Coca-Cola, Pepsi e Nestlé: as maiores poluidoras dos mares
9 de outubro de 2018
Relatório do Greenpeace afirma que grande parte de embalagens recolhidas na costa de 42 países pertencem a produtos destas três multinacionais. Maioria desse lixo é plástico de difícil reciclagem.
Anúncio
As multinacionais Coca-Cola, Pepsi e Nestlé são as empresas que mais contribuem para a poluição dos oceanos com lixo plástico, segundo um relatório do Greenpeace e da iniciativa Break Free from Plastic divulgado nesta terça-feira (09/10).
Junto com a iniciativa, o Greenpeace organizou 239 limpezas em setembro na costa de 42 países, entre eles Filipinas, Tailândia, Austrália, Chile, Equador, Brasil, México, Estados Unidos, Canadá e Espanha. A ação contou com 10 mil voluntários.
"O relatório demonstra de forma irrefutável o papel das grandes corporações em perpetuar a poluição mundial de plástico", afirmou Von Hernández o coordenador global do movimento Break Free from Plastic, no lançamento do estudo em Manila.
Foram recolhidas 187 mil peças de plástico, e 65% correspondiam a embalagens de produtos de grandes corporações mundiais, com Coca-Cola, Pepsi e Nestlé à frente. Garrafas da marca Coca-Cola foram encontradas em 40 países.
Plástico polui oceanos do Ártico à Antártida
01:01
Essas multinacionais são seguidas no ranking por Danone, Mondelez, Procter & Gamble, Unilever, Perfetti Van Melle, Mars Incorporated e Colgate-Palmolive, todas ligadas a alimentação, higiene e produtos de limpeza doméstica.
Cerca de 100 mil peças ou porções de plástico recolhidos eram de materiais que são impossíveis ou muito difíceis de reciclar, como o poliestireno, o PVC (policloreto de polivinila), PET (tereftalato de polietileno), usados sobretudo em garrafas e recipientes.
"Essas companhias têm que escolher, podem ser parte do problema ou da solução. Se continuarem a utilizar em seus produtos revestimentos desnecessários de plástico, continuarão encorajando sua fabricação e, portanto, a poluição", destacou Hernández.
Atualmente, a produção de plástico alcançou as 320 milhões de toneladas métricas por ano e, na próxima década, está previsto que cresça 40%, o que aumentará exponencialmente a liberação de gases do efeito estufa, já que 90% dos plásticos são produzidos a partir de fontes fósseis.
O relatório enfatiza que as grandes corporações devem assumir sua responsabilidade na poluição do meio ambiente em vários níveis, já que a produção deste tipo de embalagem expõe as comunidades que vivem perto das fábricas a substâncias nocivas, além da contaminação causada em alimentos e produtos que foram embalados com plástico.
Além disso, 80% das 8,3 bilhões de toneladas métricas de plástico produzidas desde 1950 ainda permanecem no meio ambiente, principalmente nos oceanos. Desde então, apenas 9% dessa quantidade de plástico foram reciclados adequadamente e 12%, incinerados.
A Coca-Cola, Pepsi e Nestlé se comprometeram a reduzir as embalagens para 2025. A Coca disse que todas as suas embalagens serão recicladas, a Nestlé também pretende investir na reciclagem e reuso e a Pepsi quer utilizar material biodegradável na produção.
CN/efe/rtr
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.