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Comércio varejista briga pelos centavos

(rr)25 de agosto de 2004

As moedas de um e dois centavos logo poderão tornar-se desnecessárias na Alemanha. Finlândia e Holanda já adotaram a iniciativa e a Bélgica avalia fazer o mesmo. Mas o varejo alemão resiste duramente.

As indesejadas: moedas de um e dois centavosFoto: EZB

Cerca de 21 bilhões de moedas de um e dois centavos de euro circulam nos países da zona do euro – mais de um terço do total das moedas em circulação. Mas os altos custos de produção, o peso nas carteiras e o mal-estar dos preços quebrados destroem sua popularidade entre bancos e consumidores.

Depois da Finlândia, da Holanda e da Bélgica, o debate chega finalmente à Alemanha, estimulada principalmente por uma alta do preço do aço – pois, apesar de serem cobertas com cobre, as moedas possuem um núcleo de aço.

Tanto o Ministério das Finanças quanto o Bundesbank (Banco Central alemão) mostraram-se abertos à proposta, segundo um artigo do jornal alemão Handelsblatt. O Ministério das Finanças, de onde teria que partir uma tal inciativa, disse ao jornal que estaria "pronto para avaliar as circunstâncias caso haja um interesse sério". E o diretor do Setor de Meio Circulante do Banco Central, Wolfgang Söffner, avisa: "Podemos imaginar essa solução também para a Alemanha".

Dois euros são mais que 1,99

Mas a medida encontra dura resistência no comércio varejista, que costuma oferecer seus artigos com preços "quebrados", geralmente de um ou dois centavos abaixo do valor redondo. É o fator psicológico: 1,99 parece mais barato que 2 euros. Por isso, os varejistas são veementemente contra tal iniciativa, temendo uma nova histeria por parte dos consumidores. "Agora que a confiança começa a voltar depois do teuro, os consumidores não podem ser postos à prova de novo", defendeu-se Robert Weitz, diretor-geral da Federação Alemã do Comércio Varejista (HDE). Ele se refere a um trocadilho comum na Alemanha, do nome da moeda – euro – com a palavra teuer – caro –, para aludir à suposta alta dos preços após a introdução da nova moeda européia.

Segundo Weitz, a percepção do consumidor alemão é assimétrica: ele registraria muito mais um arredondamento para cima do que um para baixo. Além do mais, a estratégia de marketing do comércio alemão é mais orientada pelo preço do que em outros países: "Aqui, as empresas gostam de poder se apresentar como 'a que oferece preços baixos'. Arredondar não condiz com esta filosofia".

Escultura diante do Banco Central Europeu em FrankfurtFoto: AP

Mas nenhum país pode simplesmente abolir as moedas. Isso seria uma tarefa para o Banco Central Europeu. As moedas de um e dois centavos, portanto, permanecem por lei um meio de pagamento válido. O que sucede é que o arredondamento dos preços gera uma situação artificial, na qual tais moedas não são mais necessárias.

Outros países adotaram o projeto

A Finlândia foi o percursor da tendência – desde a introdução da moeda única em 2002, o país optou por arredondar os preços. Os finlandeses já estavam acostumados: eles já faziam o mesmo com o marco finlandês.

O segundo país a seguir o exemplo foi a Holanda, estimulada pela escassez das moedas menores no mercado. Após um teste no povoado de Woerden – no qual houve aprovação da maioria da população e de 95% dos 150 varejistas consultados, os holandeses planejam expandir o projeto para todo o país e esperam, com isso, poupar 30 milhões de euros ao ano, uma vez que os custos com cunhagem, contagem e transporte diminuem.

Recentemente, a Bélgica anunciou que também avaliará a possibilidade de adotar o projeto em seu território. Mas, na Alemanha, esse debate ainda dará muito pano para mangas.

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