Com aprovação em declínio, Putin completa 20 anos no poder
Emily Sherwin ca
9 de agosto de 2019
Ao longo das duas décadas de Vladimir Putin no poder em Moscou, pesquisas mostravam que russos culpam o governo, não o presidente, por seus problemas. Desde a reforma da Previdência, essa situação parece estar mudando.
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Vladimir Putin iniciou seu mandato no topo da política russa em 9 de agosto de 1999, quando assumiu o cargo de primeiro-ministro. Na época, o homem que acabaria se tornando o sucessor de Boris Ieltsin era uma figura relativamente desconhecida.
Em seu quarto mandato como chefe de Estado russo (além de uma legislatura como primeiro-ministro), Putin foi visto durante muito tempo como politicamente intocável, também no tocante à opinião pública. "O czar é bom, a nobreza é que é ruim", diz um ditado russo frequentemente citado para explicar por que o índice de aprovação do chefe de Estado permanece consistentemente mais alto do que o de seu governo.
Até o próprio Putin tentou desmascarar esse mito de infalibilidade. "Existe esta eterna ideia russa de que o czar é bom e os senhores feudais são ruins. Mas posso dizer que, se algo não está indo bem, é culpa de todos", disse sobre a diferença salarial na Rússia, em sua coletiva anual de imprensa, em dezembro de 2018. Em seu mais recente programa de entrevistas, em junho último, ele também enfatizou sua responsabilidade pessoal pelas questões domésticas do país.
As declarações de Putin soam proféticas, já que as pesquisas mostram que sua popularidade pode não ser mais intocável. No final de seu segundo mandato em 2008, os índices de aprovação para o cargo de presidente eram 35 pontos percentuais mais altos do que para o governo. Agora, a diferença diminuiu para 23 pontos percentuais, de acordo com o instituto estatal de pesquisa de opinião VTSIOM.
Levantamentos do VTSIOM também mostram que o nível de confiança em Putin diminuiu recentemente para pouco mais de 30%, o menor índice desde que os registros se iniciaram em 2006.
Tradicionalmente, a popularidade de Putin tem sido associada à restauração do sentimento de orgulho nacional da Rússia. Ele chegou ao poder no fim dos anos 1990, uma década tumultuada para o país. Quando a União Soviética entrou em colapso, isso criou um enorme caos econômico e revolta social, despertando em muitos o sentimento de que haviam perdido sua identidade nacional.
Segundo Lev Gudkov, diretor da organização independente de pesquisas Centro Levada, o objetivo de Putin é "restaurar a imagem da Rússia como uma superpotência, pelo menos aos olhos dos russos, e recuperar a autoridade que tinha a União Soviética". Seus índices de aprovação alcançaram recorde absoluto após anexação da Crimeia em 2014, por exemplo. Embora condenada no Ocidente, essa medida era extremamente popular entre os russos.
No entanto, uma mudança de clima político dentro da Rússia implica que Putin não poderá mais se esquivar de suas responsabilidades domésticas, concentrando-se nos assuntos externos. Por um tempo, disse Gudkov, "o mecanismo de desviar a culpa pela situação interna funcionou. Mas assim que Putin assinou a lei de reforma da Previdência, ele assumiu a responsabilidade pela situação doméstica".
A reforma previdenciária da Rússia foi aprovada na Duma (Parlamento) no fim de setembro de 2018, e Putin sancionou a lei no início de outubro. A medida provocou protestos em todo o país.
Nos últimos meses, registraram-se outros reflexos da crescente insatisfação popular. Houve protestos contra planejados depósitos de lixo no norte da Rússia e na região de Moscou, assim como contra acusações de fraude eleitoral no pleito regional no extremo leste do país. Desde julho, os cidadãos estão indo às ruas para pressionar para que candidatos independentes possam se registrar para as próximas eleições parlamentares da cidade de Moscou.
Gudkov afirma que a diminuição da popularidade de Putin se deve a uma combinação de fatores. A estagnação econômica e a redução dos salários são a primeira questão, disse o diretor do Centro Levada. "O segundo fator é um crescente sentimento de injustiça, corrupção, uma sensação de que os altos escalões do poder estão roubando do povo."
