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Coalizão dos EUA bombardeia forças leais a Assad na Síria

8 de fevereiro de 2018

Aliança internacional liderada por Washington afirma ter matado 100 membros de forças do regime sírio em resposta a "ataque não provocado" por parte de Damasco. Rússia diz que EUA mantêm presença ilegal na Síria.

Aviões da coalizão internacional atacaram forças pró-Assad na província de Deir ez-Zor
Aviões da coalizão internacional atacaram forças pró-Assad na província de Deir ez-ZorFoto: Picture alliance/AP Photo/U.S. Air Force/M. Bruch

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos na Síria informou nesta quinta-feira (08/02) que realizou, na noite passada, uma série de ataques aéreos que deixaram mortos ao menos 100 membros de forças leais ao regime de Bashar al-Assad.

Os bombardeios foram uma resposta a um "ataque não provocado contra a sede das Forças Democráticas Sírias", disse o Comando Central dos EUA, referindo-se aos aliados sírios da coalizão internacional, que estavam acompanhados por consultores americanos no local.

Os ataques ocorreram na província de Deir ez-Zor, próximo ao rio Eufrates, numa região rica em petróleo. As Forças Democráticas Sírias, uma aliança entre milícias árabes e curdas, desempenham um importante papel na guerra contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).

Leia também: O dilema dos EUA na Síria

Uma autoridade militar americana disse que a ofensiva das forças pró-regime envolveu 500 soldados armados com tanques de guerra, artilharias e morteiros. O bombardeio da coalizão, por sua vez, ocorreu em retaliação, após "20 ou 30 cargas de artilharia caírem a cerca de 500 metros da sede das Forças Democráticas Sírias".

O oficial, que falou com agências de notícias sob condição de anonimato, não especificou se seriam tropas sírias ou de milícias de países como o Iraque e o Líbano, que apoiam o regime de Assad.

Ele sustenta que a coalizão havia alertado com antecedência as forças militares russas, aliadas a Assad, sobre a presença de grupos aliados sírios na região. "Oficiais da coalizão mantiveram comunicações regulares com seus homólogos russos antes, durante e após o ataque [das forças sírias]", disse o militar.

Os Estados Unidos e a Rússia mantêm contatos regulares para evitar confrontos inesperados entre as forças que ambos os lados apoiam na região.

O Ministério da Defesa russo rechaçou o ataque aéreo da coalizão nesta quinta-feira, afirmando que o incidente reflete os esforços de Washington em comprometer a recuperação econômica da Síria.

Segundo o órgão, o episódio "demonstrou mais uma vez que os Estados Unidos mantêm uma presença ilegal na Síria, não para combater o grupo Estado Islâmico, mas para destruir as infraestruturas econômicas sírias". 

O ministério russo explicou ainda que as forças sírias fiéis a Damasco não conseguiram coordenar a ação com os militares russos antes do início da missão. 

O incidente, considerado um dos mais mortais já registrados entre os dois lados, ocorre num momento em que se agravam as tensões entre Damasco e Washington. Os EUA acusam o regime de Assad de ter utilizado armas químicas, o que as autoridades sírias negam. 

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito no país árabe, afirma que 171 civis foram mortos em quatro dias de combates na região. Segundo a ONG, as milícias que atacaram as Forças Democráticas Sírias pertencem a grupos tribais ou a uma milícia xiita afegã.

O conflito na Síria, iniciado em 2011, ganhou novos contornos com a ingerência de potências estrangeiras e grupos jihadistas. A guerra civil já provocou mais de 340 mil mortes e deixou milhões de deslocados e refugiados.

RC/rtr/lusa/afp

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