Coleção de arte de Bowie é leiloada por US$ 41 milhões
12 de novembro de 2016
Após dois dias, casa de leilões Sotheby's conclui a venda de objetos de arte e artigos de design pertencentes ao músico e colecionador David Bowie.
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Depois do primeiro dia de vendas em Londres, mais 300 objetos de arte e itens de design que pertenceram ao músico David Bowie foram vendidos pela casa de leilões Sotheby's nesta sexta-feira (11/11) em Londres.
Cinquenta e seis recordes foram quebrados ao longo do leilão de dois dias, que totalizou 41 milhões de dólares em vendas (cerca de 140 milhões de reais).
O leilão chamou a atenção tanto no espaço de vendas quanto online, depois que as obras puderam ser vistas em exposições organizadas em Nova York, Los Angeles, Hong Kong e Londres.
Mesmo antes de sua morte, a vida e a obra de David Bowie atraíram grande interesse. A exposição David Bowie Is (David Bowie é), aberta no Victoria and Albert Museum de Londres em 2013, foi vista por 1,5 milhão de pessoas, antes de circular por outras oito localidades ao redor do mundo.
Durante os dois dias de vendas em Londres, a trilha sonora de Ziggy Stardust tocou nas salas de leilão da Sotheby's. Os itens em leilão perfaziam cerca de 65% dos trabalhos adquiridos por Bowie nos anos 1990 e na década passada, de acordo com a Sotheby's.
As peças foram escolhidas pela família de Bowie entre a sua vasta coleção de mais de 200 trabalhos dos mais importantes artistas do século 20, incluindo Damien Hirst, Jean-Michel Basquiat, William Tillyer, Frank Auerbach, Harold Gilman, Peter Lanyon, Henry Moore e Graham Sutherland.
Em entrevista impressa no catálogo, Hirst recordou que um dia Bowie apareceu em seu ateliê num terno de grife: "Lembro-me de lhe ter dito para vir ao estúdio com roupas velhas, mas ele apareceu com um terno caro e novinho em folha; ele falou que não tinha nenhuma roupa velha."
Algumas das vendas superaram em muito o valor esperado pelas coleções de objetos de design do célebre músico, incluindo saleiros e pimenteiros.
Projetada como um "animal de estimação musical", uma vitrola Brionvega foi vendida por cerca de 1,1 milhão de reais.
Sobre uma parede do lado de fora da sala de leilão, havia uma citação de uma entrevista de Bowie em 1998, em que ele se referia a Marcel Duchamp, o artista francês considerado ao lado de Picasso e Matisse como uma das três pessoas que redefiniram o desenvolvimento revolucionário nas artes plásticas no início do século 20: "Às vezes, gostaria de me colocar no lugar de Matisse para sentir o que ele sentiu ao exibir estas coisas e dizer: 'Eu me pergunto se eles vão aceitar isso. Eu me pergunto o que vai acontecer amanhã de manhã.'"
CA/efe/afp
A carreira de David Bowie em imagens
Ídolo pop morreu neste domingo, 10 de janeiro, deixando para trás uma bem-sucedida carreira de mais de cinco décadas, com direito a uma série de alteregos e um belo último álbum.
Foto: picture alliance/dpa/V. Jannink
"Space Oddity"
David Robert Jones nasceu em 1947. Para evitar confusão com Davy Jones do The Monkees, ele escolheu o sobrenome Bowie, inspirado numa faca de caça. Seu primeiro hit, "Space Oddity", foi lançado em 1969, apenas cinco dias antes de Neil Armstrong se tornar o primeiro homem a pisar na Lua. A canção apresenta o fictício Major Tom, um personagem que voltaria a aparecer ao longo da carreira de Bowie.
Foto: Victoria and Albert Museum
Ziggy Stardust
Uma série de personagens se seguiria a Major Tom. O mais famoso e icônico deles, Ziggy Stardust, apareceu pela primeira vez em 1972. Ziggy era um alienígena andrógino e astro do rock, que servia de mensageiro para seres extraterrestres. Bowie dizia que tentava fazer "uma revolução de um homem só" com seu alterego. Muitas pessoas diriam que ele conseguiu.