"Há uma percepção da decadência moral do governo", explica Gudkov. "E qualquer esperança de que Putin possa abordar essa corrupção e comece a prestar mais atenção a uma política social que vise satisfazer as demandas populares está se dissolvendo."
O cientista político Aleksei Kurtov disse acreditar que a crescente responsabilização pública de Putin por esses "pontos de tensão" na sociedade russa se deve, em parte, ao fato de eles serem mais amplamente cobertos pela mídia.
Antes, "Putin podia decidir não reagir a certas questões ou atribuir a outra pessoa a responsabilidade por elas", explicou Kurtov. "Agora, porque há muitos temas de tensão e não há ninguém que possa ser responsabilizado por todos eles, a culpa por esses problemas é automaticamente transferida a Putin."
Valery Fyodorov, diretor do instituto de pesquisas VTSIOM, diz concordar que a principal causa da insatisfação pública é econômica, mencionando a assistência médica e o desejo por melhores salários. No entanto, argumenta que a queda na confiança em Putin não é significativa.
Ele também acredita que a divisão tradicional entre o presidente e o governo é uma simplificação. "Putin é o político número 1. Putin é responsável pelo país. Todo mundo sabe disso."
Fyodorov defende que a política de Putin já assumiu uma nova abordagem socioeconômica. Segundo o diretor do instituto estatal de pesquisas, os "Objetivos Nacionais" do presidente russo, sancionados logo após o início de seu último mandato em maio de 2018, prometem melhorar os padrões de vida e impulsionar a economia estagnada da Rússia.
"O povo é grato a Putin, o povo respeita Putin e o povo deposita sua esperança em Putin", afirma Fyodorov. "Estou falando da maioria da população. Claro, há gente insatisfeita com ele, querendo uma alternativa. Mas não são muitos."
Quanto ganha um deputado federal alemão? E a chanceler Angela Merkel e o presidente Steinmeier? Além do salário, parlamentares e autoridades governamentais alemães têm vários outros benefícios.
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Salário da chefe de governo
Além de um salário de 18,7 mil euros, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tem direito como membro do Parlamento à metade da "dieta" de um deputado federal, ou seja, 4,8 mil euros, como também a uma ajuda de custo livre de impostos de 3,3 mil euros e a outros benefícios. No total, sua remuneração chega a cerca de 28,8 mil euros mensais ou quase 345 mil euros (1,55 milhão de reais) anuais.
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Apartamento funcional
A chefe de governo também tem direito a uma residência completamente equipada. Na Chancelaria Federal (foto), no centro de Berlim, há um apartamento funcional no oitavo andar à sua disposição, mas Angela Merkel preferiu continuar vivendo em sua antiga moradia num prédio de quatro pavimentos onde mora com o esposo em frente à Ilha dos Museus, não muito longe do seu local de trabalho.
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Aviões governamentais
Um Airbus serve ao transporte aéreo da chanceler Angela Merkel e do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Depois que panes em antigos aviões da frota governamental de 14 aeronaves levaram Merkel a chegar atrasada ao G20 em Buenos Aires no final do ano passado, o governo em Berlim anunciou a compra de três novos A350-900. Planeja-se também uma aeronave reserva sempre à disposição.
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Stylist, guarda-costas e motorista
Obviamente Angela Merkel tem uma assessora que cuida de seu visual, como também uma chefe de gabinete que trata de sua agenda. Sua proteção é assegurada por uma equipe de 15 a 20 guarda-costas, que trabalham em turnos. O motorista da chefe de governo dirige um Audi A8 blindado. A frota da Chancelaria Federal abrange 20 carros, todos de marcas alemãs: Mercedes, BMW, Audi e Volkswagen.
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"Dieta" de deputados
Na Alemanha, os 709 parlamentares em Berlim não recebem oficialmente um salário, mas um subsídio também chamado de "dieta". Atualmente, ela corresponde a 9.780 euros, mas é corrigida anualmente em 1° de julho, conforme o aumento do custo de vida. Neste ano, a "dieta" dos deputados federais alemães ultrapassará os 10 mil euros. Esse aumento também afetará as pensões dos parlamentares.
