Colômbia abriga cerca de mil militares venezuelanos
18 de março de 2019
Governo colombiano acolhe desertores das forças de segurança da Venezuela e seus familiares e afirma lidar com a "mais complexa e desafiadora crise migratória" de sua história.
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O Ministério de Relações Exteriores da Colômbia afirmou neste domingo (17/03) que cerca de mil militares venezuelanos desertaram e pediram refúgio no país. Eles levaram consigo cerca de 400 parentes.
O governo colombiano informou que estabeleceu um centro de recepção e atenção aos refugiados seguindo as normas internacionais de direitos humanos.
Segundo as autoridades, um número significativo de militares do país vizinho tem seus pedidos de refúgio em trâmite, e os que já tiveram suas solicitações aprovadas receberam autorizações temporárias que lhes permitem permanecer na Colômbia.
"Os cerca de mil ex-membros da força pública venezuelana que chegaram em busca de proteção fizeram a entrega de suas armas e uniformes, que se encontram sob a custódia da Força Pública colombiana", afirma um comunicado do ministério.
Os militares e suas famílias foram entrevistados pelas autoridades migratórias e receberam cuidados básicos de saúde, apoio legal, alojamento transitório e alimentação. "A Colômbia enfrenta a mais complexa e desafiadora crise migratória de sua história", afirma a nota.
O governo colombiano exaltou o apoio logístico fornecido pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e disse que o governo trabalha juntamente ao embaixador nomeado pelo opositor venezuelano e autoproclamado presidente interino da República, Juan Guaidó, para buscar soluções para os desertores.
"Esclarecemos que o governo colombiano não vai tolerar nenhuma alteração da ordem pública ou ameaças à segurança por parte de nenhum cidadão de nenhuma condição ou nacionalidade e estará atento para tomar as decisões necessárias caso ocorra alguma ameaça desta natureza", disse o ministério.
A Venezuela atravessa uma grave crise política ao mesmo tempo em que sofre os efeitos da hiperinflação, escassez de medicamentos e alimentos e de um colapso nos serviços públicos. Neste mês, um apagão de quase uma semana de duração paralisou grande parte do país e afetou as comunicações, transportes comércio e o abastecimento de água.
Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, aprofundou a crise política no país ao se autoproclamar presidente interino no dia 23 de janeiro. Desde então, ele recebeu o apoio de mais de 50 governos em todo o mundo.
Desde a fracassada tentativa de permitir a entrada de ajuda humanitária no país através da Colômbia e do Brasil, no dia 23 de fevereiro, vários membros das forças de segurança venezuelana desertaram e abandonaram o país.
RC/efe/ep
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Maduro reprime tentativa da oposição de entrar no país com ajuda humanitária a partir da Colômbia e do Brasil. Confrontos entre manifestantes e militares deixam mortos e centenas de feridos em cidades fronteiriças.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/H. Matheus
Comboios de ajuda humanitária
A oposição liderada por Juan Guaidó com apoio dos governos brasileiro, colombiano e de outros países da região buscou reforçar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro com o envio de ajuda humanitária para a Venezuela a partir do Brasil e da Colômbia, mas a tentativa foi duramente reprimida pelo governo venezuelano ao longo do sábado (23/02).
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Fronteiras reforçadas
Maduro mandou fechar as fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia para impedir a entrada de ajuda humanitária, reforçando os bloqueios com militares das Forças Armadas venezuelanas instalados nas divisas. O líder chavista alega que o ingresso de ajuda não passa de um pretexto para os Estados Unidos promoverem um golpe de Estado no país.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Llano
Confrontos na fronteira brasileira
Na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, conflitos irromperam quando dois veículos carregados de ajuda humanitária foram impedidos de prosseguir. Militares do regime chegaram a lançar gás lacrimogêneo contra manifestantes opositores que estavam do lado brasileiro, enquanto estes atiraram coquetéis molotov contra soldados venezuelanos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/I. Valencia
Mortos e feridos
Choques na cidade fronteiriça de Santa Elena de Uairén, na divisa com Roraima, teriam deixado ainda ao menos quatro mortos, segundo informações de uma ONG e de um deputado venezuelano da oposição. Além disso, vários feridos foram levados para hospitais no Brasil, muitos com ferimentos a bala. Na véspera, outras duas pessoas já haviam sido mortas por forças do regime na região.
Foto: Reuters/R. Moraes
Choques na fronteira colombiana
Confrontos violentos também foram registrados na fronteira da Venezuela com a Colômbia. Na cidade venezuelana de Ureña, onde fica uma das pontes que conectam os dois países, tropas chavistas dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Llano
Veículos incendiados
Caminhões carregando ajuda humanitária também foram impedidos de entrar na Venezuela a partir da fronteira com a Colômbia. Na ponte Francisco de Paula Santander, que liga a cidade de Cúcuta a Ureña, pelo menos dois veículos foram incendiados. Manifestantes conseguiram salvar parte da carga. A oposição culpou membros de grupos paramilitares chavistas pelos incêndios.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Abd
Centenas de feridos
Na ponte Simón Bolívar, mais ao sul, também houve uma série de confrontos, com manifestantes atirando pedras e coquetéis molotov nos militares venezuelanos a partir do lado colombiano. Os choque ao longo de toda a fronteira entre a Colômbia e a Venezuela deixaram ao menos 285 feridos, sendo 255 cidadãos venezuelanos e 30 colombianos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Llano
Maduro em Caracas
Enquanto os confrontos eclodiam nas fronteiras, Maduro resolveu encenar uma demonstração de força na capital, Caracas. Em um discurso de mais de uma hora diante de uma multidão de apoiadores, ele lançou acusações contra os Estados Unidos, prometeu defender a Venezuela de intervenções estrangeiras e anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia.
Foto: Reuters/M. Quintero
Guaidó em Cúcuta
Por sua vez, o líder oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela e foi reconhecido por 50 países, defendeu a entrada de ajuda humanitária em seu país e ajudou a organizar uma procissão de caminhões carregando mantimentos a partir da Colômbia. Após o fracasso das tentativas de furar os bloqueios militares, ele acusou Maduro de crime de lesa humanidade.
Foto: Reuters/M. Bello
Deserção de militares
O dia de tensões também foi marcado pela deserção de dezenas de militares venezuelanos. Segundo Bogotá, mais de 60 membros das Forças Armadas da Venezuela fugiram do país e buscaram refúgio na Colômbia ao longo do sábado. Entre eles há oficiais do Exército, da Marinha, da Guarda Nacional, da Polícia Nacional Bolivariana e das Forças Especiais.