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Com 1.188 mortes por covid-19, Brasil tem recorde diário

22 de maio de 2020

País já soma mais de 20 mil mortes e é o terceiro do mundo em número de casos, superando 310 mil infecções, sendo 18 mil em 24 horas. Bolsonaro volta a minimizar crise e diz que "pavor" da doença mata mais que o vírus.

Homens com roupa de proteção e máscaras transportam dois caixões em cima de um pequeno caminhão
O Amazonas já soma 1.620 óbitos em decorrência do novo coronavírusFoto: Imago Images/Fotoarena/S. Pereira

O Brasil voltou a bater recorde de mortes diárias por covid-19. De acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde na noite desta quinta-feira (21/05), foram 1.188 óbitos e 18.508 infecções em 24 horas. No total, o país registra 20.047 mortes e 310.087 casos confirmados.

Ainda segundo o ministério, 125.960 pessoas se recuperaram da doença, e 164.080 pacientes estão em acompanhamento médico. Em um intervalo de apenas 12 dias, o número de óbitos por covid-19 mais do que dobrou no país (eram 9.897 em 9 de maio).

O estado de São Paulo é o epicentro da pandemia no país, com 73.739 casos e 5.558 mortos, seguido pelo Rio de Janeiro, que soma 32.089 casos e 3.412 mortos.

O Brasil é o terceiro país do mundo com o maior número de casos e se aproxima da Rússia, que está na segunda posição, com 317.554 infecções e 3.099 mortes, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos continuam em primeiro lugar, com mais de 1,57 milhão de casos e 94.729 mortes.

Autoridades em saúde de todo o Brasil, no entanto, destacam que o número de casos e de mortes no país possivelmente é muito mais alto. Entre os dez países com mais casos confirmados da doença, o Brasil é o que, proporcionalmente, menos testa a população.

Na terça-feira, o Brasil ultrapassou, pela primeira vez, as mil mortes diárias, registrando 1.179 óbitos em 24 horas. O aumento no número de mortes e casos coincide com a ausência de um titular no Ministério da Saúde. O posto está vago desde a sexta-feira da semana passada, quando Nelson Teich pediu demissão após ficar menos de um mês no cargo. Desde então, o cargo vem sendo ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello.

Alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, que várias vezes negou a gravidade da crise, o Ministério da Saúde passou a dar ênfase ao número de recuperados ao divulgar os dados diários da doença, apenas citando o número de mortes e de novas infecções. Na página principal do site oficial do ministério, não há nenhuma menção aos óbitos, mas há destaque para o número de recuperados.

Bolsonaro volta a minimizar a crise

Em transmissão ao vivo pelo Facebook nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que o "pavor" em torno da pandemia de covid-19 mata mais do que o próprio coronavírus. "Morre muito mais gente de pavor, muitas vezes, do que do ato em si [referindo-se à covid-19]. O pavor também mata, leva ao estresse, leva ao cansaço, a pessoa não dorme direito, fica sempre preocupada", disse.

"A vida está aí. Nós vamos embora um dia. A gente lamenta mais uma vez a morte de todo o mundo. A única certeza é que vamos embora um dia. Mas temos que ter coragem de enfrentar. É como eu digo há 60 dias, [o coronavírus] é como uma chuva, você está aí fora, você vai se molhar. Ninguém contesta que cerca de 70% da população vai adquirir o vírus", acrescentou, mais uma vez minimizando a situação.

Também na transmissão, Bolsonaro voltou a afirmar que pode ter contraído o coronavírus sem ter percebido, apesar de ter entregado à Justiça três testes que realizou, usando pseudônimos, e que deram resultado negativo. "Eu não sei se eu adquiri. O avião que eu vim dos Estados Unidos tinha 32 vagas e 23 pessoas apanharam. Eu não peguei. Ou então, se eu peguei, eu não senti sintoma nenhum", declarou.

O presidente também disse que sabe "que a cloroquina não tem comprovação científica", mas defendeu mesmo assim o uso do medicamento, afirmando que há muitos relatos de médicos sobre pacientes que se curaram com a droga.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde divulgou um novo protocolo sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19, permitindo que os medicamentos sejam administrados também em casos leves da doença.

O próprio protocolo, publicado sem base científica e sem a assinatura de responsáveis médicos, ressalta que "não existe garantia de resultados positivos" e que os medicamentos podem até mesmo "agravar a condição clínica".

LE/lusa/ots

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