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Aposentadoria parlamentar
A cada ano no Bundestag, um deputado alemão tem direito a 2,5% de sua remuneração para sua aposentadoria, ou seja, mais de 251 euros em 2019. A taxa máxima de 67,5%, a ser paga a partir de 67 anos de idade, é alcançada após 27 anos de trabalho parlamentar. Junto a "dieta" e pensão, os parlamentares em Berlim também têm outros benefícios.
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Ajuda de custo e viagens de trem
Além de sua remuneração, cada parlamentar alemão recebe mensalmente uma quantia de 4.418 euros, livre de impostos e corrigida a cada 1° de janeiro. Ele serve para cobrir os custos incorridos no contexto do mandato político, como acomodação e refeições. Despesas de viagens oficiais são ressarcidas, e cada deputado tem direito a viajar gratuitamente de primeira classe em trens na Alemanha.
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Parentes às próprias custas
Os parlamentares também têm direito a atuais 21.536 euros mensais para despesa com funcionários. O dinheiro é pago diretamente aos empregados. Se o parlamentar empregar algum familiar, ele vai ter que pagá-lo do seu próprio bolso. O Parlamento também possui um serviço de motoristas que funciona dentro da cidade de Berlim e que pode ser requisitado pelos deputados caso necessitem.
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Ajuda de reinserção
Os deputados também podem exercer atividades paralelas à sua função no Bundestag, como em conselhos de empresas. O ganho proveniente de tais atividades não é descontado de sua remuneração parlamentar. Para cada ano de mandato, o deputado tem direito ainda a uma chamada "ajuda transitória" para sua reinserção na antiga profissão equivalente a 9.541 euros mensais, pagos até 18 meses.
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Remuneração ministerial
Segundo a União dos Contribuintes da Alemanha (BdSt), os ministros alemães ganham pouco mais de 15 mil euros mensais, mais uma ajuda de custo. Há ainda uma quantia anual livre de impostos de cerca de 3,7 mil euros. Aqueles com mandato parlamentar (atualmente 10 de um total de 15 ministros) ainda recebem uma parcela de sua "dieta" que faz elevar seus salários a mais de 20 mil euros.
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Voos comerciais
Uma decisão tomada este ano em reação às panes com aviões governamentais estipula que, com exceção do ministro do Exterior, do ministro das Finanças e do ministro do Interior, os demais membros do gabinete deverão recorrer a aeronaves comerciais para seus compromissos oficiais no exterior. Mas todos os ministros têm direito a um carro oficial, que também pode servir para uso particular.
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Ajuda e pensão
Já após um dia no cargo, um ministro tem direito a quase 71 mil euros em ajuda transitória pós-mandato, que pode ascender a 213 mil euros dependendo do tempo que ficou na pasta. E quem foi ministro por ao menos dois anos pode esperar aposentadoria, que é de 28% do salário para quatro anos de mandato. A cada ano adicional, a pensão aumenta 2,4 % até um máximo de 11,3 mil euros.
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"O primeiro homem no Estado"
Na Alemanha, o presidente é o principal cargo estatal, não é à toa que ele é chamado de "o primeiro homem no Estado", mas sua função é, sobretudo, representativa. O chefe de Estado é antes de tudo uma autoridade moral e sua influência vai depender de sua personalidade. Segundo o escritório presidencial, ele recebe um salário de 236 mil euros anuais mais uma ajuda de custo anual de 78 mil euros.
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Casa, carro e avião
O presidente alemão vive em residência oficial, que hoje está abrigada na Villa Wurmbach no bairro berlinense de Dahlem após reforma do escritório presidencial no Palácio Bellevue (foto); é guiado em limusine blindada com a placa "0-1" e tem uso privilegiado da frota de aviões governamentais. Os benefícios a que têm direito após deixar o cargo foram, no entanto, revisados após recente polêmica.
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Cortes de benefícios
A crítica se dirigia em primeira linha ao ex- presidente Christian Wulff (foto), que renunciou em 2012 após somente 20 meses no cargo, recebendo "soldo honorário" de mais de 200 mil euros anuais. Além de cortes no pessoal do escritório dos ex-presidentes, a partir deste ano, a pensão presidencial vai passar a ser descontada de ganhos provenientes de qualquer atividade que exercer após o mandato.