Exilado na Colômbia desde fevereiro, Julio Borges é acusado por Caracas de ser o autor intelectual de um suposto atentado contra Nicolás Maduro. Refúgio é concedido depois de morte de opositor na Venezuela.
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Três dias após a morte de um político da oposição na Venezuela, o governo da Colômbia concedeu ao deputado venezuelano Julio Borges refúgio no país, anunciaram fontes oficiais nesta quinta-feira (11/10).
"A Comissão Nacional para a Determinação da Condição de Refugiado avaliou o pedido apresentado pelo cidadão venezuelano Julio Borges e considerou que os receios de perseguição alegados pelo solicitante são fundados", disso o Ministério do Exterior em nota.
A decisão foi tomada depois de o presidente colombiano, Iván Duque, rejeitar o pedido de extradição de Borges apresentado pelo governo venezuelano. Caracas acusa o opositor de ser o autor intelectual de um suposto atentando contra o presidente Nicolás Maduro.
Em 4 de agosto, duas explosões, que as autoridades de Caracas dizem ter sido provocadas por dois drones, obrigaram Maduro a abandonar rapidamente uma cerimônia de celebração do 81º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana. Sete militares ficaram feridos.
A cerimônia, realizada na Avenida Bolívar de Caracas, era transmitida ao vivo pelas rádios e emissoras de televisão venezuelanas e, no momento em que Maduro discursava, ouviu-se uma das explosões.
Críticos do regime questionam a versão do governo e apontam que o regime já usou outros incidentes para reprimir opositores e manter seu controle do país, que passa por uma grave crise econômica e política.
Dias após o ataque, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ordenou a captura de Borges e do deputado Juan Requesens. Os dois foram acusados de tentativa de homicídio doloso contra Maduro.
Borges está exilado na Colômbia desde fevereiro, quando as negociações entre Caracas e a oposição na República Dominicana, que visavam uma solução para a crise no país, fracassaram.
Nesta segunda-feira, um vereador da oposição ligado a Borges morreu na sede do serviço secreto da Venezuela, em Caracas, após ser detido acusado de ter participado do suposto atentado. O governo alegou que Fernando Albán se suicidou, mas a versão é contestada por familiares da vítima e críticos do regime.
CN/efe/dpa
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Entre 400 e 600 imigrantes chegam diariamente a Pacaraima, na fronteira da Venezuela com o Brasil. Sobrecarregada, pequena cidade é palco de xenofobia. Quem pode pagar segue logo viagem para Boa Vista.
Foto: DW/Y. Boechat
Chegada ao centro de acolhimento
Venezuelanos recém-chegados ao Brasil recebem café e biscoitos no centro de acolhimento de refugiados na fronteira com a Venezuela, em estrutura montada pelo governo federal na cidade de Pacaraima. Diariamente, entre 400 e 600 venezuelanos chegam a este posto para pedir refúgio ou residência no Brasil. Aqui são vacinados e examinados, antes de poderem seguir para Boa Vista.
Foto: DW/Y. Boechat
Vacinação necessária
Isabeli Ortega, de apenas um ano, aguarda para ser vacinada no posto de acolhimento do governo federal na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Muitos dos imigrantes venezuelanos que chegam ao Brasil não foram imunizados contra doenças que estavam praticamente erradicadas da região, como o sarampo.
Foto: DW/Y. Boechat
Convivência difícil em Pacaraima
Brasileiros e venezuelanos discutem na área central da pequena Pacaraima. Sem estrutura para abrigar tantos imigrantes, a cidade entrou em colapso, e moradores passaram a atacar imigrantes. Desde o dia 18 de agosto, quando 1,2 mil venezuelanos foram expulsos da cidade por brasileiros armados com paus e pedras, o clima em Pacaraima é de tensão.
Foto: DW/Y. Boechat
Próximo passo
Imigrantes venezuelanos em Pacaraima se preparam para embarcar em ônibus que os levarão a Boa Vista. Ao preço de R$ 20, a viagem de mais de 200 km ainda é um luxo para boa parte dos imigrantes que chegam ao Brasil. Muitos não têm dinheiro para bancar o trajeto e, como não há a opção de transporte gratuito, ficam na pequena cidade fronteiriça tentando conseguir recursos para viajar.
Foto: DW/Y. Boechat
Destino: Boa Vista
Imigrantes venezuelanos aguardam a chance de ir para Boa Vista em um dos pontos de táxi da cidade. A corrida até a capital custa, em média, R$ 50 por pessoa. Os venezuelanos que cruzam a fronteira com algum recurso financeiro costumam optar pela viagem de táxi. O êxodo em direção ao Brasil aqueceu o mercado de transporte local.
Foto: DW/Y. Boechat
Abrigos sobrecarregados
Roupas secam ao sol no abrigo Rondon 1, em Boa Vista. Pouco mais de 4 mil imigrantes venezuelanos vivem em refúgios como este na capital de Roraima. Construídos pelo governo federal com o apoio da ONU, os abrigos são insuficientes para a grande quantidade de imigrantes que chegam à cidade.
Foto: DW/Y. Boechat
Interiorização aos poucos
Esta família venezuelana aguarda a chance de deixar Roraima e seguir em direção a outros estados brasileiros. Em seis meses, o programa de interiorização do governo federal conseguiu transferir apenas mil dos 30 mil venezuelanos que estão instalados em Roraima. Até o fim do ano, promete o Planalto, outros 2,3 mil venezuelanos seguirão para diferentes estados do país.