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Pérola gótica

8 de janeiro de 2011

A "rainha das catedrais" alemãs fica na cidade de Colônia, às margens do Rio Reno. Construída ao longo de 630 anos e após atravessar duas guerras mundiais, ela está agora ameaçada pela especulação imobiliária.

A Catedral de Colônia

A opinião é praticamente unânime: a Catedral de Colônia é o prédio sacro mais famoso da Alemanha. Sua história se inicia em 1164, quando o imperador alemão Frederico Barba Roxa saqueou Milão, transferindo os supostos restos mortais dos Três Magos para a cidade renana de Colônia. Esta transformou-se em local de peregrinação, e a afluência de fiéis era tão grande que a catedral da época não a comportava.

Catedral de Colônia à noiteFoto: AP

Em 1248 o arcebispo Konrad von Hochstaden lançava a pedra fundamental do novo santuário. A planta era de Mestre Girard, trazido especialmente de Amiens, França. Inspirada em modelos franceses, a catedral foi projetada no estilo predominante na época, o gótico. Mas a moda passa, e em 1560 a construção foi interrompida, pois para os renascentistas o gótico estava totalmente ultrapassado, e faltava dinheiro à cidade.

A segunda fase teve que esperar quase 300 anos. Em 1794, com a ocupação da cidade por Napoleão Bonaparte, a casa de orações serviu até como depósito de armas. Mas em 1842, Frederico Guilherme 4º, rei da Prússia, ordenou a continuação das obras, sob a direção do arquiteto Ernst Friedrich Zwirner. Assim o soberano protestante angariava a simpatia da maioria católica de Colônia. A inauguração da "rainha das catedrais" realizou-se em 15 de outubro de 1880, 632 anos após o início da construção.

Tesouro de 6900 metros quadrados

Reis Magos, trazidos de Milão a Colônia em 1164Foto: Rudolf Barten/KölnTourismus

A catedral – ou Dom – é o principal cartão-postal de Colônia. Com 157 metros de altura, suas torres podem ser vistas de praticamente qualquer ponto da cidade, que tem um perfil plano. Somente o Portal de São Pedro, na face norte, ornamentado com estátuas dos 12 apóstolos, data do século 14; os demais arcos são do século 19. A porta principal mostra a passagem do Antigo ao Novo Testamento, de Adão e Eva até Jesus; a dos Reis Magos traz santos, reis, bispos e missionários; o portal da lateral sul é marcado pelo estilo neogótico.

Seu interior tem uma área de 6900 metros quadrados, divididos em cinco naves e sete capelas. Ele ostenta desde afrescos do século 14 a vitrais no estilo romântico. As duas naves principais, com 43 metros de altura, estão dispostas em forma de cruz. O coro, com 104 bancos de carvalho esculpido, é o maior da Alemanha. Aqui, a sensação de profundidade e altura é realçada pelas colunas lisas, formando arcos pontiagudos ao encontrar o teto. A iluminação diurna fica a cargo dos dez mil metros quadrados de janelas, parte das quais coberta com vitrais coloridos.

Fiéis oram na catedralFoto: AP

Observar "ao vivo" as imponentes proporções dessa catedral impressiona mesmo aqueles que a conhecem de fotografias. O ponto alto de uma visita a este monumento arquitetônico é o sarcófago dos Reis Magos, guardado numa redoma de vidro. A arca que abriga as relíquias foi concluída em 1181 pelo artesão francês Nicolas de Verdun. Trata-se de uma obra-prima em ouro, prata e esmalte.

Patrimônio ameaçado

Após sobreviver a duas guerras mundiais (e a 14 bombas na segunda), o Dom tem que ser continuamente restaurado. Os técnicos de uma oficina permanente experimentam, por exemplo, diversas maneiras de livrar sua superfície externa da pátina negra que a cobre há décadas.

Catedral de Colônia ameaçada pela especulação imobiliáriaFoto: dpa-Report

Não apenas por razões estéticas: a poluição atmosférica ameaça os mais de 50 tipos de pedra empregados em sua construção. Sobretudo o calcário e o arenito vêm sendo lentamente corroídos pela chuva ácida da região industrial.

No século 21, a Catedral de Colônia enfrenta uma nova ameaça: a cobiça dos especuladores imobiliários. Desde 1996 ela é Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecido pela Unesco, sendo uma das condições não se construírem prédios altos em suas proximidades.

AV/dw
Revisão: Alexandre Schossler

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