache aconselhou ao ÖVP libertar-se da "vinculação autoimposta" ao SPÖ.

Líder do FPÖ, Christian Strache, festeja resultado e se oferece como parceiro de coalizãoFoto: Reuters

Outros partidos que conseguiram superar o limite mínimo de 4% dos votos para entrar no Parlamento austríaco foram o Partido Verde, com 11,5% dos votos (alta de 1,1 ponto percentual), e os novatos Team Stronach, com 5,8%, e NEOS, com 4,8% dos votos.

Grande coalizão

Na noite após a eleição, o candidato do ÖVP à chancelaria federal austríaca, Michael Spindelegger, não quis assumir nenhuma posição definitiva e não descartou uma coligação com a extrema direita: "Naturalmente, tudo é possível."

Segundo ele, algo de essencial deverá mudar. "O resultado eleitoral foi certamente um aviso para os dois grandes partidos, que formavam a grande coalizão."

A coalizão entre social-democratas e conservadores é a mais frequente forma de governo na Áustria. Juntos ou alternando-se, eles já estão à frente do governo há 68 anos. Desde 2008 formam uma grande coalizão. Na eleição deste domingo, os partidos chegaram a 50,9% dos votos e detêm agora 99 dos 183 assentos do Conselho Nacional (SPÖ 52, ÖVP 47), ou seja, sete a mais do que o necessário para a maioria absoluta de 92 mandatos.

Mas, para os dois grandes partidos austríacos, esse foi o pior resultado eleitoral desde 1945. Além de estar envolvida em escândalos de corrupção, a coalizão de governo foi criticada pela estagnação ou pela morosidade na implantação de reformas necessárias, o que pode explicar agora a queda histórica no número de votos.

Por outro lado, os dois partidos governistas puderam ganhar pontos nesta eleição com o fato de a crise do euro pouco ter atingido a Áustria, que apresenta hoje a menor taxa de desemprego da União Europeia (4,8%).

Apesar das declarações de Spindelegger, outros líderes do ÖVP defendem a continuação da grande coalizão. Também especialistas acreditam numa continuidade política. "Essa é a continuação de um resultado que temos visto nos últimos 20 a 30 anos. Eu acredito que a grande coalizão irá continuar seu trabalho, mesmo que ela não mais possa ser chamada realmente de uma 'grande coalizão'", afirmou a socióloga Sylvia Kritzinger, da Universidade de Viena.

Frank Stronach, presidente do Team Stronach, entrou no Parlamento com palavras eurocéticasFoto: picture alliance/AP Photo

Prós e contras

Até início da década de 1980, no entanto, os dois partidos chegavam a obter 90% dos votos austríacos. Desde então, principalmente a oposição de direita tem se fortalecido na Áustria. Além do FPÖ, outro partido eurocético, o Team Stronach, do milionário austríaco-canadense Frank Stronach, conseguiu entrar no Parlamento austríaco com 11 mandatos ou 5,8% dos votos nas eleições deste domingo.

Juntos, o FPÖ e o Team Stronach chegaram a mais de 27% dos votos. Com palavras de ordem contra a União Europeia, ambos tentaram ganhar eleitores com a exigência de desmantelamento da união monetária ou exigindo até mesmo a saída da Áustria da zona do euro e a reintrodução de sua antiga moeda, o xelim.

Com um direcionamento pró-europeu, SPÖ, ÖVP e Partido Verde, por outro lado, apoiaram os fundos de resgate europeus, como também outras formas de ajuda a países em dificuldades, amparando assim os esforços da Alemanha na luta contra a crise da dívida na zona do euro.

Também com um curso pró-europeu e defendendo o liberalismo econômico, bem como uma reforma da educação, o partido recém-fundado NEOS conseguiu entrar no Parlamento em Viena. Por outro lado, com 3,6% dos votos, o partido de extrema direita Aliança para o Futuro da Áustria (BZÖ), do antigo líder populista Jörg Haider, morto em 2008, não conseguiu atingir o percentual mínimo e ficou fora do Conselho Nacional.

A participação eleitoral foi de 77% e o resultado oficial deverá ser divulgado até o final desta semana. Os atuais resultados preliminares ainda não consideraram os eleitores que preferiram votar por carta. Um porta-voz do Ministério do Interior austríaco informou, no entanto, que os votos por carta não deverão provocar "grande mudança" nos resultados.

CA/dpa/afp/lusa/rtr

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