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Coloniano, o dialeto melódico

Jutta Wasserrab9 de agosto de 2016

O dialeto de Colônia não é só uma variante linguística, mas também um modo de vida. Apesar de ser quase tão difícil como uma língua estrangeira, muita gente tem interesse em aprender a tranquila cantilena dos renanos.

Deutschland Köln | Altstadt mit Dom
Foto: Marc Rasmus/imageBROKER/picture alliance

Quando criança, conta o professor Armin Foxius, ele e seus colegas de escola foram obrigados a exorcizar o Kölsch, dialeto de Colônia. Para essa geração, a escola representava uma defensora ferrenha do alemão padrão. Na rua, Kölsch; na sala de aula, alemão-padrão – assim era antigamente.

Hoje, algumas escolas em Colônia inclusive oferecem o dialeto em seu currículo e a Akademie för uns kölsche Sproch (Academia da nossa língua coloniana) oferece cursos e prêmios de incentivo. Armin Foxius, que dirige uma associação para propagação do Kölsch, ensina seu dialeto a adolescentes, entre os quais turcos, iranianos e alemães.

Só para cantores

O renano sabidamente não fala: canta. Por isso, um pressuposto para os alunos de Kölsch é dominar a melodia. Och, nä ("ah, não!") – exclama Foxius, soltando um "och" gutural e deixando o "ä" subir pela garganta. Foxius canta, as crianças imitam. Alguns falam perfeitamente. Os que começam do zero acham bem difícil aprender Kölsch, talvez tão complicado como uma língua estrangeira.

Volker Gröbe, da Akademie, também acha a aprendizagem difícil. Mas como ele não suporta ver o dialeto se diluindo e sendo contaminado pelo alemão padrão, resolveu dar aula de Kölsch para adultos uma vez por semana. "Kölsch é uma das línguas com mais vogais", explica ele. No alemão padrão, o "o" pode ser aberto e breve ou fechado e longo. Algo banal. Mas o dialeto de Colônia tem, além desses, um "o" longo e aberto e outro fechado e curto. No caso da palavrinha Jold, ou seja Gold ("ouro"), a pronúncia da vogal começa no "o" e termina no "u". "Litania renana", diz Gröbe, partindo para a gramática.

Uma liçãozinha básica de Kölsch deixa qualquer um zonzo. Se os alunos de alemão já acham difícil decorar a conjugação dos verbos – ich komme ("eu venho"), du kommst ("tu vens"), er kommt ("ele vem"), o que não diriam de aprender Kölsch, em que o verbo "vir", como muitos outros, se conjuga de uma forma bem pouco ortodoxa: ich kumme, do küss, hä kütt, mir kumme, ehr kutt, se kumme.

Mas em muitos outros casos, o alemão de Colônia faz tudo para simplificar as coisas, não só quando fala seu dialeto. Quanto às declinações, o Kölsch dispensa de bom grado o acusativo e reduz o genitivo ao dativo.

As peculiaridades do Kölsch

Ahl pode significar muitas coisas, dependendo do que vier na frente: dä Ahl ("o chefe", independente de idade), die Ahl ("a mulher"), mingen Ahl ("meu pai") ou ming Ahl ("minha mãe").

"Bützjen" são distribuídos aleatoriamente no Carnaval de ColôniaFoto: picture-alliance/dpa/O. Berg

Butz significa "beijo" e também é usado na forma diminutiva Bützje. Ao contrário do beijo do alemão padrão, o Bützje de Colônia tem fama de não ser nada erótico, sendo distribuído aos montes e sem nenhum pudor durante o carnaval.

dat, "isto, este, qual, que". Muitas vezes, esta expressão utilíssima confunde os leigos, por ser usada para quase tudo. Um bom exemplo é este diálogo sobre uma criança:

Darf dat dat? (Darf das [Kind] das? = "A criança pode fazer isso?")

Dat darf dat! (Das [Kind] darf das! = "Ela pode.")

Dat dat dat darf! (Dass dieses [Kind] das darf = "Como pode uma coisa dessas!").

O dat, em vez de das ("isto"), e o wat, em vez de was ("o que"), são marcas registradas do dialeto de Colônia.

O G no início da palavra é pronunciado como "i". Jit et quasi nit (Gibt es kaum = "Quase não tem"). Jeld, em vez de Geld ("dinheiro"); Jade , em vez de Garten ("jardim"), jot, em vez de gut ("bom").

Imi, Immi ou Imitat (imitador, imitação barata) significa, na verdade, apenas forasteiro, mas que – na visão de quem nasceu em Colônia – evidentemente está tentando passar por coloniano e, portanto, procurando imitá-lo. O termo já se propagou para além da cidade da famosa catedral.

Klüngel, Klöngel, nepotismo ou transação por baixo dos panos. A maracutaia tipicamente coloniana, notória em todo o país, é quase uma forma de desburocratização, na visão dos nativos. Evidentemente sempre em prol da coletividade. Como diz o humorista coloniano Heinrich Pachl, "Klüngel é a resolução de interesses públicos por vias privadas, enquanto corrupção – muito pelo contrário – é a proteção de interesses particulares por vias públicas."

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