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Coletivo mistura Banksy com Jacques Cousteau

Enrique Gili (sv)18 de dezembro de 2015

Mesmo em um mundo inundado de imagens, a arte ainda tem o poder de chamar atenção. Mas será que ela pode provocar mudanças sociais? O coletivo PangeaSeed acredita que sim.

Foto: PangeaSeed

Tre' Packard é o fundador de um coletivo conhecido como PangeaSeed – um grupo de artistas de rua, que mistura arte com preservação ambiental, na tentativa de gerar mudanças sociais. Algo que ele próprio descreve como "artivismo".

Estabelecida desde 2009 em Honolulu, a ONG recruta artistas dispostos a transformar muros vazios em uma experiência que se assemelha à de uma galeria de arte. "Queremos educar e inspirar todo mundo", diz Packard. Nos últimos três anos, membros do coletivo pintaram mais de 40 murais que exploram as conexões entre o ser humano, a natureza e a cultura.

A meta deste projeto, conhecido como Sea Walls (Murais Marítimos, em tradução livre), é levar a vida marinha para os espaços públicos ao redor do mundo, a fim de fazer as pessoas parem para refletir e alertar sobre os desastres ambientais relacionados aos oceanos, como os danos causados pelo plástico que flutua nos mares.

Packard costuma passar seu tempo fazendo o que ele descreve como "ativamento" de espaços públicos, a convite de ONGs, comunidades e grupos. "Construímos as obras de arte, as exibimos, e as pessoas interagem com ela", explica o artivista.

Mural tenta chamar atenção para temas ambientaisFoto: PangeaSeed

Os membros do PangeaSeed completaram o primeiro mural marítimo em 2014, na Ilha das Mulheres, no México. O coletivo foi convidado para pintar uma série de murais paralelamente a um festival anual, que celebra o valor dos tubarões-baleias para a comunidade pesqueira local. O Golfo do México abriga a maior concentração desta espécie no mundo. "Embora sejam os maiores peixes do oceano, eles ainda são um grande mistério", diz o artivista.

Pintar murais é uma prática cultural que remete a nossos ancestrais, que viviam em cavernas e recriavam imagens de animais. Eram animais que eles respeitavam e caçavam. Até hoje, 40 mil anos depois, na era de saturação de imagens na qual vivemos, representações da natureza podem comover muita gente.

À espera de uma mudança nos mares

O recém-fundado SeaLegacy, que não tem fins lucrativos, planeja também uma aproximação criativa com o tema conservação. Seus fundadores e fotógrafos veteranos do mundo marítimo, como Cristina Mittermeier e Paul Nicklen, pretendem contar histórias vistuais sobre o universo dos oceanos.

De acordo com Mittelmeier, os membros das equipes de conservação costumam relegar a comunicação ambiental a segundo plano. "A prioridade deles tem sido a conservação e os investimentos vão tradicionalmente para a ciência", diz a artivista. "Tem sido realmente difícil convencê-los a transferir parte de seus orçamentos para a comunicação", completa.

SeaLegacy: uso da fotografia para discutir questões ligadas aos oceanosFoto: Sea Legacy

A fim de retificar esse desequilíbrio, o SeaLegacy planeja levantar recursos para um fundo de expedições, que irá misturar belas imagens com metas de conservação marítima. "Vamos tentar colaborar com diversos grupos de conservação na província canadense Colúmbia Britânica, a fim de estabelecer uma rede de áreas marítimas protegidas por lá", relata Mittelmeier.

Em todo o mundo, o estabelecimento de áreas marítimas protegidas ou reservas marítimas ambientais, onde a pesca seja restrita ou proibida, reflete um impulso de proteger a fauna e vida marinhas. Isso diz respeito atualmente a aproximadamente 2% das vastas áreas oceânicas – um percentual considerado baixo pelo SeaLegacy, que defende um total de 20% de áreas marítimas protegidas até o ano de 2020.

É muita água para ser protegida em uma pequena janela de tempo, mas tanto o SeaLegacy quanto o PangeaSeed mantêm-se firmes em suas crenças de que o processo criativo pode servir com ponte entre o conhecimento (dando informação a quem tem poder de decisão) e a emoção (que serve como chamado para a ação concreta).

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