Foto: picture-alliance/dpa/London Features
The Thin White Duke
Com o álbum "Station to Station", um novo personagem foi criada por Bowie em 1976, o chamado Thin White Duke. O cabelo vermelho, a maquiagem e os figurinos extravagantes foram substituídos por ternos elegantes. Mas apesar da aparência "normal", a personalidade de Bowie estava afetada pelas enormes quantidades de cocaína que o músico consumia na época.
Foto: Getty Images/Evening Standard
"O homem que caiu na Terra"
A ficção científica de 1976 sobre um alienígena que cai na Terra foi o primeiro filme estrelado por David Bowie. Graças à atuação do astro pop e à cenografia surrealista, o longa-metragem é cultuado até hoje. Bowie contou que se sentia tão alienado quanto o personagem que estava interpretando, devido ao uso de cocaína na época.
Foto: imago/United Archives
A Era Berlim
Para fugir de uma vida cercada de drogas em Los Angeles, David Bowie se mudou para Berlim Ocidental no fim de 1976. Morando em Schöneberg, bairro com uma grande comunidade turca, Bowie sentia que Berlim "era uma das poucas cidades em que eu podia circular anônimo. Eu estava quebrado, o custo de vida era barato. Por alguma razão, os berlinenses não estavam nem aí", disse ele à revista "Uncut".
Foto: Masayoshi Sukita/The David Bowie Archive
Ao lado de Iggy Pop
De 1976 a 1979, Bowie criou a "Trilogia de Berlim", três álbuns que incluem o influente disco "Low" (1977), coproduzido por Brian Eno e Tony Visconti. Esse álbum migrou das composições tradicionais de Bowie para um som experimental e vanguardista. Ao dividir um apartamento com Iggy Pop, Bowie colaborou nos discos "The Idiot" e "Lust for Life".
Foto: Getty Images/Evening Standard
Christiane F.
O filme alemão "Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída", de 1981, conta a história de uma adolescente viciada em drogas na decadente área da estação Zoo, em Berlim Ocidental. David Bowie aparece no filme, quando Christiane F. sai de casa escondida para ir a um show dele. A trilha sonora de Bowie impulsionou o sucesso internacional do filme.
Foto: picture-alliance/dpa/IFTN
"Labirinto – a magia do tempo"
Bowie também é lembrado por muitas crianças da década de 1980 pela fábula "Labirinto – a magia do tempo" (1986), filme no qual ele interpreta Jareth, o Rei dos Duendes. A maioria dos personagens do filme, dirigido por Jim Henson – criador dos Muppets – e produzido por George Lucas, são bonecos.
Foto: picture-alliance/dpa
"Let's Dance"
Para confundir os fãs de Ziggy Stardust, nos anos 80 Bowie apareceu com mais uma mudança radical de estilo, pegando carona na New Wave. Ele se uniu ao Queen para o famoso single "Under Pressure" em 1981, e seu maior hit comercial da década foi "Let's Dance", de 1983.
Foto: AP
"Where Are We Now?"
Bowie reinventou a si mesmo ao longo de toda sua carreira. Em 1995, por exemplo, ele se reuniu novamente com Brian Eno para o álbum conceitual "Outside", que voltou a focar em sua genialidade musical. Em 2013, em comemoração ao 66º aniversário, Bowie lançou o single "Where are we now?", no qual relembra seus anos de Berlim.
Foto: www.davidbowie.com
"Blackstar"
David Bowie celebrou seu aniversário de 69 anos no dia 8 de janeiro de 2016, com o lançamento de mais um álbum aclamado pela crítica: "Blackstar". Com a sua morte, dois dias mais tarde, o mundo ficou sabendo que Bowie passou os últimos 18 meses de sua vida lutando contra o câncer. "Blackstar" testemunha, uma última vez, a genialidade musical e a eterna reinvenção do astro pop.